Reforma para ajustar a disputa política ao candidato e à realidade

Enquanto ‘o bem-estar dos governados’ estiver em conexão direta com ‘o nível de rentabilidade’ dos sujeitos econômicos, haverá conflito de interesse na esfera do sistema de distribuição da riqueza de um País (economia), a ser administrado pela instância política responsável pela construção de decisões mediadoras.

Há, também, a partir do núcleo dos círculos concêntricos que delimitam os interesses de participação na distribuição da riqueza e do poder, níveis hierárquicos de rentabilidade, diferenciados tanto pela qualidade da fonte quanto pela quantidade do resultado de apropriação da riqueza e do correlativo poder, numa ordem inversa da compreensão e extensão.

Assim, uma minoria de meia dúzia de banqueiros define seu nível de qualidade de vida pela estonteante quantidade de juros que caem por segundos em seu bolso, influenciando, no mundo inteiro, escolhas políticas, econômicas e socioculturais, desde o núcleo central do sistema capitalista. Algumas centenas de megaempresários que praticam decisões desde o núcleo duro de transnacionais e multinacionais, compõe o conjunto de semideuses que, conjuntamente com os deuses banqueiros, formam a nova reunião no Olimpo, de onde emana – para os arautos midiáticos – as diretivas dos mercados no exercício da pretensão de governar o Mundo. 

No dicionário destes mercados não existe a palavra Estado e a ideia de ‘nacionalidade’ ou de ‘Pátria’ é uma fantasia rasgada, usada em outros antigos carnavais. Seus antigos guardiões assumiram papel simbólico (faz de conta) na esfera de expectativas de conflito externo e, internamente, serve à expectativa de redução dos riscos causados pela injusta distribuição da riqueza e do poder. Amplia-se, por aí, a possibilidade do controle político interno necessário à hegemonia de banqueiros (juros) e empresários (lucros). Por isso que, se houver combate frontal ao financiamento de campanhas eleitorais dos mediadores do mercado (acesso privilegiado ao poder), esse financiamento será feito por meios adequados à especialização dos mercadores: por baixo do pano! Invisivelmente!

Reforma verdadeira, bem pensada, vai tomar como ponto de partida a questão estrutural do custo da eleição: saiu do palanque artesanal (proibidos os shows que atraíam e tiravam o povo de dentro de casa) para a telinha da TV e para os outdoors. Ou seja, para o controle da mídia e dos marqueteiros! Virou caso de “Licitação”, tamanho o custo e o monopólio do novo negócio. Hora de revogar as representações mediadoras. O candidato tem que ir para o palco, tem que assumir compromisso direto com o povo. Nas ruas, que é onde se manifesta a vida dos poderes.

É essa uma pequena amostra do sistema que está construído para minimizar o poder de decisão do Estado e de suas ‘autoridades’. Esse sistema é responsável pelos níveis absurdos de desigualdade social no Brasil. Desigualdade que melhor poderá ser compreendida, se apontarmos a sua essência: desigualdade na distribuição da riqueza econômico e também do poder político.

Na esfera maior e mais larga dos círculos distributivos, está a imensa maioria da população do Brasil e do mundo: aqueles cujo nível de vida é determinado pela única fonte de renda que não está sob o controle livre daquele que a percebe – o trabalhador assalariado! O salário é renda que os mercados decidem como e quanto distribuir. Trabalhador, por isso, só não morre de fome porque o Estado, ‘centralizador’ e ‘autoritário’, inventa de proteger essa massa deferindo-lhe direitos. Direito a salário mínimo, a férias, a licença… uma afronta ao poder do empresário de determinar a qualidade de vida do seu empregado!

Todo programa neoliberal postula: Estado mínimo e desmoralizado, para que sua lei se torne letra morta. Sem leis, a anomia favorecerá uma maior concentração de renda e de poder nas mãos dos empresários. Todas as contas – resultantes de erros cometidos por incompetência ou por ausência de limite à ganância – serão pagas pelo montante da folha de pagamento. Recairá, portanto, no lombo do trabalhador assalariado, repercutindo na rentabilidade de todos os empresários e profissionais liberais que constroem riqueza (honorários) a partir da enorme base de distribuição de salários. Todos os que, para sobreviver com dignidade, dependem de um digno salário a ser pago ao trabalhador.

É esse critério de diferenciação que distingue nível de vida e de bem estar a partir da fonte de renda em conexão com a concentração de poder, que deve levar o cidadão à maturidade política que possibilita a compreensão da trama da vida, tal como organizada no sistema econômico hegemônico vigente, e, daí, a se posicionar diante dos modelos que estão em luta neste quadrante da história – o neoliberalismo (PSDB, PPS, DEM e outros) versus a socialdemocracia e o trabalhismo (PT, PCdB, PDT, PSB, etc). 

Comunismo é uma utopia que morreu de tanto tomar chá de realidade. A grande luta política, econômica e social deste momento da humanidade se dá dentro dos marcos do capitalismo e, a saída que interessa a todos, passa por consensos e não transitará pelos totalitarismos. Uns estão assumindo posição nesta luta com consciência e determinação; outros, por modismo; e outros ainda, por mero preconceito ou efeito manada!

Redação

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