…Sob a pele feminina…

…Sob a pele feminina…
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Só hoje vi no meu Face três posts em menos de meia hora que me entristeceram profundamente, ao mesmo tempo que me abriram mais ainda os olhos sobre o significado de “ser mulher num país que não protege os seus direitos a uma existência digna e pacífica”. Literalmente!
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O primeiro deles a imagem de um deputado goiano, no que parecia a festa da posse, usando um chapéu de cowbói e com sua mulher sentada em seu colo, com um dos olhares mais vazios e tristes que eu já vi… Uma cena dantesca, soava como um “dono” mostrando ao mundo “a sua coisa”, seu objeto, não era uma cena amorosa de um homem homenageando sua mulher…
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O segundo, a notícia de uma moça, ativista dos direitos dos animais, assassinada com oito facadas pelo namorado. Dispensa comentários, tão banal e habitual se tornou vermos / ouvirmos notícias desse tipo todos os dias… Me desespera!
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O terceiro, falava do suicídio de Sabrina Bittencourt, ativista há décadas em ações e programas sociais e políticos para a proteção de vítimas de abusos sexuais, principalmente os cometidos por líderes religiosos. Foi ela uma das pioneiras nas denúncias contra João de Deus. Por essa e outras denúncias, Sabrina, de apenas 38 anos, sofria ameaças de morte. Em um bilhete de despedida confessou sua exaustão…
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Confesso não ter palavras, não ter o que dizer… Somos um país violento, quase que o número um em mortes por assassinato e em acidentes de trânsito, e certamente estamos entre os primeiros nesse genocídio, o feminicídio…
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E esse país elege um ser bestial como Bolsonaro, com o voto expressivo de mulheres, numa proporção inacreditável, tratando-se de quem ele é…
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Sei que pensei por alguns minutos, como é fácil a um homem, por não estar obviamente “vestido na pele de uma mulher”, esquecer de quanto é difícil, sofrido, perverso, ter que se esquivar desde meninas, de assédios, cantadas, grosserias, vulgaridades, na família, nas igrejas, nas escolas, nos locais de trabalho. E, de repente, ouvirem de gente tosca frases do tipo: “Isso é frescura! Não é bem assim…”
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“Não é bem assim” como, cara pálida?
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Temos que aceitar e APOIAR o movimento feminista como companheiros, como seres humanos, como quem busca os mais legítimos e humanos direitos de cada mulher no mundo.
Há, eventualmente, exageros ocasionais e pontuais? Tenho certeza que sim…
Isso deslegitima a luta das mulheres? Tenho certeza absoluta, que não!…
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É através de um exercício mental honesto, de nos colocarmos “na pele da mulher” e enxergarmos como são pensadas, sentidas, tratadas na sociedade brasileira, que podemos ter essa “coisinha básica” chamada EMPATIA, por elas e por suas lutas.
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O machismo é só mais uma doença entre tantas na sociedade brasileira. Somos essa sociedade culturalmente perversa, narcísica, onde todas as relações são “RELAÇÕES DE PODER”. É patrão X empregados, é gerente X seus subordinados, é elites e classes médias X as classes sociais mais pobres, e isso atinge as relações pessoais hétero, o mesmo narcisismo, a mesma sensação de “superioridade natural dos machos alfa…”.
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Se está na hora de repensarmos toda a opressão havida no Brasil, tem que fazer parte dessa luta, dessa visão, o direito basilar, óbvio, cristalino, das mulheres poderem viver sem medo em seu próprio país. Isso é também, e essencialmente, uma luta social e POLÍTICA.
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Redação

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