Sipam desenvolve tecnologia para inclusão

Monitorar o desmatamento, fazer a cartografia da região amazônica, ajudar na regularização fundiária e utilizar imagens de radares e satélites na inclusão da população e na geração de políticas sustentáveis na Amazônia são as principais funções do Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia), que participou do 13º Fórum Brasilianas.org representando por Fernando Campagnoli, diretor de produtos do órgão.

A ideia por trás do Censipam (Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia), criado em 2002, era de aplicar a tecnologia do Sivam (Serviço de Vigilância da Amazônia), como aviões, antenas, radares de previsão do tempo e vigilância das aérea da fronteira, entre outros, a serviço de políticas públicas que atendessem as necessidades da população, como as antenas localizadas em áreas indígenas e assentamentos do INCRA, que, em alguns casos, são a única forma de comunicação com o mundo. “Nosso dia-a-dia é fazer essa máquina funcionar, mas funcionar para quê, senão para melhorar a vida das pessoas que moram aqui? Essa pergunta a gente tem que se fazer todo dia”, afirmou Campagnoli.

Como definiu o diretor, o órgão – que tem centros regionais em Bélem, Manaus e Porto Velho – não tem um quadro próprio de funcionários: todos eles são servidores cedidos de outras instituições públicas federais, estaduais e municipais, justamente com o intuito de criar um ambiente onde estes representantes coexistissem e tornassem as políticas públicas mais eficientes. “Teria um servidor do Ibama, um da Polícia Federal, um do Ministério do Meio Ambiente, um do Ministério da Justiça, um da Funai, e todos eles iriam discutir e aplicar essas políticas”.

Uma dessas políticas foi a de utililizar imagens de radar e de satélite e levá-las, em 2008, para um programa de capacitação de gestores municipais, para que os moradores pudessem lidar com o território e também “criar uma relação do cidadão com a cartografia”, segundo Campagnoli. Como resultado, 930 pessoas foram capacitadas, em 360 municípios, de um total de 740 existentes na Amazônia.

Nesse mesmo sentido, o Censipam coordena o Projeto de Cartografia da Amazônia, dividido em três áreas: terrestre, náutica e geológica. A cartografia terrestre é feita pela Força Aérea Brasileira (FAB), que sobrevoa a área e emite sinais na banda X, que reflete a copa das árvores, e a banda P, que atravessa as árvores e atinge o solo. “Com a diferença das duas topografias, calcula-se a massa de floresta, que pode ser usado para créditos de carbono no futuro”, explica o diretor do Sipam.

Já a cartografia náutica envolve um mapeamento do leito dos rios e é feita pela Marinha, que está construindo cinco navios para o projeto. Campagnoli explica que, como a maior parte dos rios vem da Cordilheira dos Andes, eles carregam muitos sedimentos, fazendo com que seus leitos sejam móveis. Por causa das embarcações que levam mantimentos e combustíveis, “é fundamental que se tenha um mapa náutico da topografia de fundo” e que ele seja atualizado com frequência. Por último, a cartografia geológica será feita pelo CPRM (Serviço Geológico do Brasil), também com sobrevôos, e visa fazer o levantamento do inventário mineral da Amazônia.

Além deste projeto, o Sipam também auxilia no monitoramente do desmatamento na região, analisando e quantificando as áreas desmatadas. “Não basta você simplesmente medir quantos quilômetros quadrados foram desmatados, você tem que saber o que está acontecendo em cada quilômetro quadrado. A dinâmica  é diferente de uma região para outra”. A caracterização desse desmatamento consegue detectar pistas de pouso ilegais e também auxiliar no desmonte de quadrilhas.

Outro projeto governamental que tem a participação do Sipam é a Operação Arco Verde, que atua em 43 municípios responsáveis por 50% do desmatamento na Amazônia. A ideia é combater o problema gerando uma alternativa sustentável de renda. “Precisamos construir arranjos produtivos novos nestas regiões, desde o pequeno até o micro produtor. Não mais deixar ao sabor do vento econômico seja de um setor, seja de outro.” Também estão sendo montados telecentros comunitários neste municípios, para oferecer educação à distância que tenha relação com as necessidades locais.

No Projeto Terra Legal, programa de regularização fundiária, o Sipam ajuda com o georeferenciamento, que mede cada área pública a ser entregue, e, depois de emitida a posse, também a monitorar o desmatamento em cada gleba, que, se for maior que o permitido, resulta em perda do título. “Tem também uma análise prévia, porque é preciso saber se não tem fraude. Tem muita gente que ficou fora dessa região muitos anos, então se formaram muitas quadrilhas na região”, pontuou Fernando Campagnoli.

Redação

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