Sérgio Camargo, da Fundação Palmares, chama movimento negro de ‘escória maldita’

Apoiador de Bolsonaro usou a reunião para atacar Zumbi dos Palmares, criticar o Dia da Consciência Negra, além de afirmar que irá demitir "esquerdista" e usar o termo "macumbeira" para se referir a uma mãe de santo

Sérgio Camargo e Jair Bolsonaro. | Foto: Reprodução/Facebook

Jornal GGN – O presidente da Fundação Cultural Palmares e conhecido por posar ao lado de Jair Bolsonaro (sem partido) durante campanha eleitoral em 2018, Sérgio Camargo, afirmou que o movimento negro é uma “escória maldita”, durante reunião em 30 de abril. O áudio foi obtido e divulgado nesta terça-feira, 2 de junho, pelo jornal Estado de S. Paulo.

Sem saber que estava sendo gravado, o apoiador de Bolsonaro usou a reunião para atacar – mais uma vez – o histórico Zumbi dos Palmares, que nomeia a autarquia, se referindo a ele como “filho da puta que escravizava pretos”. Camargo ainda criticou o Dia da Consciência Negra, afirmou que irá demitir “esquerdista”, usou o termo “macumbeira” para se referir a uma mãe de santo e declarou que não irá aceitar emendas para “promover capoeira”.

“Não tenho que admirar Zumbi dos Palmares, que pra mim era um filho da puta que escravizava pretos. Não tenho que apoiar Dia da Consciência Negra. Aqui não vai ter, zero – aqui vai ser zero pra [Dia da] Consciência Negra”, disse na ocasião.

Segundo a reportagem, Camargo se reuniu com dois servidores da fundação para tratar sobre desaparecimento do seu celular corporativo. Uma dessas pessoas chegou questionar o chefe da autarquia sobre quem poderia ter pego o aparelho, que respondeu: “Qualquer um. Eu exonerei três diretores nossos assim que voltei. Qualquer um deles pode ter feito isso. Quem poderia? Alguém que quer me prejudicar, invadindo esse prédio aqui pra me espancar. Quem poderia ter feito isso? Invadindo com a ajuda de funcionários daqui. O movimento negro, os vagabundos do movimento negro, essa escória maldita”.

O apoiador de Bolsonaro também não poupou comentários preconceituosos sobre religiões de matrizes africanas. Em determinado momento da reunião, Camargo afirmou que não iria ceder verba para terreiros. “Tem gente vazando informação aqui para a mídia, vazando para uma mãe de santo, uma filha da puta de uma macumbeira, uma tal de Mãe Baiana, que ficava aqui infernizando a vida de todo mundo”, disse ele se referindo a liderança do candomblé Adna dos Santos.

“Não vai ter nada para terreiro na Palmares enquanto eu estiver aqui dentro. Nada. Zero. Macumbeiro não vai ter nem um centavo”, continuou. Em outro ponto, Camargo também afirmou que não dará espaço para práticas da cultura afrodescendente. “Eu não vou querer emenda dessa gente aqui. Para promover capoeira? Vai se ferrar”, esbravejou.

Por meio de nota, Camargo – que chegou ter nomeação suspensa – disse lamentar a gravação ilegal e que sua gestão está alinhada ao governo Bolsonaro. “infelizmente, ainda existem, na gestão pública, pessoas que não assimilaram esta mudança e tentam desconstruir o trabalho sério que está sendo desenvolvido. Seguimos firmes em prol do Brasil e dos brasileiros”.

Redação

6 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Ele fala exatamente o que o seu “pequeno líder” quer que ele fale… por isso o fantoche está no cargo. A hora que não falar o que o chefe mandar o “bocudão” vai pra boca do bueiro! totalmente descartável …

    1. O mundo em guerra contra o fascismo contra o racismo e contra qualquer tipo de discriminação, com o povo americano (parabéns) puxando o trem — inclusive com seus cidadãos presos, espancados e até mortos — mas aqui no brasil precisamos a todo momento escutar roncos absurdos de integrantes de uma recua jamais vista no planalto.
      Este cidadão é um porco, precisa ser julgado por seus atos.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador