Sinais contraditórios não mudarão tendência de baixa

Começa um período delicado para a administração dos índices da economia, e com sinais contraditórios.

De um lado, os macroindicadores registram, todos eles, uma relativa calmaria.

O país não está sujeito a pressões cambiais. Além do salto positivo da balança comercial, que teve um superavit 47% maior que o de 2010, também o balanço cambial do país registrou resultado recorde, com entradas líquidas de US$ 65 bilhões, 70% deles provenientes do saldo de investimentos estrangeiros não-financeiros.

O país ostenta, ainda, índices de emprego elevados, indicadores de crédito e consumo – embora não mais exuberantes – em alta, solidez do sistema bancário, reservas cambiais recordes e, como provou a emissão dos títulos de 10 anos no exterior pela menor taxa já paga pelo Brasil – 3,5% ao ano – e que abre espaço para que grandes empresas – como a Petrobras e a Vale, que já anunciou hoje o lançamento de seus títulos, com remuneração provável de 2,5% acima dos “treasury bonds” do Tesouro dos EUA– se capitalizem a custos mais baixos.

Os preços internos, na indústria, também não estão sofrendo pressões de alta. O Índice de preços ao Produtor de dezembro, anunciado pelo IBGE hoje, ficou em zero. O indicador IC-Br, do Banco Central, que mede as variações de preços das commodities nos mercados internacionais que têm maior impacto na inflação doméstica, fechou 2011 com uma queda de 0,35%. contra uma alta de mais de 25% no acumulado de 2010.

Mas teremos fatores de alta sazonal de preços muito intensos – sobretudo pelo aumento de preços de gêneros perecíveis, em razão das chuvas no Sudeste, dos reajustes das tarifas de ônibus urbanos (em alguns caso nitidamente abusivos, como no Rio de Janeiro, com 10%, quase o dobro do IGP-M de 2011), dos tributos anuais – IPTU e IPVA – e outros preços administrados.

De outro lado, a atividade econômica voltou a dar sinais – ainda tímidos – de crescimento, como você pode ver no gráfico elaborado a partir da pesquisa do HSBC divulgada hoje, que eleva para 53,2 pontos – 50 pontos são a estabilidade – o índice de expansão da economia. E o setor de serviços, que é onde as pressões altistas mais são sentidas, quando não há repressão da demanda, é o que mais alto índice apresentou: pulou de de 52,6 pontos em novembro para 54,8 pontos em dezembro, um aumento de 4,2%, descontadas as características sazonais.

E é claro que este repique inflacionário vai ser agitado – como foi nos primeiros meses do governo Dilma – pelos defensores da manutenção de nossas estratosféricas taxas de juros.

Por: Fernando Brito

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador