Santos Cruz confirma o óbvio: Bolsonaro se afastou do combate à corrupção

Ex-ministro também criticou política externa do governo, e foi claro em afirmar que não se filiaria a partido do presidente

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil – Fotospublicas.com

Jornal GGN – General de reserva e ex-ministro da Secretaria de Governo, Carlos Alberto dos Santos Cruz mostrou-se claramente insatisfeito com o governo Jair Bolsonaro e fez críticas incisivas à mudança de andamento do mandato e à forte carga ideológica de algumas pastas. Ou seja, deixou claro aquilo que já era perceptível desde o começo do mandato.

Em entrevista à BBC Brasil, Santos Cruz falou da mudança de discurso de Bolsonaro entre a eleição e a posse. Uma das mudanças vistas no discurso do presidente foi com relação a reeleição. “Ele dizia que não iria continuar com a reeleição etc, com quatro meses estava aberta a campanha de reeleição”.

O desvio de rota no combate à corrupção também foi abordado pelo ex-ministro. “Outra coisa: o combate à corrupção, que foi o carro-chefe, digamos assim, junto com o antipetismo, o combate à corrupção não ficou tão caracterizado e acho até que em alguns pontos se afastou, se afastou disso aí. E isso aí eu acho que trouxe desilusão para muita gente”, disse Santos Cruz. “A parte política, o destaque acho que ficou para o Congresso que trabalhou. O Congresso foi a grande estrela da política nesse ano”.

Hoje em dia, Santos Cruz voltou a atuar junto à ONU (Organização das Nações Unidas) – tachada de “globalista” pelo governo Bolsonaro – e mantém uma movimentada agenda de viagens pelo Brasil e pelo exterior. Ele também goza de prestígio internacional depois de liderar mais de 23 mil capacetes azuis na República Democrática do Congo entre 2013 e 2015, naquela que é considerada uma das maiores missões de paz já feitas.

Por ter trânsito internacional, ele também avaliou a política externa brasileira, e foi abertamente crítico à carga ideológica que têm causado surpresa entre atores internacionais. “Desde o discurso de posse do ministro das Relações Exteriores (Ernesto Araújo), quase transformando a Bíblia num plano de governo, e outras como a parte de mudar nossa embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, a maneira como se aproximou dos Estados Unidos. (Quero dizer,) Não se aproximou, porque nós somos próximos dos Estados Unidos, mas a maneira como mostrou essa prioridade sem nenhum cuidado”, afirmou.

O ex-ministro falou ainda das declarações favoráveis à ditadura feitas pelo presidente, seus filhos e ministros do governo, em especial às declarações do deputado Eduardo Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a possibilidade de um novo AI-5 (Ato Institucional nº5, que deu mais poderes ao governo militar). Para o ex-ministro, foi o tipo da declaração desconectada da realidade.

“O que acontece? Você está comparando a situação atual com 1968, cinquenta anos atrás. No mínimo, você está desatualizado. Se você tiver que (lidar com extremismos, pode) endurecer às vezes uma legislação, o Judiciário (pode) endurecer uma conduta no período de crise, o governo (pode) solicitar ao Congresso alguma coisa, nós estamos vivendo outra época”, afirma o militar. “Não dá nem pra comparar com aquela época, são 50 anos de diferença. Então, acho esse tipo de manifestação completamente deslocada no tempo, infeliz, falta de noção de momento”.

O militar da reserva também pensa em se filiar a um partido político e disputar eleição no futuro – porém, ele foi muito claro em afirmar que não vai se filiar ao Aliança do Brasil, partido fundado por Jair Bolsonaro. “Eu não entraria em um partido hoje do presidente Bolsonaro de jeito nenhum. Ele tem valores que não coincidem com os meus; ele tem atitudes que eu acho que não têm cabimento”.

Redação

6 Comentários

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  1. “Outra coisa: o combate à corrupção, que foi o carro-chefe…” afirma o general.
    Discordo!
    O carro-chefe deste grupo sempre foi a mentira e a dissimulação. E continua sendo!

  2. Com essa fala o general também confirma o que sempre achei dele: é um hipócrita, imbecil, tosco, ignorante e despreparado.
    Não admira que esse exército de m**** tenha chegado onde chegou. Com gente tão obtusa, boçal, covarde e simplória não poderia ser diferente.

  3. Mas general, foram vcs uns dos maiores responsáveis por colocar este rapaz na presidência. Vcs o conheciam. Vcs o avalizaram. Foram vcs que foram incapazes de impedir que ele fizesse tanta asneira de consequência tão nefastas ao país e a própria FAs.
    Não chore, assumam o gigantesco erro e tomem providências para que o país volte à democracia.
    Mas a falha de vcs foi absoluta. De consequência destruidoras.

  4. Mas general, foram vcs uns dos maiores responsáveis por colocar este rapaz na presidência. Vcs o conheciam. Vcs o avalizaram. Foram vcs que foram incapazes de impedir que ele fizesse tanta asneira de consequência tão nefastas ao país e a própria FAs.
    Não chore, assumam o gigantesco erro e tomem providências para que o país volte à democracia.
    Mas a falha de vcs foi absoluta. De consequência destruidoras.

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