Sextas-feiras de trevas.

Há momentos em que as palavras são inúteis,

ainda que o silêncio seja desrespeitoso.

Há momentos em que buscar qualquer lógica é ofensivo,

em que qualquer raciocínio é um ato de insensibilidade.

Há momentos que clamam por ação imediata,

mas os braços pendem e a cabeça curva

impotentes.

Há momentos em que a dor nada ensina

e a derrota é só derrota.

Há momentos em que a vergonha de ser humano

é o único refúgio para a dignidade.

O que dizer a vocês que são mortos tão jovens?

 

PS.: quando as razões tornam-se irracionais, meu coração se esconde na Oficina de Concertos Gerais e Poesia.

 

Redação

1 Comentário

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  1. Deixando ir
    Sergio,
    partidas são inconsoláveis. Os heróis partem laureados e absolvidos de sua hybris e imprudência; os massacrados partem pranteados pela nossa compaixão e eterno questionamento. A razão nos torna lúcidos mas infelizes. A compreensão nem sempre – quase nunca – nos liberta. Queremos dela nada menos do que o poder de tudo reter; e por isso o irracional nos abriga e aos nossos corações pois que não é possível reter o que negamos. Não é possível reter o que, fora do alcance, nos fere. A grande pergunta que a humanidade se faz desde sempre é esta: o que reter? Deixar ir é dor; reter sem compreender a impermanência de tudo, dor ainda maior.
    Sexta-feira de finalmente deixar ir. Com grande dor! O mundo não consegue abraçar e “mastigar”, deixando fluir, toda essa barbárie. Não compreendemos a razão da perda.
    Traga seu coração de volta tão logo tua razão te encontre. Não prive dela os que te acompanham. Ela – você – é parte integrante, constitutiva, importante do Todo. No mais, deixemos ir o que já não é. A Lei de Destruição transforma e devolve ao mundo o transitório.
    Deixemos ir.
    Deixo.
    Melhoras.

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