Sarkozy: Um processo para investigar qual dos crimes?

Sarkozy:  Um processo para investigar qual dos crimes?

Um inquérito contra o ex-presidente Francês, Nicolas Sarkozy, poderá ser aberto após as iniciais da justiça francesa, porém a pergunta que deveria ser feita, é qual dos crimes que serão investigados.

O crime de receber algumas malas de dinheiro para a sua campanha eleitoral?

Ou crimes muito mais graves envolvendo uma das maiores organizações criminosas da atualidade que se chama OTAN?

O julgamento, que commeça com famosas malas de dinheiro para a campanha eleitoral de Sarkpzy num passado recente que pode até abrir um pequeno buraco na tampa de uma verdadeira caixa de Pandora das intervenções da OTAN. Esta aliança já promoveu imensos massacres por conta das chamadas intervenções humanitárias, que começa na ex Iugoslávia, foi para a  Líbia e agora está agindo na Síria. A única diferença é que quando a OTAN chegou na Síria, para continuar a “libertar” este povo através de tropas mercenárias pagas pelos associados da OTAN, encontraram a resistência de outro “ditador” que junto com a Rússia está conseguindo expulsar estes mercenários que oprimiram e colocaram no exílio milhões de sírios e mataram algumas centenas de milhares. 

Sarkozy, presidente Francês durante o período entre 2007 e 2012, está sendo investigado pela justiça francesa por ter recebido dinheiro para sua campanha eleitoral do que os franceses e europeus denominavam como um cruel ditador, Muammar Khadafi, que parece ter contribuído para a campanha da direita francesa, por conta de futuros favores que parece que Sarkozy não quis pagar.

Para situar melhor os leitores, este “cruel ditador” governou a Líbia durante décadas e levou este país ao maior IDH de toda a África. Após a intervenção da OTAN, que por autorização da ONU deveria simplesmente não permitir que os aviões de combate da Líbia não atirassem contra os “rebeldes libertadores”, terminaram fazendo ações de bombardeamento contra aviões no solo e outros objetivos que a OTAN considerasse estratégicos.

O resultado da intervenção da OTAN foi que o “cruel ditador” foi assassinado via empalamento, no momento de sua captura, sem julgamento pelos “rebeldes democratas” e após isto se tornou um país dividido entre bandos rivais que procuram ficar com o espólio do que sobrou do país. As boas condições de vida que gozava o país transformou numa região que até venda de escravos se tornou pública. E resumo, o país “libertado pela OTAN” se transformou num verdadeiro caos.

Porém o inquérito contra Sarkozy, que versa sobre contribuições ilegais a sua campanha eleitoral talvez não chegue a nada de relevante sobre os verdadeiros crimes que a República Francesa, através da OTAN, perpetuou na Líbia, simplesmente porque estas doações de campanha encobrem várias razões de Estado que ficarão encobertas.

Para entendermos as origens da vigorosa ação que a República Francesa no bombardeamento contra a Líbia, é necessário entender que o colonialismo francês ainda existe na África através do controle da moeda que é exercido até os dias de hoje pela França.

Nos dias atuais em inúmeros países africanos de ex-colonização francesa, a moeda que circula é ainda um derivado do falecido franco francês que é denominado Franco Africano CFA. Esta moeda circula nos seguintes países com duas denominações, Benin, Burkina Faso, Costa do Marfim, Guiné-Bissau, Mali, Niger, Senegal, Togo, Camarões, Republica Centro-africano, Congo, Gabão, Guiné Equatorial, Chade e as ilhas Comores, e foi criada em 1945 quando estes países eram colônias de direito e não como hoje em dia que continuam colônias de fato.

Esta moeda que é teoricamente gerenciada por dois bancos centrais africanos, divididos em duas áreas, tem um sócio, o Banco Central Francês (BCF) que tem poder de veto sobre as ações dos bancos títeres africanos e o BCF é que além de guardar na França metade das moedas africanas emitidas e impressas pelos próprios franceses e é o BCF quem indica a paridade desta moeda com o Euro. Ou seja, para que esta moeda seja conversível e para que as empresas européias e principalmente francesas possam sem nenhum problema “investirem na África” e remeter para suas matrizes os seus lucros elas são vinculadas ao Euro conforme uma taxa pré-determinada pelo BCF.

Alguém pode dizer que esta vinculação permite que o CFA tenha paridade e não produza inflação nos países em que ela circula, entretanto para que os franceses façam este “imenso favor” aos africanos, 50% desta moeda é depositada no BCF e sobre ela eles pagam uma Taxa de Juros básica, que atualmente gira em torno de 0,5% a.a. com o direito de emprestarem estes valores por juros maiores. Além disto os africanos pagam por este “imenso favor” uma pequena taxinha pela consignação. Estes lucros obtidos pelo o BCF  ajudam a pagar uma pequena parcela da dívida pública francesa. Ou seja, o movimento de solidariedade dos povos africanos aos franceses é efetivo e ocorre a mais de 60 anos.

Para ler em detalhes algumas das vantagens que a colonialista França tem através de suas relações “fraternais” com suas antigas colônias leia: “Le franc CFA : une monnaie nocive pour les Etats africains”  http://le-blog-sam-la-touch.over-blog.com/2016/09/le-franc-cfa-une-monnaie-nocive-pour-les-etats-africains-mediapart.html

Pois bem, o ex-ditador Khadafi apesar de “supostamente” ter apoiado a direita francesa pagando parte da campanha de Sarkozy estava propondo e negociando com os Estados africanos criação de uma moeda lastreada em ouro e petróleo, inclusive com as negociações estavam avançadas com a África do Sul, um dos maiores produtores do mundo em ouro. Esta moeda seria estável, lastreada em um valor real e tiraria os africanos do domínio do Franco e do dólar.

Como os norte-americanos estavam enrolados nas suas próprias guerras, o domínio do petróleo Líbio não era preferencial na sua política externa no momento, delegaram para seus sabujos europeus da OTAN o serviço sujo. A partir de um mandado delegado pela ONU deveria simplesmente estabelecer uma área de exclusão externa, o entusiasmado presidente Francês Sarkozy transformou esta exclusão numa ação de guerra, que poderia ter três objetivos na mesma ação, evitar a criação de uma moeda independente da França na África, se apossar das reservas de petróleo líbios e como bônus extra, esconder a participação do “ditador” líbio nas democráticas e honestas eleições francesas.

Como podem ver, o que os juízes franceses investigam é somente um pequeno furo na tampa da caixa de Pandora que vem sendo as intervenções “humanitárias” da OTAN em regiões que nada tem com o objetivo que foi criado esta organização criminosa, o combate aos malvados soviéticos que deixaram de existir.

Observação importante que nos vincula diretamente com a OTAN, chamo a atenção que o país que tem a maior fronteira com a França, não é a Alemanha nem a Espanha, mas o BRASIL. Por exemplo, se houver algum problema com a colônia francesa, a Guiana Francesa que possui extensa fronterira com o Brasil, podem os membros da OTAN invadirem a Amazônia brasileira para cumprir a suas famosas missões humanitárias.

 

Redação

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