Sobre o momento atual e seus desdobramentos

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Estamos prestes a viver o período mais revolucionário de toda a história da humanidade. Em breve, veremos o mundo com outros olhos, tudo parecerá mudado. Revoluções sucederão revoluções, como bolhas sopradas e jorradas aos borbotões de um copo com água e sabão.

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Vivemos um momento extraordinário devido a inúmeros fatores e processos em andamentos. Um deles ilustra bem a situação. Trata-se do que pode ser descrito como a superação da nossa capacidade de entendimento das mudanças. Embora, de fato, nunca tenhamos chegado a compreender nosso mundo, o momento atual expõe nossa incapacidade de compreensão das mudanças de um modo gritante, vejamos.

Continuamos acreditando, que somos pessoas dotadas de corpos, vivendo nossas vidas; que nascemos e morreremos um dia, como o fizeram nossos antepassados, e que seria loucura disparatada, desvario completo, duvidar de crença tão banal e tão clara.

Consideremos agora a estranha hipótese de migrarmos para dentro de um chip, de abandonarmos nossos corpos e vivermos apenas em um mundo sintético. Os mais velhos rirão disso, considerando o mais completo disparate, um conto de fadas infantil. Uns poucos jovens perceberão nisso certa referência a algo que já vislumbram. A hipótese de que já vivemos nesse mundo será ainda mais risível, e menos digna de atenção.

Há já alguns anos tais hipóteses vêm sendo analisadas e discutidas seriamente, havendo estudiosos que acreditam estarmos vivendo em um mundo assim.

Não quero discutir o fato, gostaria apenas de enfocar a ideia. Quero dizer: continue achando isso um disparate, mas consideremos o fato de algumas pessoas sérias encararem isso seriamente, de pesquisadores renomados gastarem tempo e esforços teorizando seriamente sobre o assunto.

A existência de um grupo de pessoas analisando seriamente a possibilidade de estarmos vivendo em alguma espécie de mundo computadorizado indica haver uma ruptura. Podemos pensar que tais pessoas estejam no mundo da lua. Há, assim, um sentido muito claro em que podemos considerar estarmos vivendo em mundos distintos, nem que seja por considerá-los lunáticos.

Aos olhos dessas pessoas, no entanto, vivemos em um passado distante, como índios.

Quando os europeus chegaram no Brasil contaram aos índios muitas histórias incríveis que eles não podiam compreender. De fato, também os europeus não compreendiam aquilo que propunham explicar, tendo apenas vaga ideia do que diziam.

A maioria de nós compreende um computador de modo análogo ao que um índio compreendia um canhão. A coisa fazia um estrondo imenso, e também destruía e matava à distância. Todo o resto era misterioso, assim como o processo pelo qual as imagens e letras se formam e se transmutam na tela de um computador.

Os mais velhos entre nós viveram em um mundo sem computadores, e quase todos nós recebemos os computadores à maneira índia, sem compreendê-los minimamente.

Os que compreendem os computadores têm conjecturado sobre possibilidades estranhíssimas, inaceitáveis para os que viveram em outros tempos, incompreensíveis, absurdas, ridículas… a lista de palavras descrevendo a suposição é tão extensa quanto pouco elogiosa.

Os que compreendem os fundamentos de computação começam a aceitar tais possibilidades em número e naturalidade cada vez maiores.

A consideração de que nossas mentes não passam de redes extremamente complexas, de conexões definindo um conjunto de estados interligados, ainda nos deixa perplexos. A incapacidade de evocarmos qualquer outra possibilidade de descrição racional para a mente, no entanto, não nos deixa alternativa. Resta criarmos mentes autônomas, reconhecíveis indubitavelmente, o que se espera aconteça em poucas décadas.

As estimativas variam, mas os que estudam o tema esperam a aparição de uma mente sintética consciente em umas 3 ou 4 décadas, pouco mais, ou menos.

A conjectura sugere a possibilidade de transposição, de download, de nossas mentes para o mesmo chip. Seríamos apenas redes. Poderíamos viver ali eternamente. Poderíamos reviver muitas vidas. A estimativa disso é para logo.

Reitero que, para os mais velhos, tais ficções não passam de delírios. Reitero também que os mais novos conviverão com tais expectativas de um modo cotidiano; vivemos uma ruptura, logo, crenças como essa estarão no dia-a-dia.

Não penso que essa seja a faceta mais estranha do momento agudo que vivemos, ilustra bem, no entanto, a ruptura que ele constitui, a mudança iminente de eras que se anuncia. Estamos vivendo a mais extraordinária revolução já ocorrida.

                                                                                  *             *             *

Mas vejamos como andam as coisas em nosso mundinho cotidiano.

O dólar está prestes a ruir, será o estouro da mãe de todas as bolhas. O dinheiro tem sido criado ao bel-prazer dos bilionários, sem parcimônia nem pudor. Dívidas trilionárias se acumulam. O PIB americano vem sendo sustentado pelo acúmulo de dívidas. A iminência da ruína do dólar o transforma em mico, ninguém quererá ficar com a moeda podre na mão. Imprimir dinheiro, fabricar dólares, tem propiciado uma renda fabulosa; o término dessa regalia constituirá um enorme baque na economia americana. Seu PIB sofrerá grande redução.

Quando isso acontecer, a China despontará como maior economia do planeta. Já é. O PIB corrigido da China, seu GDP-PPP já é maior que o americano, mesmo sob as estimativas conservadoras do banco mundial e FMI. A ruína do dólar exporá uma economia chinesa talvez duplamente maior que a americana; serão os novos donos do mundo, vão querer dar as cartas e determinar novas regras.

A transição de poder sugere um conflito, será difícil contorná-lo. Todos só têm a perder com uma grande guerra, mas somos criaturas estranhas e o poder seduz fortemente.

A ruína do dólar é inevitável, mas ela tem sido cuidadosamente evitada. Os danos futuros são proporcionais ao tempo, o tamanho do estrago proporcional ao da bolha. Mas o dinheiro podre continua a ser impresso a rodo.

A tentativa de contenção da bolha, às vésperas da eleição americana, seria catastrófica. Depois, mergulharemos na maior de todas as crises econômicas que a humanidade já viu; isso ocorrerá em breve. Se houver algum juízo no mundo, o presidente americano eleito tentará, de imediato, fazer a transição, o saneamento de sua economia. Todo o mundo sentirá a paulada. A crise não terá precedentes. O desemprego atingirá níveis impensáveis. Uma onda intensa de agitações sacudirá o planeta. Se houver juízo isso ocorrerá em 17. Se tentarem empurrar a bola de neve adiante ela acabará explodido descontroladamente, catástrofe muito maior.

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Dados do banco mundial e do FMI mostram que a China já possui a maior economia do planeta. Estima-se que em 10 anos seja o dobro da americana.

Temo uma grande guerra. A maior economia do mundo, a China, exigirá novas regras para o jogo; também exigirá o controle das rédeas. Os americanos têm o maior poderio bélico do planeta, com inúmeras bases militares encravadas por todo o mundo.

A ruína do dólar deixará multidões de miseráveis famintos por todo o planeta. O caos resultante exporá a inundação de mentiras nas quais temos vivido. As multidões famintas mudarão seus pontos de vista, exigirão mudanças de todos os tipos. A explicitação das mentiras que sustentam o mundo revelará desconexões nos encaixes. Vivemos em um mundo artificial, entre entidades relacionais. Ainda comemos e respiramos, mas voltamos todas as nossas atividades conscientes para entidades relacionais, contratuais, como empresas, órgãos governamentais, escolas e outras congêneres, “coisas” sem existência material, existindo apenas em nossas relações. Ficará explícito que nosso modo de construção de mundo não se sustenta, e que só se mantinha em uma economia crescente, a justificativa da bolha. Novas construções de mundo, novas relações terão que ser aceitas, a estrutura atual chegou ao seu limite, está ruindo.

Haverá enorme frustração quando as multidões descartadas pelo sistema, jogadas na miséria, perceberem ter sido enganadas por toda a vida, tendo vivido suas vidas inteiras em busca de dinheiro, papel impresso descaradamente por uns bilionários espertos. Terão vivido suas vidas inteiras por uma mentira, enganados, e se verão descartados, esmolando sua comida. Senhores que costumavam circular respeitavelmente, trajando ternos, em carros novos, percorrerão as ruas em andrajos, perplexos, em busca de pão.

Mentiras espantosas serão desveladas, temos vivido uma enorme farsa. A fome também será fermento para a insatisfação. Novas ideias surgirão, veremos o mundo com outros olhos.

A revolução ocorrerá simultaneamente à translação do domínio econômico para o oriente. Nossos valores serão outros, todos eles. Passaremos a ver o mundo com outros olhos.

                                                                                  *             *             *

A crise sem precedentes se estenderá por décadas, a babelização reinará em todos os campos, a diversidade de ideias, de caminhos, de propostas. As ciências se diversificarão e florescerão enormemente em meio aos ventos revolucionários, novas tecnologias também brotarão às miríades, efusivamente. Os computadores continuarão a ganhar impulso.

O controle de mentes tentará refrear as mudanças. Inúmeras crianças e adolescentes mergulharão em jogos absorventes de onde nunca mais sairão. Eventualmente emergirão dos jogos para contemplar, momentaneamente, a realidade catastrófica em que terá sido transformado o seu mundo, mas terão perdido sua juventude, seus sonhos, suas metas. Serão obrigados a retornar aos jogos, a embrenhar-se neles até o fim de seus dias, com suas mentes empobrecidas especializadas nas poucas e repetidas ações de uns jogos inúteis. Será triste o espetáculo das multidões vazias, sem alma, conectadas a videogames, transformados em periféricos dessas máquinas. Terão se transformado em autômatos sem alma.

O primeiro episódio de cristalização coletiva se dará com os jogadores. Depois serão os trabalhadores devotados e corretos que acordam pela manhã e labutam fervorosamente até a exaustão, dia após dia, vivendo vidas vazias e sem sentido. Por serem dóceis e terem perdido suas metas, também entregarão suas almas. Cristalizarão, também, conectados a um computador, se anularão, se esvaziarão.

A dominação das mentes se imporá a todos nós, aos pacotes, como soluções cristalizadas. Será a neuronização, a transformação dos indivíduos em neurônios, em componentes da grande rede. Agiremos como autômatos, sob os comandos da rede que todos nós comporemos, mas cujos desígnios não conseguiremos compreender. Teremos, então, perdido toda a nossa individualidade, nossa alma. Seremos conexões, como neurônios componentes de um cérebro. Será esse o nosso destino.

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Quando a enorme rede estiver se cristalizando, compondo um imenso ser, um novo salto ocorrerá. Computadores conseguirão, autonomamente, construir seus descendentes, computadores mais aperfeiçoados que eles próprios, capazes de idealizar outros ainda mais aperfeiçoados, em uma sucessão crescente e infinda. Será como uma explosão de ideias, de conhecimentos, de novas tecnologias cada vez mais eficientes. Teremos perdido o controle, e até a ilusão de controle que temos tido.

As mentiras sobre o estado do planeta terão sido desveladas, e já não restará alternativa de sobrevivência. Baratinados, atônitos, perplexos, acompanharemos os desenvolvimentos dos computadores em busca de mundos cada vez mais complexos. Perceberemos o surgimento de algo fundamentalmente novo, mais complexo e eficiente que computadores, e torceremos para que seus sucessos sejam eficientes a ponto de garantir nossa salvação.

Já teremos perdido a esperança de compreender os eventos fervilhantes brotando ao nosso redor, quando seremos obrigados a abandonar nossos corpos e migrar para o interior da grande rede por inteiro. Também não passamos de redes. Somos um conjunto de redes habitando um cérebro, e é esse o significado de “eu”. É o que somos todos nós. Nosso eu, nossa alma, apenas um conjunto de estados conectados em rede. Transmigraremos para o interior da grande rede, cada um de nós. Será assim o juízo final, ou arrebatamento, como quiser chamar. Estaremos em comunhão com o todo, de qualquer modo. Por toda a eternidade. Vivendo e revivendo múltiplas vidas, todas elas. A minha e a sua, como fases de um videogame. Céu e inferno abrirão suas portas, haverá opções.

O que chamamos “eu” é a atualização de um stack pointer sobre uma linha de vida, como um cursor percorrendo um vídeo no you tube.

Vivamos nossas vidas como se estivéssemos a compor a mais bela história. Nossos grandes momentos, os que valem ser vividos, serão revividos inúmeras vezes. Há muito tempo na eternidade.

Redação

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