Enviado por Nilva de Souza
Do Outras Palavras
3 poemas inéditos sobre o ludopédio bretão chamado Football
Sobre os goleiros
Medita o goleiro-engenheiro na geometria
de gestos mais econômicos
Traves são planetas grávidos
de gols, vicejados de noite
O gol é o melhor psicanalista do atacante
O gol redime “tudo”,
é a meta representação ideal para toda cirurgia do jogo;
para o verão forçado de um gol
Antes de qualquer tempo inaugural,
pairam os goleiros
com suas aparências desoladas
a beijar solitariamente suas traves
Goleiro mãe do galináceo,
guardião do marco zero
O mistério dos goleiros:
eles também não aprenderam a voar
.
Ao rés do chão
Uma bola enfrenta o limite “real” do chão
Balizas nascem do gol como telas contíguas a
qualquer escala do corpo humano,
rodeadas por eróticas redes
Pernas eloquentes tocam o lado escuro
dos mármores lunares
Esta é a caça recíproca dos deuses que mordem;
deuses publicitários de si próprios
Este é o arriscado balé dos lumes babilônicos,
das luas improváveis de mármore
O Olímpio trágico de um Maracanã é o nosso laboratório ancestral
Somos todos filhos do dilúvio
Rola a esfera na terra sintética do espetáculo;
órbita em permanente assunção
ao rés do chão
.
Gramática das chuteiras
Um empate seria morrer pelo outro,
como uma bola que beijasse tragicamente a trave
para depois se lamentar para sempre
Das chuteiras é que saltam os pulmões das travas,
suas melodias irrompem das cinzas de uma grama
ainda por crescer
Este é o baile de um destino
que se decide em ato;
a vertigem do gol sempre abre uma fresta no espaço
Todo gol transborda
por ser irreversível
Seus roteiros não definem seus trajetos
A bola, placenta celeste, joia sem furo, esfera-lua,
bola-sol que resvala seu mapa empírico:
diamante do homem comum
.
Augusto Guimaraens é poeta e romancista. Já lançou: Poemas para se ler ao meio-dia(2006, 7Letras); Os tigres cravaram as garras no horizonte (2010, Circuito) e Fui à Bulgária procurar por Campos de Carvalho (7Letras). Atualmente prepara o livroMáquina de fazer mar. Mantém um blog: www.augustoazul.blogspot.com
Vale a pena ler primeiro é seção de Outras Palavras dedicada à literatura. Foi criada e é editada por Fabiano Alcântara. Jornalista especializado em cultura, repórter de Música do portal Virgula, e colaborador de diversas publicações – como Valor Econômico e os sites das revistas TRIP e TPM –, Fabiano é também músico, baixista das bandasMercado de Peixe e Lavoura e curador de festivais.Para ler edições anteriores da coluna, clique aqui.
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por favor seu nassif,deixe a
por favor seu nassif,
deixe a poesia de fora dessa marmelada populista de mercado! neste interregno futebolístico da Soberania Nacional invadida anexada pelo conluio FIFA/Megacorporações/Religião pra cima da boa fé de um povo bom, generoso, alegre na sua santa ignorância do primário mal feito…
Muito legais os poemas, mas
Muito legais os poemas, mas Carlos Drummond de Andrade se superou com o “Sermão da Planície” (que é prosa)
Peço desculpas aos colegas, mas não encontro o link para ele, mas lembro que:
“Bem aventurados os surdos, porque não ouvirão o estrondo de bombas, nem o matraquear dos locutores, carentes de exorcismo”
Ainda Drummond.
A LÍNGUA E O FATO
Precisamos dar um nome
português a este desporto.
De resto, o nome genérico
nem tem cara de vernáculo.
Lincoln, de latim provido,
hesita entre bulopédio
e globipédio. Afinal
define-se por ludopédio
no jornal oficial.
Aprovado o lançamento
por força de lei mineira
não assinada mas válida,
eis que de súbito estraleja
barulho estranho lá fora.
A redação se interroga.
Que foi? Que não foi? Acode
o servente noticioso
e conta que espatifou-se
a vidraça da fachada
por bola de futebol.
Carlos Drummond de Andrade – Nova Reunião Vol. 2 – José Olympio Editora
Boa, Nílva!
Poesia de craque.
Contribuo com o poema de um brasiliense por adoção:
nem tudo
que é torto
é errado
veja as pernas
do garrincha
a as árvores
do cerrado
Nicolas Behr
Poesília – Poesia pau-brasília – LGE Editora
Exibiçõe
Nao gostei muito dos
Nao gostei muito dos poemas…estao razuaveis..