Renato Feder, provável novo Ministro, fez fortuna em parceria com a China

Uma das formas de atuação da Microsoft consiste em fechar acordos guarda-chuva com os órgãos de educação. Feder levou o modelo para o Paraná

Sua família é da Elgin, tradicional fábrica de máquina de costura. Aceitou o convite do amigo Alexandre Ostrowiecki para se tornar sócio sem capital. E ajudou a transformar a empresa em uma potência, graças à China.

Desde o aparecimento dos notebooks, nasceu uma espécie de mercado secundário de equipamentos. Os fabricantes contratavam fornecedores para a montagem dos equipamentos. Esses fabricantes vendiam clones do original, sem marca, para distribuidores de outros países, que colocavam suas próprias marcas.

Foi o que a Multilaser fez com a China. Ostrowiecki aprendeu o mandarim, foi para a China e se tornou “fabricante” de inúmeros produtos da China.

Feder entrou para a área pública quando percebeu o potencial da educação à distância. Já na década passada, o PSDB inaugurou o mercado com empresas controladas por pedagogas ligadas ao partido.

Feder assumiu cargo no governo João Dória Jr defendendo o modelo e em parceria com a IP.TV de aulas online e a Microsoft.

Aliás, uma boa dica para o Ministério Público são as formas das empresas de software financiarem campanhas eleitorais. No caso da TBA, de Cristina Bonner, ela fazia as doações. Depois, a Microsoft ressarcia através de descontos nas licenças de uso.

A Multilaser tem histórico de militância. No jogo de abertura da Copa do Mundo, distrbuiu 20 mil cartazes para os torcedores com um recado:  “Na hora do Hino Nacional abra este cartaz e mostre para todos que está na hora do Brasil vencer de verdade.” Os cartazes exibiam a estrela do PT e as mensagens: “Fora incomPTtentes” ou “Fora corruPTos”.

Foi grande contribuinte da campanha de Doria. Depois, assumiu a Secretaria de Educação do Paraná, mesmo sem ter nenhuma experiência em pedagogia.

Levou para lá tanto a IP.TV quanto a Microsoft.

Em 2018, a IP.TV criou a TV Bolsonaro, que funciona através de um aplicativo, o Mano. Havia transmissões ininterruptas de Bolsonaro, 24 horas por dia.

Até o início da pandemia, era uma empresa pequena, com capital de R$ 10 mil. Com a pandemia, a IP.TV entrou em quatro estados: além do Paraná, São Paulo, Pará e Amazonas, com a brecha aberta pelos contratos de emergência.

Antes mesmo da pandemia, a empresas assinou um contrato com a RIC Record TV, para transmitir os três canais da Aula Paraná na TV Aberta.

O segundo grupo levado por Feder foi a Microsoft.

Conforme já relatei, uma das formas de atuação da Microsoft consiste em fechar acordos guarda-chuva com os órgãos de educação. Foi assim na gestão Paulo Renato de Souza, para legalizar as cópias de Office nas universidades federais. Depois, com Maria Helena Guimarães, na Secretaria de Educação de Sâo Paulo, para colocar o Office em notebooks vendidos a professores.

Feder levou o modelo para o Paraná.

Segundo a Gazeta do Povo “em agosto (de 2019), uma parceria com a Microsoft, inédita no país, trouxe o PowerBI, ferramenta de inteligência de negócios (Bussiness Inteligence, na sigla em inglês), para a gestão escolar. “Essa é provavelmente a melhor ferramenta do mundo, que dará aos gestores informações de presença, notas, conteúdos, ações, como os professores estão indo, qual matéria está sendo dada, quais aulas aconteceram”, disse Feder na cerimônia de assinatura do acordo.”

Hoje em dia, no mercado há pleno domínio de linguagens abertas, como o R e o Python, com desenvolvedores disponíveis em abundância. O Power Bi é utilizado geralmente por pessoas físicas, que já utilizam o Excel.

Feder optou pelo Power Bi e se tornou seu propagandista, a ponto desse exagero de transformá-lo na “melhor ferramenta do mundo”.

Ao mesmo tempo, liberou para as escolas a plataforma Office 365, da Microsoft, em nuvem.

Ativo para comprar tecnologia, no campo pedagógico Feder foi um desastre. Foi acusado de manipular o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) selecionando alunos que fariam as provas.

Contingenciamento de verbas, suspensão do repasse para pagamento de bolsas de residência e uma Lei Geral das Universidades provocaram conflitos com as reitorias das sete universidades estaduais.

Recentemente, Feder anunciou a implantação de reconhecimento facial em todas as escolas do estado e a contratação de militares aposentados para cada uma delas.

Luis Nassif

9 Comentários

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  1. Deve ser parente do Bruno Feder, cuja família tinha uma fabrica que maquiava eletrônicos e linha branca, esqueci o nome, que poderiam receber o apelido de Desmancha sem usar.
    Tive um rádio cassete que quebrou uma peça na primeira vez que usei, na garantia a assstência tecnica me disse que não tinha a peça disponível no Brasil nem estava na lista para importação.

  2. A Multilaser em seu início vendia acessórios baratos de informática. Mouses, caixinhas para disquetes e outros apetrechos plásticos de baixo valor. Com o passar do tempo viram que dá mais dinheiro na área se trabalhar para governantes

  3. Nassif, apenas uma correção. No Paraná as Universidades Estaduais estão sob a direção da SETI – Superintendência de Ciência e Tecnologia. A LGU é algo que vem do governo e está em discussão por essa Superintendência e não da Secretaria de Educação. É uma discussão complexa no Estado e certamente Feder estaria do lado dos que pretendem uma LGU mais draconiana.

  4. Vai assumir o MEC um anti-petista da Multilaser (os anti-petistas são os maiores responsáveis pela derrota do Brasil na guerra híbrida) ligado à Microsoft. Abrirá o mercado da Educação ao software proprietário, em detrimento ao software livre e gratuito. O dinheiro público brasileiro da Educação vai para os EUA. Vai feder.

  5. “no campo pedagógico Feder foi um desastre. Foi acusado de manipular o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) seleionando alunos que fariam as probvas”.
    Tem as qualidades necessarias para integrar o governo Bolsonaro.

  6. Bom saber. Eu não comprava muito Multilaser pela baixa qualidade, mas assumia as vezes o risco, por ser brasileira. Agora não mais. Que morra falida.

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