Simplício convence um importante líder sindical a enfrentar a Fiesp

Simplício convence um importante líder sindical a enfrentar a Fiesp

               Simplício decidiu usar seus conhecimentos recentes sobre tributação para ir a Brasília a fim de convencer um importante líder sindical a não cair no conto do vigário da campanha da Fiesp e da Federação do Comércio contra impostos em geral. Queria levar Angeline com ele, mas com uma condição: que tirasse aquela peruca loura horrível que lhe havia sido emprestada pelo cabeleireiro Nivaldo e providenciasse um penteado menos horroroso, voltando aos charmosos cabelos morenos e olhos azuis que lhe haviam sido doados pelo supremo criador.

                O importante líder sindical nem queria saber do assunto.

                — É para baixar imposto? Tô nessa cara!

                — Mas você não compreende que, sem imposto, não há como o Governo pagar os gastos com saúde e educação dos trabalhadores?

                — Acontece que o Governo desperdiça muito dinheiro, disse o importante líder sindical. Além do mais, a classe trabalhadora paga imposto demais. É um absurdo.

                — Você precisa conversar com o professor Galileu — insistiu Simplício.

                — Não, estamos interessados em acabar com o projeto de terceirização que está no Congresso. Isso é que acaba com a classe trabalhadora.

                — Será que o senhor não pode mascar chiclete e andar ao mesmo tempo? — perguntou Angeline, levando a conversa para o lado da galhofa.

                — Quem é ela? — perguntou o importante líder sindical.

                — É uma líder das manifestações de rua em São Paulo e no Rio — mentiu Simplício.

                — Se o senhor não ajudar a gente na questão do imposto, impedindo que as finanças do Estado e da Previdência Social sejam dilapidadas por desonerações muito ao gotos de dona Dilma, nós, dos movimentos de rua, não vamos ajudar os trabalhadores na questão da terceirização — afirmou Angeline com notável firmeza.

                — Mas como eu vou explicar aos meus trabalhadores que não é bom reduzir sua carga tributária?

                — Diga a eles simplesmente que é para reduzir, sim, a carga dos trabalhadores e dos mais pobres, mas compensando pelo aumento da carga dos ricos.

                — Assim a gente topa, concordou o importante líder sindical.

                — Vamos fazer então o seguinte — disse Angeline — pedimos melhores serviços públicos e menor carga tributária para os pobres, principalmente a carga indecente do imposto de renda que nem totalmente ajustada é pela inflação, compensando isso com uma maior carga tributária para os ricos, que pagam muito menos que o assalariado em sua renda de capital.

                Angeline estava sem fôlego. Simplício, em pânico. E se o líder sindical percebesse que aquela conversa deles não passava de um blefe? Simplício escreveu na agenda vermelha: “A boa causa justifica uma mentira inocente!”

Redação

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