A celebração do Brasil e dos brasileiros no Financial Times

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – O escritor britânico e articulista de futebol Simon Kuper manifestou suas impressões sobre a Copa do Mundo do Brasil, em sua coluna no Financial Times Magazine, desta sexta-feira (4). Sob o título “Por que o Brasil já venceu”, Kuper introduz: “passeando em Copacabana, você percebe que uma praia de primeira linha deve ser um elemento obrigatório em todas as futuras Copas do Mundo”.

O colunista caminha do cenário nacional, o meio ambiente, gostos, jeito e a gentileza dos brasileiros para tentar explicar por que, das sete Copas do Mundo que esteve desde 1990, “esta é o melhor”. E, segundo ele, “a tarefa agora vai ser trabalhar para que possamos engarrafar o sentimento brasileiro e reutilizá-lo na Rússia em 2018 e Qatar em 2022”.

Em primeiro lugar, responsabiliza o futebol ofensivo que a Copa desse ano está oferecendo. Em apenas 10 partidas, este Mundial já contou com mais gols do que as Copas do Mundo de 2006 e de 2010.

A segunda razão, o Brasil. Simon Kuper elege: depois de um inverno sul africano em 2010, a receptividade do sol quente; as praias, que segundo o escritor, a partir dessa Copa, além dos estádios, praia de primeira linha deve ser elemento obrigatório – estrutura que os alemães não puderam fornecer, em 2006.

“Um terceiro elemento que nenhuma Copa do Mundo deve existir sem: os brasileiros. Se você mora em Paris, é desorientador vir para um país onde quase todo mundo é gentil”, destaca o colunista. Enquanto no Japão, o choque cultural vinha da educação, no Brasil vem da gentileza, explica.

Kuper analisa o futebol não só pelo esporte. Ele é conhecido também por introduzir a perspectiva sociológica que rodeia a bola no pé. Em uma Copa do Mundo, o trabalho é desgastante para os jornalistas que fazem a cobertura: se dorme pouco, vive sobrecarregado em centros de mídia incendiados. “Mas na mistura com os brasileiros, você aprende a lidar com contratempos com graça. O táxi que você pediu para correr para o aeroporto não veio? Agora você está preso no trânsito? Sente-se e relaxe”, aponta.

Nos jogadores, Simon Kuper também admirou o sentimento amigável, mesmo após ser empurrado, jogado no chão e mordido. “Eu morderia de volta”, adverte.

O último item destacado pelo jornalista: a segurança. Nos seus primeiros torneios, ofuscava o medo obsessivo de hooligans. Chegou, inclusive, a ser barrado na fronteira italiana na Copa de 1990, sendo confundido com um deles. Os mundiais pós 11 de setembro, o medo era de terroristas. Do último evento, era o crime sul-africano.

Kuper elogiou a segurança para os turistas e a liberdade para estender as comemorações nas noites de São Paulo e do Rio de Janeiro.

“Normalmente, os melhores momentos em uma Copa do Mundo são quando você escapa momentaneamente da Copa do Mundo. No início do torneio, eu fiz o que provavelmente será a minha única visita que eu nunca fiz para a Amazônia. Passei 30 horas lá, principalmente assistindo futebol em bares. Mas só em uma manhã, eu saí para uma caminhada em Manaus, desligado de uma feia rua industrial, e de repente vi o grande rio batendo no final de um beco sem saída. Um homem de shorts estava na água, lavando seu cabelo. Galos bicavam uma sujeira. Falei com eles por cerca de cinco minutos. Então eu fui assistir Inglaterra-Itália”, conta em observação, concluindo o artigo.

Leia o artigo: Why Brazil’s already won.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

34 Comentários

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  1. Os “elementos” do

    Os “elementos” do Brasil…não são “engarrafáveis”. Brotam da alma de um povo, o brasileiro.

    “ELEMENTAR, MEU CARO SIMON” …mas agradeço o reconhecimento de que SOMOS GRANDES. E somos mesmo!

  2. É isso mesmo. Gostamos de

    É isso mesmo. Gostamos de agradar os estrangeiros, de nos mostrar para eles, de mostrar o País, nosso jeito de ser, gostamos que apreciem isso, que compartilhem conosco, que absorvam nosso modo de vida e nos ensinem um pouco do mode de vida deles. E pedimos que fiquem e ficamos tristes se não ficam conosco mais um tempo, de preferência para vivewr aqui para sempre. E por que tudo isso? Por somos nós mesmos vindos de toda parte do mundo… E dizer que uma direita raivoza, e uma esquerda não menos desapercebida desse nosso modo de ser (dessa ontologia do ser social brasileiro… para o mal e para o bem, vá lá), queria nos fazer passar por uns grosseirões!

  3. O que está acontecendo nos relatos dos estrangeiros

    O que está acontecendo nos relatos de torcedores e jornalistas estrangeiros deveria envergonhar todos aqueles brasileiros que não acreditaram na nossa capacidade de sediar a Copa.

    São os que têm complexo de vira-latas e não percebem que somos melhores em muitos itens como dito nos vários relatos de turistas.

    Uma chaga que ficará presa à grande imprensa e em todos aqueles que torceram pelo fracasso da copa.

    Senador Álvaro Dias na TV Senado, vídeo publicado no Youtube em 07/08/2013: “O legado da copa do mundo me parece ser um grande fracasso.

    [video:http://www.youtube.com/watch?v=Z_A6fezBzw8&feature=youtu.be%5D

  4. O link acima nao leva à reportagem

    Gostaria de lê-la. Quem sabe ela nos trará alguns turistas ingleses que ficaram com medo de vir para a Copa por causa do terrorismo da mídia. 

        1. A traducao deveria ter sido

          A traducao deveria ter sido essa:

          “Passei 30 horas lá, principalmente assistindo futebol em bares. Mas só em uma manhã, eu saí para uma caminhada em Manaus, cai fora de uma feia rua industrial, e de repente vi o grande rio batendo no final de um beco sem saída. Um homem de shorts estava na água, lavando seu cabelo. Galos bicavam uma sujeira. Comunhei com eles por cerca de cinco minutos. Então eu fui assistir Inglaterra-Itália”

          1. Comunhei

            Como o verbo comunhar não existe na nossa língua, comunhei, com a devida vênia, não seria aceitável. A mais próxima seria comunguei, correta mas não utilizada na língua corrente. Sugiro estive com eles.

  5. Grande parte da cobertura do

    Grande parte da cobertura do Financial Times se deve a sua correspondente fixa no Brasil, a simpatica e abrasileirada Samantha Pearson, não sei se é da familia Peasron, dona do grupo que inclue The Economist e Financial Times, inglesinha nascida em Oxford e que gosta tanto do Brasil que se casou com um brasileiro de familia tradicional, com festa chique no Terraço Italia. Mais ligações tem o Grupo Pearson com o Brasil, é hoje provavelmente o maior investidor estrangeiro no ramo de livros didaticos no Pais. Tem editoras, faculdades, cursos,  já são um imperio inglês na educação brasileira.

    Ao contrario do que alguns canhotinhas pensam, o FT e The Economist são publicações fãs do Brasil, o numero de matéria A FAVOR é muito maior do que de materias criticas e isso não é de hoje, é coisa de décadas.

  6. Obrigado!

    Muito obrigado ao ex-chique que postou esse artigo em português, provavelmente porque teve a cabeça arejada pelo não complexado autor inglês, o que me leva a fazer votos que sua cura seja pra valer e passe para a nossa mídia vira-latas

  7. Ontem saí para comemorar a

    Ontem saí para comemorar a vitoria da seleção, meio amarga por causa do Neymar; em todos os lugares que passei vi muitos nas ruas alegres e onde eu estava o pessoal a toda festejando; um jornalista escreveu ontem que o Brasil precisaria perder para ganhar um choque de realidade, pois acredito que muitos, ganhando ou perdendo a seleção, precisam de um choque de povo, de brasilidade, tem uns jornalistas que incrivelmente não conhecem o espirito do brasileiro e acham que a verdade está nas porcarias estupidas que escrevem (como sempre dissemos: o papel aceita tudo).

  8. Imagine O MAL QUE O PIG FAZ.

    IMAGINE ESTA COPA JÁTÃO SENSACIONAL SE NÃO TIVESSE A ENORME PROPAGANDA NEGATIVA DO PIG?

    O SUCESSO DA COPA NEM DE LONGE CHEGA AO TAMANHO DO MAL QUE O PIG FAZ A ESTE PAÍS HÁ ANOS.

    IMAGINE O MAL QUE ESTE PIG FAZ A ESTE PAÍS.

    IMAGINE ONDE A FRENTE NÓS ESTARIAMOS SEM OS FREIOS CRIMINOSOS DESTE PIG.

  9. Daqui a dois anos, tudo certo

    Nassif,

    Esta constatação a respeito da risível mídia tupiniquim que não vale nada, certamente provocará um sgnificativo efeito benéfico ao patropi, a promoção e propaganda positiva da imprensa estrangeira para os Jogos 2016, no RJ.

    Para daqui a dois anos não se repetirá esta baixaria, a de jornalistas de quinta tentar inibir a vinda de turistas com falsos medos, como ocorreu com a Copa 2014.

    Será uma ótima oportunidade paa o setor turístico nacional, uma vez que todos os cantos deste brasilsão bonito por natureza acabam de se tornar conhecidos internacionalmente.

     

  10. Alegria

    É muito bom receber elogios, faz-nos sentir recompensados com nossas melhores qualidades.

    Todo povo e toda cultura tem aspectos considerados positivos e negativos pelos outros povos e outras culturas.

    Para entender e aprecidar as outras culturas, é necessário conviver. Os eventos esportivos e o turismo servem principalmente para isso.

    O Sr. Simon até exagera um pouco – é claro que a Copa deve rodar pelo mundo todo. Penso que este exagero é proposital e se destina àqueles que, daqui de dentro, não se cansam de só enxergar e amplificar os problemas que nós e outros também tem. Até inventam muitos problemas que não existem.

    Nossa gentileza é única e nosso ponto forte. Sua contrapartida é nossa excessiva tolerância com as coisas que consideramos erradas.

     

     

  11. Acho que os únicos países que

    Acho que os únicos países que a mídia manda o cidadão (vira-lata) torcer, sempre, contra o própio país, são Paraguai e Brasil. Não vejo outro cidadão do mundo, ser tão dominado pelo atraso midiático oligárquico, traidor e corrupto, como nesses dois países. Que coisa linda a torcida da Argentina, esse sim, um povo que defende SEMPRE o seu país contra tudo e contra todos se necessário. Também, lá não existem a quantidade de abalfabetos políticos como no Brasil e Paraguai, porque, na Argentina, em toda esquina tem uma livraria com livros ds HISTÓRIA DA ARGENTINA. Já, aqui, nossas livrarias colocam na sua lihna de frente livrecos de “escritores” que nunca quiseram ser brasileiros, mas, ninguém os quer em outros países, por isso o ódio desse país que, hoje, me orgulho. Para esses vira-latas midiáticos, que foram proibidos de torcer pelo prórpio país, que estão com os rabinhos entre as pernas, que propiciam que a mídia, que os limita, ganha muito com a estupidez deles. Como li em algum livro que não lembro “- não dá para confiar no brasileiro, ele trai seu país com a maior facilidade -“. Acho que isso foi escrito se referindo ao domínio que a mídia tem sobre os eternos vira-latas.

  12. Brasil….Terra dos Sonhos…

    EU SEMPRE DIGO E REPITO “O MELHOR DO BRASIL É O SEU POVO, AQUELE POVÃO QUE NUNCA DEIXA A ALEGRIA…A ESPERANÇA CAIR NO CHÃO…………………

  13. E o idiota do Jerome dizendo

    E o idiota do Jerome dizendo que isto aqui não podia ser comparado com a Alemanha. Rinha toda razão, estamos muitos furos acima…

  14. Lembro do Darcy

    Quando vejo essas coisas lembro  logo do Darcy Ribeiro e me pergunto: Já pensou, além de tudo isso, nós ainda termos uma educação de primeiro mundo e nosso povo deixar de ser sofrido?

    Estou muito ansioso pra ver o futuro do Brasil.

     

    Bola pra frente Dilma!

  15.   Amo, sempre amei meu país.

      Amo, sempre amei meu país. Mesmo quando me via decepcionado, quase amargurado, nunca deixei de amá-lo. Em seus piores momentos – os que vi – foi como se um filho meu se tornasse viciado em drogas: uma tristeza que só sente quem ama.

      Jamais pensei misturar futebol e política. Não, não eu: são coisas diferentes e de importâncias diversas. No entanto…

      … de tanto que tentam humilhar meu país,

      … de tanto que procuram rebaixar um povo em busca de ganho mesquinho,

      … de tanto que insistem, forçam, BERRAM que não somos, nunca seremos NADA,

      QUERO MAIS É QUE POLITIZEM O SUCESSO QUE FOI ESSA COPA!!!

      Aos que criticam todo um país para criticar um governo,

      Aos que sabotam todo um povo para ‘explicar’ que ele se engana,

      Aos que vivem, deitam, se lambuzam no ódio,

      Desejo a pior das maldições: que vivam até o fim de suas vidas com todos esses sentimentos dentro de si, que se destruam por si mesmos na sua covardia, rancor, MEDO de que sejamos todos tão grandes quanto podemos e devemos ser.

    1. O seu comentário lavou a

      O seu comentário lavou a minha álma! Sempre fico incomodada quando falam mal do próprio País onde moram… Essas pessoas, acho que nunca saíram do Brasíl, em outros países também tem problemas iguais ao que temos aqui  e em alguns até piores. Nosso País é pacifico, nosso povo é pacífico. Só isso ja valeria a pena morar aquí, mas o nosso maior tesouro é o povo! O brasileiro é acolhedor, é gentil é capaz de receber um estrangeiro na sua casa como se fosse um amigo de longa data e isso você não encontra lá fora. Quanto ao governo, ísso é um caso à parte. Ele se aproveita da boa fé do povo que nesse quesíto ainda é muito ingênuo. Parabéns pelo seu comentário!

    2. Deu vontade de chorar
      Seu comentário me emocionou. Que nunca mais essa mídia caluniosa nos diga que não somos capazes de qualquer coisa.
      Vamos, Brasil!!!!!
      Também amo o meu País, “nos momentos de festa e de dor”.

  16. Ironia das ironias, pra

    Ironia das ironias, pra desespero dos viralatas, é que nas próximas copas o mundo todo vai usar como parâmetro de qualidade o “Padrão Brasil”. É que nossa copa (A Copa das Copas, disse Dilma) virou padrão de excelência. kkkkkkkkk

  17. o grande poeta russo


    o grande poeta russo maiakovski já disse em versos que num distante lugar havia um país feliz – o brasil -, o que sempre nos orgulha como esse textp do mister simon, que nocauteia os pessimistas que urubologizaram a copa há mais de três anos e não perceberam que quem faz a copa é o povão,,,

    donde se deduz que nossa mídia, além de piguista,é analfabeta funcional, pois  desconhece nossas raízes ensinadas pelo grande darcy  ribeiro etc e tal…. 

  18. O Brasil já poderia ser uma

    O Brasil já poderia ser uma grande e poderosa Nação, se não fosse a mídia embusteira e uma parcela da população que sofre do mais alto grau de viralatice.

  19. E ele não é o único gringo a

    E ele não é o único gringo a achar isso não, basta uma procura rápida pelo google com os termos “Why I live in Brazil” e a resposta quase unânime é a gentileza e o calor humano do nosso povo. Já está mais do que na hora desse povo com complexo de vira-latas aproveitar esses grandes eventos e fazer uma reflexão e perceber que o Brasil não é só problemas. Problemas, sim eles existem e não são poucos e não são simples de solucionar, não será só um governo que vai arrumar problemas de 5 séculos em 4 anos e acreditem até mesmo os países escandinavos que são campeões em desenvolvimento humano enfrentam problemas como corrupção.

  20. Choque cultural

    Choque cultural que vem da gentileza? Uau. Essa eu ainda não tinha visto. O povo brasileiro é reconhecido por sua hospitalidade e alegria. Mas chamar isso de “choque cultural” é um tremendo elogio. E ele viu menos de 1% de nossas praias … voce precisa de uma vida inteira pra conhecer tudo. Esse nosso pais é grande demais …

  21. Alguns frutos da Copa das

    Alguns frutos da Copa das Copas:

    – Vasta propaganda gratuita positiva do país em duzentos países;

    – Milhares de turistas que devem voltar, e muitos outros que devem vir depois devido ao arrependimento de terem acreditado nas previsões catastrofistas;

    – Nova mudança para melhor da percepção internacional sobre o país, constatando-se que este estava sob forte perseguição midiática, bancada sobretudo por interesses financeiros e geopolíticos;

    – Constatação mundial de que a mídia brasileira é um lixo, partidarizada e terrorista;

    – Violento choque de realidade na população, que ficou boquiaberta entre o que se previa na mídia e o que se vê, estimulando a reflexão. Até minha sogra me perguntou outro dia o porquê de tanta gente ter feito birra com a Copa, de ter apostado em fiasco;

    – Possibilidade de comparação direta de notícias, sobre os mesmos fatos, dos jornalões com outras de fora, produzidas aqui pelos milhares de jornalistas presentes, sem que tenhamos que ouvir aquela desculpa de que eles acham ser melhor do que é porque estão escrevendo de longe;

    – Fortalecimento de um sentimento de identidade nacional, imprescindível em democracias sadias e soberanas, além de um duro golpe no complexo de viralatas;

    – O “Queremos Padrão Brasil” nas Copas é uma marca positiva tão forte quanto “Isso é uma Brastemp”;

    – O país se credencia para ser sede do mundial de clubes, da Copa América, de torneios femininos e juvenis, bem como voltar a receber a Copa do Mundo em bem menos tempo que os 64 anos desde 1950.

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