Roda Viva: Ciro promete taxação sobre heranças e reforma na educação, mas tangencia assuntos de gênero

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O pré-candidato do PDT Ciro Gomes reafirmou, durante entrevista ao Roda Viva, que o “núcleo forte” sonhado para o seu possível governo envolve PSB e PCdoB, sendo que a aliança com este último, se houver, será a partir do segundo turno. Quanto ao PT, Ciro também voltou a dizer que lamenta pela “natureza” da legenda, que tenta manter uma “hegemonia” à esquerda e não abre mão de lançar um nome ao Planalto, mesmo sabendo que seu principal ativo, Lula, ainda que líder isolado nas pesquisas, está preso e provavelmente não será habilitado para fazer campanha.
 
Ciro disse que não haverá união entre PDT e PT no primeiro turno e que isso é “lamentável e produz risco grave” para o País, porque o vacilo da esquerda e centro-esquerda pode levar ao poder um candidato de direita como Jair Bolsonaro. Além disso, ele disse que só tem 2 interessados nesse distanciamento entre as duas legendas no primeiro turno: a direita e os “burocratas” do PT, que “não estão nem aí pro Lula, só querem eleger deputado.”
 
GREVE DOS CAMINHONEIROS/CRISE DOS COMBUSTÍVEIS
 
Ciro abriu o programa Roda Viva comentando a greve dos caminhoneiros em função do aumento sucessivo no preço dos combustíveis.
 
O presidenciável disse que não é o caso de voltar ao que era praticado na gestão Dilma Rousseff, mas apontou que é preciso mudar a atual política de preços da Petrobras, introduzida com o golpe de 2016 e a ascensão de Pedro Parente ao comando da estatal.
 
“O governo brasileiro impôs à sociedade nacional uma política de preços na Petrobras absolutamente fraudulenta. Essa política desconsidera o custo do barril de petróleo do Brasil e passa a cobrar como se o barril brasileiro, que custa ao redor de 17 dólares, fosse o custo do barril negociado no mercado especutalitivo do estrangeiro, que está perto de 90 dólares”, explicou.
 
Ciro disse que a Petrobras precisa “praticar uma matriz de custo transparente, ou seja, dizer quanto custa fabricar o litro de gasolina, mais a remuneração do investimento, mais depreciação, mais o lucro em linha com os competidores equivalente do estrangeiro.”
 
“Isso significa que o óleo diesel poderia estar custando hoje no máximo R$ 3 se agente praticasse esse custo. Essa é a fraude. Para atender interesses estrangeiros, o que Parente faz é deixar 1/3 da capacidade de produção de gasolina, diesel e lubrificantes do Brasil ociosa para abrir espaço para que grande competidores brasileiros comprem gasolina lá fora, se aproveitando a peculiaridade da Petrobras, que é de deter o monopólio. Portanto, o importador de gasolina pode empurrar esse preço absurdo, criminoso, sem contestação do verdadeiro mercado que seria concorrencial.”
 
“Evidentemente, o Brasil não teria que cair no mercado concorrencial porque temos uma companhia estatal que tem padrão de eficiência e de custos importantes em comparação com o mundo, e pode e deve transferir essa eficiência para o interesse público brasileiro”, ponderou.
 
Ele finalizou dizendo que pede “publicamente a demissão desse entreguista e apátrida do Pedro Parente”, mas, sobre Temer, ponderou que “é trincar os dentes e segurar até a eleição”, porque não tem como afastar ele agora sem fazer estragos maiores.
 
Na economia, Ciro defendeu um debate sobre redução de despesas – mas sem afetar setores sensíveis, como educação, segurança e saúde – e propostas “ousadas”, como cobrança de imposto sob heranças e lucros e dividendos. 
 
MULHERES E CÁRCERE
 
Questionado sobre se há espaço para políticas de combate à violência contra a mulher em seu possível governo, Ciro disse que está estudando a questão e citou dados alarmantes dos crimes praticados contra o gênero no Ceará, onde muitas das vítimas estavam envolvidas com o tráfico de drogas.
 
Quando a pauta de gênero tocou em outro assunto delicado, como o aborto, Ciro saiu pela tangente. Disse que não é “candidato a guru de costumes” e que, no passado, por “fidelidade às convicções”, acabou se posicionando sobre alguns assuntos e isso acabou afetando seu desempenho nas urnas. Por conta disso, agora, ele promete apenas ser um “chefe de governo” que estimulará o debate em torno das pautas necessárias e a “tolerância e respeito à diversidade”.
 
Ele disse que, pessoalmente, considera o aborto uma “tragédia” em vários aspectos e acrescentou que não vê “sentido em colocar mais o peso do Estado em cima dessa tragédia”, dando a entender que não é a favor da criminalização da interrupção da gravidez.
 
O pedetista também puxou uma discussão sobre o sistema que leva ao cárcere milhares de jovens, em sua maioria negros, por porte de pouca quantidade de drogas. Ele disse que não vê um modelo internacional pronto para ser copiado mas que está trabalhando numa proposta para reverter esse cenário.
 
EDUCAÇÃO
 
Na educação, Ciro disse que pretende atuar em duas frentes: primeiro, mudando o “padrão de ensino”. Ele disse que os alunos mais pobres estudam na base da “decoreba” e não se aprofundam em nada. A outra frente é debater o financiamento na educação, avaliando que o País avançou bastante, desde FHC, com o Fundeb e o Fundef. Mas ressaltou que, nos próximos anos, deverá existir um boom na demanda por ensino médio e o Estado tem que estar preparado não só para acolher os jovens, mas também para “redesenhar” o sistema. 
 
O candidato ainda apontou que é preciso priorizar mais o ensino infantil. “Hoje parece ser verdade que a capacidade mental de uma pessoa se forma dos 1 a 3 anos. Precisamos dar essa creche até para que a mãe saia para trabalhar sem deixar a criança descuidada”, comentou.
 
Assista a entrevista completa aqui.
 
https://www.youtube.com/watch?v=UwHGTQ4twqk
 
 
 
 
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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