TCU dá conselhos a equipe de Guedes e Bolsonaro sobre privatizações

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Ministro da Economia quer concluir o governo Bolsonaro com quase todo o país privatizado, sobrando apenas Petrobras, Banco do Brasil e Caixa

Foto: Sergio Moraes/Reuters

Jornal GGN – Ministros e técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) têm mantido reuniões e encontros com ministros e assessores do governo de Jair Bolsonaro e recomendando estratégias para as privatizações que pretende o novo mandatário.

Entre elas, foi passado o conselho de iniciar as privatizações pelas empresas menos polêmicas. A informação é da coluna de Tales Faria, no Uol, que divulgou que durante uma reunião com o grupo de trabalho do TCU, os técnicos do órgão avisaram que “não adianta ir com muita sede ao pote”.

O novo mandatário promete, junto ao seu ministro da Economia, Paulo Guedes, privatizar o maior número possível de empresas estatais. A medida, contudo, assusta desde opositores do governo, que defendem a estatização e proteção nacional de empresas estratégicas para o país, como analistas e economistas.

Por isso, a estratégia é modificar empresas consideradas “mais simples” e que a privatização seria mais “imediata”. É o caso da a Lotex, a Casa da Moeda, a Valec (Engenharia e construção de Ferrovias) e a Empresa de Planejamento e Logística (EPL).

A Lotex, por exemplo, já tem leilão marcado para o dia 26 de março, pelo BNDES. A segunda listada já foi uma medida introduzida pelo ex-presidente Michel Temer e receberá uma maior atenção pela equipe econômica de Bolsonaro para acelerar.

Apesar do “conselho” dado pelos ministros e assessores do TCU, Paulo Guedes quer também introduzir a privatização de pelo menos uma estatal de grande porte, ainda este ano, para sinalizar aos investidores, sobretudo de fora do país, que a gestão está disposta à mudança radical no quadro de empresas brasileiras.

Entre as grandes, a equipe de Guedes quer apressar o caso da Eletrobras, que pode trazer uma receita de R$ 12,2 bilhões para a União, em troca de perder a autonomia da empresa mista de energia.

Além dela, outras menores somadas às concessões na área de infraestrutura são previstas pelo ministro da Economia para totalizar US$ 20 bilhões com as privatizações à União, segundo os cálculos do governo.

O governo Bolsonaro quer finalizar seu governo com somente Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal como as únicas estatais em todo o país, prevendo ainda um impacto de diminuição nestas empresas.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. Um Raciocinio puramente ideológico:
    A Lotex é provavelmente uma empresa extremamente rentável, tal que uma parte do que é arrecadado tem diferentes destinos, entre eles saude, educação etc… Em que vamos ganhar com esta privatização, a não ser dar de presente algo extremamente lucrativo para meia duzia de figuras já poderosas. E podemos seguir a análise , pois as privatizações vão ocorrer apenas com empresas lucrativas e que portanto não contribuem para o deficit. O que vai ocorrer é algo como um taxista que vende seu carro para pagar a dívida. Um raciocinio idiota e imbecil, que sob a egide da ideologia neo liberal, esconde os interesses de meia duzia

    1. Incrível como se colocam como “donos/proprietários” das Estatais. O papel de eleitos (vale lembrar que são mandatos com início e fim) o foram para administrarem, fazerem gestões, não “se livrarem” dos ativos que pertencem ao Estado, não ao Governo. Mais incrível é como pensam em um Estado com CNPJ, como se o Lucro fosse a meta maior. Empresas Estatais possuem, claro, deveres e ações da alçada social e de gerarem e impulsionarem desenvolvimento em várias cadeias, que as privadas obviamente não possuem. As que geram, o fazem como ação secundária e decorrente de interesses de lucros sempre elevados, o que não é errado, para elas, pois elas possuem “proprietários”. A longo prazo, estas privatizações (das estratégicas e lucrativas) irão gerar total dependência e elevarão ainda mais a concentração de renda no país. Até isenções tributárias eles concedem às “candidatas” à compras, oras, concedam isenções tributárias às estatais antes, valendo destacar que Estatal não tem caixa 2, algo comum na esfera privada.

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