Rumo à maior queda do Ibovespa em mais de 20 anos

“Nesse cenário, a tendência é que o mercado adote postura conservadora e se feche”, diz analista

Por Paula Arend Laier

Na Reuters

Ibovespa ruma para maior queda em mais de 20 anos; Petrobras já perde cerca de R$95 bi

O Ibovespa renovava mínimas na tarde desta segunda-feira, com as ações da Petrobras ampliando as perdas para mais de 30%, após decisões da Arábia Saudita derrubarem os preços do petróleo e adicionarem incertezas a um mercado financeiro já melindrado por preocupações com os reflexos do coronavírus na economia global.

Às 16:47, o Ibovespa caía 12,31%, a 85.928,80 pontos, tendo chegado a 85.879,64 pontos na mínima da sessão até o momento, menor patamar intradia desde o final de dezembro de 2018 e caminhando para a maior queda percentual diária desde setembro de 1998, ano marcado pela crise financeira russa. O volume financeiro era expressivo e superava 38 bilhões de reais.

Por volta de 10:30, a bolsa acionou o circuit breaker, quando o Ibovespa tocou 88.178,33 pontos, uma queda de 10,25%. Os negócios foram paralisados por 30 minutos. O mecanismo será disparado novamente se o Ibovespa cair 15%.

A última vez que o circuit breaker foi acionado foi em 18 de maio de 2017, no que ficou conhecido no mercado como “Joesley Day”, após vir a público gravação de conversa entre o então presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista e sua delação relacionada a atos de corrupção envolvendo políticos.

As ações da Petrobras aceleravam as perdas, com as preferenciais caindo 32,2%, a 15,45 reais, sendo que na mínima chegaram a 15,41 reais, enquanto os papéis ordinários recuavam 31,5%, a 16,50 reais, tendo chegado a 16,44 reais no pior momento.

Tal desempenho representava uma perda de cerca de 95 bilhões de reais no valor de mercado da Petrobras nesta sessão. O ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, descartou nesta segunda-feira medidas emergenciais a serem tomadas pelo governo diante da forte queda do petróleo.

“Ainda estamos passando por um momento perigoso, com extrema volatilidade”, chamou a atenção a equipe do BTG Pactual.

O petróleo Brent fechou em queda de 24,1%, a 34,36 dólares o barril, após a Arábia Saudita ter sinalizado que elevará a produção para ganhar participação no mercado, bem como cortado preços oficiais de venda de petróleo. Na mínima, o Brent caiu 30%, o maior recuo diário desde a Guerra do Golfo, em 1991.

A guerra aberta pela Arábia Saudita no front da produção de petróleo contra a Rússia chegou em um momento no qual o mercado ainda se mostrava fragilizado pela rápida disseminação da epidemia do novo coronavírus além da China e promovendo fortes ajustes poucas semanas após renovarem máximas.

O recorde histórico do Ibovespa para fechamento foi registrado em 23 de janeiro deste ano, a 119.527,63 pontos.

“Nesse cenário, a tendência é que o mercado adote postura conservadora e se feche”, afirmou o presidente da corretora BGC Liquidez, Erminio Lucci, alertando que não há solução fácil, mas que os governos devem estudar medidas de estímulo econômico, principalmente fiscal e via compra direta de ativos.

Redação

1 Comentário

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  1. Nassif e amigos, apesar do esperado “despencar” dos valores das ações nas bolsas brasileiras, por N razões, e agora, principalmente, com esta inesperada abrúpta baixa do preço do barril do petróleo, e pelo medo que o coronavírus causa aos investidores, esta pêrda de confiança e a consequente retirada destes valores muitíssimo acima do normal, é um perigo iminente, de destroçar a nossa tênue estabilidade financeira, ou a exemplo de 2017, temos os conceitos econômicos para acalmar esta tempestade, que do ponto de vista do Paulo Guedes, é uma marolinha contornável, pois esperada ?

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