Há momentos em que as palavras são inúteis,
ainda que o silêncio seja desrespeitoso.
Há momentos em que buscar qualquer lógica é ofensivo,
em que qualquer raciocínio é um ato de insensibilidade.
Há momentos que clamam por ação imediata,
mas os braços pendem e a cabeça curva
impotentes.
Há momentos em que a dor nada ensina
e a derrota é só derrota.
Há momentos em que a vergonha de ser humano
é o único refúgio para a dignidade.
O que dizer a vocês que são mortos tão jovens?
PS.: quando as razões tornam-se irracionais, meu coração se esconde na Oficina de Concertos Gerais e Poesia.
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.
Deixando ir
Sergio,
partidas são inconsoláveis. Os heróis partem laureados e absolvidos de sua hybris e imprudência; os massacrados partem pranteados pela nossa compaixão e eterno questionamento. A razão nos torna lúcidos mas infelizes. A compreensão nem sempre – quase nunca – nos liberta. Queremos dela nada menos do que o poder de tudo reter; e por isso o irracional nos abriga e aos nossos corações pois que não é possível reter o que negamos. Não é possível reter o que, fora do alcance, nos fere. A grande pergunta que a humanidade se faz desde sempre é esta: o que reter? Deixar ir é dor; reter sem compreender a impermanência de tudo, dor ainda maior.
Sexta-feira de finalmente deixar ir. Com grande dor! O mundo não consegue abraçar e “mastigar”, deixando fluir, toda essa barbárie. Não compreendemos a razão da perda.
Traga seu coração de volta tão logo tua razão te encontre. Não prive dela os que te acompanham. Ela – você – é parte integrante, constitutiva, importante do Todo. No mais, deixemos ir o que já não é. A Lei de Destruição transforma e devolve ao mundo o transitório.
Deixemos ir.
Deixo.
Melhoras.