Temer gasta tempo e dinheiro para garantir governabilidade, não mais o posto

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Lula Marques/ AGPT
 
Jornal GGN – Às vésperas da tramitação da denúncia de Michel Temer na Câmara dos Deputados, o mandatário Michel Temer atua para reaproximar partidos da base aliada e dissidentes que foram se formando ao longo dos últimos meses. Apesar de a grande possibilidade de conquistar o engavetamento, o governo enxerga dificuldade de garantir alguns dos apoios.
 
Conforme divulgou o GGN, Temer já iniciou a liberação de cargos e milhões para emendas parlamentares em troca do engavetamento da segunda peça. Também atuou para conseguir apoio dentro do PSDB, partido que, aos poucos, vai se distanciando da antiga formação da cúpula do governo peemedebista.
 
Para este último, sinalizou com a liberação de R$ 200 milhões em emendas orçamentárias para senadores para atingir o mínimo de 41 votos de senadores a favor de Aécio. Mas o grande esforço não trouxe tantos resultados: dentro da CCJ da Câmara, apenas 3 tucanos apoiaram o relatório alternativo que engaveta a denúncia. Os três são da bancada mineira, mas outros cinco tucanos foram favoráveis a que Temer seja processado pelo STF.
 
Outra estratégia já iniciada foi mirar as siglas pequenas. Dentro da Câmara, indicações que foram prometidas na votação da primeira denúncia estão sendo agora destravadas. PP, PR, PTB e o PRB são os beneficiados de apadrinhar cargos de segundo e terceiros escalões, em órgãos como o Banco do Nordeste e Ibama.
 
Neste final de semana, Michel Temer ainda agendou boa parte de reuniões e encontros por ele e por nomes de seu governo, como o ministro da Casa Civil de Temer, Eliseu Padilha, com deputados e pessoas ligadas a parlamentares que podem trazer mais votos contra a denúncia.
 
O tempo, dinheiro e espaço gastos a todas essas mobilizações, ainda que devem garantir a permanência do peemedebista no poder até 2018, podem trazer alguns apuros. Temer venceu na CCJ com dois votos a menos que na primeira denúncia, e o resultado deve ser proporcional no Plenário da Casa.
 
A imagem de Temer já absorvida pela população nas pesquisas eleitorais, da maior baixa popularidade da história, interfere nos votos de indecisos, uma vez que as campanhas 2018 estão se aproximando e os parlamentares precisam fazer frente às expectativas de seus eleitorados.
 
Diante disso, são esperados 20 votos a menos em relação ao apoio obtido na votação da primeira denúncia, em agosto, quando 263 parlamentares apoiaram o engavetamento da peça contra Temer. Se 240 votos forem alcançados, já barra a tramitação da peça, mas representa uma resistência ainda maior do Congresso, para os próximos meses, em aprovar medidas de ainda interesse do peemedebista.
 
Michel Temer precisa que 171 deputados aprovem o relatório alternativo do tucano Bonifácio de Andrada, que sugere que o mandatário não seja processado ou investigado na última instância da Justiça brasileira. 
 
A corrida, agora, portanto, não se trata mais de permanecer no posto maior do Executivo, mas de garantir a confiança para a governabilidade de suas medidas de arrocho fiscal e prejuízos sociais.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. Derrubar Temer não resolve !

    Não se pode esquecer que os donos do golpe, os principais comandantes são a Globo e o Itaú.

    Portanto, trocar Temer por Maia nada muda. Porque Rodrigo Maia também é marionete da Globo.

    Temer e Aécio são agentes políticos da Globo e Itaú.

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