São Paulo, uma potencia do século XXI semelhante à Colônia do século XVIII

O Estado de São Paulo apresenta uma elevada taxa de homicídios nos últimos anos. Abaixo uma tabela efetuada com base em dados oficiais:

ano      homicídios *

2015    2409

2014    4667

2013    4824

http://www.ssp.sp.gov.br/novaestatistica/mapas.aspx

* total de homicídios + roubos seguidos de morte

A estatística oficial de homicídios não leva em consideração os roubos seguidos de morte http://www.redebrasilatual.com.br/cidades/2011/10/estatistica-de-homicidios-em-sp-despreza-mortes-decorrentes-de-roubos . O Estado, governado por tucanos há duas décadas, oscila entre omitir os dados dos homicídios resolvidos http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI2892419-EI5030,00-SSP+omite+quantos+homicidios+sao+resolvidos+em+SP.html e admitir sua incompetência para resolver mais da metade das mortes violentas http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/sp/sao+paulo+nao+esclarece+a+maioria+dos+crimes/n1238184753649.html. O percentual de homicídios resolvidos que caiu para menos de 1/5 dos casos em 2012 http://g1.globo.com/profissao-reporter/noticia/2013/11/apenas-163-dos-homicidios-do-ano-passado-foram-solucionados-em-sp.html.

A PM de São Paulo é uma das mais letais do Brasil, sua letalidade já chegou a ser maior que todas as polícias dos EUA juntas  http://www.ibccrim.org.br/noticia/13905-Em-cinco-anos,-PM-de-Sao-Paulo-mata-mais-que-todas-as-policias-dos-EUA-. O sangue que escorreu nas escadarias da Catedral da Sé continuará escorrendo pelas ruas, praças e becos das cidades paulistas. Muito pouco pode ser feito. Afinal, em São Paulo a cultura da letalidade policial tem representantes políticos (como o Coronel Telhada) e é um dos pilares do governo Alckmin.

Gostaria agora de resgatar uma notícia antiga para fazer algumas considerações.

“Mais importante que as guerras para reduzir os índios foi, porém, a que teve lugar nos sertões do rio de São Francisco, e que começada em 1787, não havia terminado dez anos depois. Teve princípio essa guerra de assolação, com assassinatos de algumas pessoas importantes da Corunhanha, perpetrados, segundo todos os indícios, por indivíduos da própria família, cobiçosos a princípio de suas pingues heranças, ou depois por vinganças e represálias suscessivas, como ainda hoje se vê suceder em muitos países pouco povoados, onde não existem organizadas tropas, principalmente de cavalaria, que, submetendo os levantados, façam respeitar o julgado, segundo as fórmulas do foro e a ordem dos recursos. – Cada bando destes capangas atraía a si, por paga ou promessa dela, a gente adventícia disseminada pelo sertão, e principalmente os Garimpeiros, nome com que passaram a ser denominados estes provocadores de desordens, parte dos quais, de que era chefe temível um João Nunes Giraldes, se alcunharam Vira-saias, nome que por certo não lisonjeia o pudor. Tudo era terror e morte: em dez anos se perpetraram na comarca de Jacobina cento e oitenta e quatro assassinatos; e só foram julgados com culpa dezessete criminosos: nem podia ser de outro modo em uma época onde, não a religião e a moral, mas sim o interesse era o estímulo das principais ações da maior parte dos habitantes…” (História Geral do Brasil, Francisco Adolfo de Varnhagen, tomo quatro, edições Melhoramentos, São Paulo, 1952, p. 286/287)

Se julgarmos corretos os dados coletados por Varnhagen, apenas 9,23% dos homicídios ocorridos em Jacobina em 10 anos foram resolvidos em fins do século XVIII. Os índios mortos nas guerras referidas no início do parágrafo não foram evidentemente levados em conta.

São Paulo se orgulha de ser o Estado mais desenvolvido do país. O website do Estado não economiza elogios à auto-proclamada potência chamada São Paulo http://www.saopaulo.sp.gov.br/conhecasp/principal_conheca.  Potência ou não, o fato é que em pleno século XXI as autoridades policiais e judiciárias paulistas conseguem investigar e resolver apenas uma pequena parcela dos homicídios ocorridos no Estado. Sua eficiência é semelhante à das autoridades coloniais responsáveis por fazer o mesmo nos sertões do São Francisco em fins do século XVIII. Em se tratando de um Estado governado por um partido arrogante e incompetente isto deve ser considerado um cumprimento. Poderia ser pior e, sendo eu um paulista mais ou menos informado, creio que as coisas tendem mesmo a piorar. 

Fábio de Oliveira Ribeiro

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