Temer: Quem não vai aguentar a Previdência são os próximos governos

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Lula Marques/ AGPT
 
Jornal GGN – Novamente diante de empresários ouvintes e setores que o ajudaram a assumir o poder, o mandatário Michel Temer falou menos das dificuldades de aprovar a Reforma da Previdência e mais em tom ameaçador para os presidentes que virão: “Tenho mais 11 meses de governo, eu aguento a Previdência. Quem não vai aguentar são os próximos anos”.
 
A fala de Temer foi transmitida em entrevista ao programa Super Manhã, da Rádio Jornal de Pernambuco, nesta sexta (02). Foi uma resposta aos distanciamentos de parlamentares que, assim como ele, apoiam a medida, mas não querem sujar a imagem às vésperas de pleitos eleitorais, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
 
Se antes a moeda de troca do mandatário para conquistar o apoio suficiente para a aprovação tinha relação com recursos e inclusive tempo de campanha a parlamentares, agora, o simples apoio de figuras políticas à proposta pode ser estrago suficiente em ano eleitoral, diante da contínua alta rejeição da população ao governo Temer, revelado pelas pesquisas, e a proximidade das eleições. 
 
A indireta
 
Maia estaria tentando ganhar tempo, diante da pressão para retirar a Reforma da Previdência de pauta da Casa. Uma reunião está prevista para o dia 7 de fevereiro, para definir outros rumos do caso. 
 
A pressão recebida por Maia ainda tem ainda outra motivação: picado pela mosca azul, o deputado ainda não abandonou por completo a aspiração ao posto maior do Executivo, a cadeira de Presidente da República, e vem se afastando da imagem de Temer para trabalhar a sua própria. Em contradição, por outro lado, nega ser presidenciável e resiste a uma ruptura completa com o atual governo.
 
Ainda, sem ser muito cotado ao posto, Rodrigo Maia conquistou 1% das intenções de votos nos resultados do Datafolha, mesmo índice do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em cenário em que os supostos pré-candidatos seriam Lula, Bolsonaro, Marina, Alckmin, Ciro, Luciano Huck, Joaquim Barbosa e o próprio Temer. 
 
É problema para outro governo
 
Em resposta ao posicionamento divulgado do deputado, o presidente teve que enfatizar, uma vez mais, a defesa pública da medida. Já em tom mais de ameaça, alertou, durante a entrevista: “Houve um déficit de R$ 268 bilhões nesse ano que passou, a tendência é aumentar essa dívida previdenciária este ano, mas o meu governo aguenta”.
 
Após o alerta, retornou ao discurso à opinião pública, afirmando que a reforma da Previdência foi “pensada nos aposentados”, naqueles que ainda querem se aposentar e nos servidores públicos. Novamente em ameça, disse que é para não repetir o que ocorreu em vários estados, como o Rio de Janeiro.
 
“Em muitos Estados, não há pagamento de aposentados, de servidores públicos, há atrasos dos mais variados. O que nós estamos fazendo é evitar que isso venha a acontecer em pouquíssimo tempo”, defendeu.
 
Leia também: Propaganda da previdência tem exemplo similar ao de Temer
 
Também em tom eleitoral, com a ainda que baixa expectativa de levar um nome à sucessão na Presidência do país ao fim deste ano, Temer comentou sobre o programa Bolsa Família. Ignorando o que já estava sendo feito pelo governo Dilma Rousseff, disse que estava estimulando famílias a conseguirem não mais depender do programa social.
 
“Nosso ideal não é manter as pessoas indefinidamente no Bolsa Família”, afirmou, completando que pretende dar condições para que os filhos das pessoas assistidas possam começar a trabalhar e não depender do auxílio.
 
As falas de Temer concedidas ao Rádio Jornal de Pernambuco integraram a agenda do mandatário na cidade de Cabrobó, no interior do Estado, aonde participa de cerimônia de Inauguração da 2ª Estação de Bombeamento do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco.
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. Espero, daqui a 1 ano, ouvir

    Espero, daqui a 1 ano, ouvir o discurso do presidente eleito – seja ele quem for – acerca desse assunto. E, vamos combinar: ninguém pode ser acusado de estelionato eleitoral, ok?

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