Todos sabem sobre Lula, por Henrique Fontana

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Foto Pedro Ladeira – Folha

Todos sabem sobre Lula

por Henrique Fontana

A sociedade brasileira acompanha com certa apreensão e expectativa o desfecho de uma história de arbitrariedades naturalizadas ao longo dos últimos anos. Com frequência ouvimos pelo Brasil perguntarem, “será que ‘eles’ vão deixar o Lula concorrer ou vão condená-lo, prendê-lo?” Todos sabem que o que pesa sobre Lula é uma decisão política e não jurídica, coordenada pelos mesmos atores que comandaram o impeachment fraudulento da presidenta Dilma Rousseff.

Todos sabem, em um evidente jogo que mistura silêncios, omissões, dissimulações, manipulações e medidas de exceção, que o destino de Lula não depende de provas ou de crimes, mas da estratégia que elites conservadoras traçam em luxuosos escritórios da avenida Paulista. A supressão do Estado Democrático de Direito, e do devido processo legal, à revelia da Constituição Federal e sob o silêncio do Supremo Tribunal Federal, em todo é revelado pela estranha celeridade do julgamento do processo de Lula, marcado em prazo recorde para o período de férias, pré-carnaval, com menos de um terço do tempo médio dos processos julgados pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). O mesmo tribunal, vejam, que está há 12 anos analisando o recurso do senador do PSDB, Eduardo Azeredo, condenado em primeira instância.

Se a lei é para todos, por que ela é diferente para o Lula? Por que o investigador e acusador é o próprio juiz, a condenação não precisa de provas, e o julgamento é tão rápido? Moro e o TRF4 revelam, assim, a própria motivação política por trás desta decisão. Mas até quando todos saberão e silenciarão?

A eleição sem Lula, condenado sem crime, condenada está. E a fraude de novo tipo irá retirar a legitimidade do pleito, aprofundando a crise política do país.

Vençam Lula nas urnas, no debate político, com propostas e projetos para o Brasil. A democracia brasileira, hoje tutelada e amordaçada, não suportará mais um golpe, e a continuidade da aplicação violenta de um programa que foi rejeitado nas urnas em 2014, de venda do nosso patrimônio e retirada de direitos do povo trabalhador.

E hoje, a exceção de que Lula é vítima, pode ser a exceção que condenará a democracia brasileira.

Henrique Fontana – deputado federal do PT-RS
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

9 Comentários

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  1. É triste senhores. A quem eles acham que estão enganando?

    Esta banda podre do judiciário, associada a uma banda podre de políticos com a ajuda do lado podre de empresas de comunicação, considera que dá para viver permanentemente nas sombras da mentira, da fraude, do vilipêndio e dos ilícitos? Claro que não dá, pois as matérias que trazem vida ao judiciário, à imprensa e à política são a verdade, os fatos, as provas e os feitos. Sem estes, são apenas sepulcros caiados – enganadoramente belo por fora, mas guardando o que não tem mais vida, por dentro. Quando Jesus usou a paródia do sepulcro caiado, não estava criticando o fato de alguém ser fariseu e sim, a sua crítica era contra a hipocrisia do sabedor de leis que peca contra o próximo. A hipocrisia é o veneno que mata uma sociedade. É o alimento que nutre um caráter mediocre.

  2. Eu queria saber qual o prazer

    Eu queria saber qual o prazer que um juiz sente em praticar uma sentença sem fundamento e maldosa? Quando você comete um erro é algo perdoável, pois errar faz parte da natureza humana. Agora, quando você faz a coisa errada de sã consciência, é mau caratismo, é atitude sórdida. Toda maldade tem um tempo para acabar. Aqueles que semeiam a maldade vão encontrà-la com força total durante sua vida ainda aqui na terra. O tempo não perdoa os semeadores de injustiças… terão o fim tristes

  3. O julgamento de Nine

    O réu é de origem pobre e oriundo da Região Nordeste
    Criado e crescido na metrópole de São Paulo
    Foi treinado e exerceu trabalhos braçais
    E fala mal a língua pátria
    O que torna, de saída, todos os seus atos suspeitos

    Não é negro de pele mas exames acurados de sua psique
    Evidenciam uma alma enegrecida, certamente por conviver,
    Desde tenra idade, muito misturado à gente de cor e paupérrima
    O que eleva consideravelmente  a suspeição de seus atos

    Como atenuante, o réu ascendeu na vida, ocupou cargos importantes
    Usou terno e gravata exigidos ao exercício do cargo
    E tem, atualmente, um padrão de vida relativamente elevado

    Porém, o atenuante é completamente anulado
    Pelo fato do réu insistir em trazer dentro de si a alma negra
    E pobre e nordestina e de trabalhos braçais
    E barba muito suspeita e recusa em elevar seu português operário
    À língua culta dos doutos que somos nós

    Declaramos, então, o réu indigno dos cargos que ocupou
    E o proibimos de ocupar este ou qualquer outro cargo
    Exclusivo da gente clara e esclarecida (como nós)
    Declaramos também o réu indigno de nosso convívio
    Pois fala mal, não se barbeia e certamente cheira mal
    Como costuma acontecer a todas as almas ou corpos empestiados
    De pobreza, negritude, Nordeste ou trabalhos braçais

    Em conclusão, o réu é culpado
    Não por ser nordestino, de alma negra e pobre e braçal
    Pois somos capazes de reconhecer a dignidade
    E até de amar tais tipos, desde que se resignem
    À sua condição inferior e nos sirvam com amor
    Pois precisamos de domésticas, babás, motoristas,
    Garçons, pedreiros, garis e jagunços
    Para o bom funcionamento de nossa Casa Grande

    O réu é culpado pelo crime hediondo
    De querer viver, assim escravo, em nossa Casa Grande
    E ainda fazer crer à ralé que a Casa é dela também,
    Que a casa é de todos! É culpado, mil vezes culpado
    De querer nos fazer conviver como iguais (oh! horror)
    Oh! horror) com essa gente preta e pobre e fétida!

    Prendam o réu!
    Em nome de Deus e da família!
    Torturem a ele e a seus companheiros!
    Ponham-no no tronco e lhe apliquem mil chibatadas!
    De pau de arara veio, ao pau de ara retornará!
    Cortem-lhe a cabeça, mas não rapidamente! Que o réu sofra antes,
    Que perca a mulher, que seus filhos e netos paguem por seu atrevimento
    Que seus companheiros sejam perseguidos! Que o seu sonho
    De promover a ralé malcheirosa à dignidade dos nós doutos
    Desmorone diante de seu olhar triste e impotente!
    Que ele perca todas as batalhas! E que gozemos,
    Que gozemos no ódio que nos move a sua dor mais funda!
    Gozemos a tristeza sem esperança da ralé que o tem como ídolo!
    E que nossa Pátria amada verde amarela seja desinfetada,
    Para todo o sempre, de seu corpo e de sua alma
    Negra, vermelha e criminosa!

  4. O Lula paga por cada erro que fez

    Quando penso em tudo que ele propôs, fez, e na graça de conseguir se eleger. Penso, que tudo veio a um preço muito caro à ele.

    A melhora que a justiça teve por causa dele com os presídios federais e o apoio à criação do CNJ, por ironia da vida lhe trouxe muitos inimigos; mas, não entre os futuros detentos que tinham celas com regalias, e sim entre juízes que cometiam crimes a céu aberto impunemente.

    O Lula paga por não ter buscado criar o melhor CNJ possível, com excelentes conselheiros. Não ter buscado melhorar a justiça, o serviço público e o estado ao máximo. Se os procedimentos do executivo fossem melhores, o Duque e o Fábio Cleto teriam ocupados os cargos na Petrobras e CEF pra corrupção???

    Sou servidor público e vejo muitas boas ideias, atitudes e ferramentas que não são aproveitadas por dependerem de uma ação anterior ou posterior. Em vários casos, como não se prepara (ou depois, se não fizer algo útil para aproveitar) a melhoria criada, nunca é bem utilizada. Uma melhora isolada, às vezes não muda nada.

    O Lula paga por não ter melhorado a justiça do início ao fim.

  5. Todos sabem e todos sempre

    Todos sabem e todos sempre souberam.

    Aqui no blog sempre foi revelado.

    A única pessoa que não sabia e não deve saber até hoje é a Dilma.

    Ou ela agiu de propósito ?

     

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