Tem a mineira Corina Magalhães no samba

Dias atrás foi lançado o CD “Tem Mineira no Samba”, da mineirinha Corine Magalhães, de Cambui, apenas com compositores mineiros. Corina integra a nova geração dos músicos que ajudam a transformar São Paulo em um grande centro de música brasileira.

Publico, aqui, o texto que escrevi para o release do CD.

Corina Magalhães, a mineira de Cambuí

O que é uma típica mineira do interior?

Se gostar de música, precisa fazer conservatório. Tem que se apaixonar pelo namorado da juventude, ter aulas de canto. E a boa prosa de, com olhos do interior, aprender a enxergar o vasto universo das metrópoles sem perder a perspectiva micro de quem entende o mundo a partir de seu canto.

Junte-se uma boa capacidade de divisão musical, uma simpatia contagiante nas apresentações ao vivo e um enorme discernimento na escolha do repertório, e se terá Corina Magalhães.

Corina é uma cantora de voz firme e, ao mesmo tempo, brejeira. Sua melhor síntese é “Camisa Amarela”, onde casa com perfeição a brejeirice e a divisão rítmica.

Nesse CD “Tem Mineira no Samba”, Corina mergulha fundo na música que, nascendo em Minas Gerais, ajudou a cinzelar o samba carioca e o repertório nacional.

Começa pelo mineiro de Ubá, Ary Barroso e os clássicos “Morena Boca de Ouro”, “Faceira”, “Camisa Amarela”. Na sua longa carreira, Ary Barroso passou por vários estilos. Em todas elas, imprimiu a marca do gênio. Corina foi certeira na escolha dos melhores sambas.

De Ary, há o mergulho em Geraldo Pereira, de Juiz de Fora, o motorista de ônibus que dominou o samba carioca nos anos 40 e 50.  Corina o homenageia com suas músicas mais conhecidas, “Sem Compromisso”, “Escurinho” e “Falsa Baiana”.

Dentre os mineiros que ajudaram a construir o samba carioca, Corina foi buscar também o grande Ataulfo Alves, de Miraí, e o clássico “Ai que saudades da Amélia”.

Da geração dos anos 70, Corina selecionou os dois maiores clássicos, Milton Nascimento, carioca de nascimento, mineiro de Três Pontas de fato, e seu “Aqui é o País do Futebol”.  E João Bosco, de Ponte Nova, com “Casa de Marimbondo”, “Prêt-à-Porter de Tafetá” e o insuperável “A Nível de”, em parcerias com Aldir Blanc.

Depois, os quase contemporâneos, começando com Affonsinho, de Belo Horizonte, um autor mineiro com vários discos gravados e alguns sucessos nacionais, dentre os quais esse “Enfeitiçado”. E Vander Lee, também de BH, com a mais belorizontina das composições, “Galo e Cruzeiro”.

Em “Guerreira”, Corina abriu espaço também para dois compositores cariocas, João Nogueira e Paulo César Pinheiro. Nesse caso, para homenagear a maior sambista mineira, Clara Nunes, de Paraopeba.

O CD é uma homenagem a seus conterrâneos, os compositores mineiros, que ajudaram a construir a história da música popular brasileira.

 

Luís Nassif, de Poços de Caldas-MG

 

 

 

 

6 Comentários

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  1. O viço da pele, o viço da voz, o viço da beleza

    Tenho reparado que atualmente só têm vozes bonitas as moças bonitas. Pelo menos as que se divulga.

    Será alguma mutação vocal que vem ocorrendo?

    Antes, na MPB, nos tempos de samba de raiz ou até nos dos bolerões, viam-se cantoras que não eram modelos de beleza.

    Hoje, repara a lista de Cañas, e outras… TODAS LINDAS!

    Benditas vozes, bendito viço da jovialidade.

    Boas de ver e ouvir.

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