TV GGN Especial – Dia do Jornalista

“A Vigília pela Vida e pela Liberdade foi um movimento que surgiu a partir dos apoios que os amigos passaram a dar a essa situação que estamos passando (…)”, diz Nassif na abertura do evento. “Desse grupo, saiu a ideia de se montar esse movimento para discutir a questão não apenas do assédio do Bolsonaro mas do assédio judicial, do próprio Poder Judiciário contra o jornalismo crítico”.

“Nós temos esses abusos da justiça que são invocados pelos bolsonaristas, lavajatistas também, e pelo Judiciário (…) e por juízes que se comportam de maneira vergonhosa”, diz Nassif. “Teve um juiz de uma das ações do João Doria (governador de São Paulo) em que o João Doria pedia R$ 50 mil e ele aumentou, de oficío, para R$ 100 mil”, explica.

“Isso é uma vergonha para o Judiciário, mas a vergonha maior é um juiz se permitir esse tipo de abuso sabendo que não vai ser incomodado”, ressalta Nassif. “(A liberdade de imprensa) não pode ser só do jornalismo corporativo. Nós somos extremamente solidários com todos os colegas que trabalham em grandes organizações que são alvos dos ataques do Bolsonaro, mas eles tem uma estrutura de defesa”

“Quando você pega o jornalismo chamado jornalismo independente, começam a pipocar essas ações (…) você tem custos, você tem bloqueio de contas. Tudo isso levou a uma reação desse grupo (que organiza o evento)”, diz Nassif, ressaltando a força da cartelização e discurso único vigentes na mídia brasileira. “Quando a imprensa vem com esse discurso único, esse contraponto – ainda que em um nível muito inferior à abrangência dos grandes grupos de mídia – é que garantiu o mínimo de democracia ao país”

“O jornalismo está despertando através de jornalistas que trabalham nos grandes grupos, mas que começam a entender que, se você não recuperar os princípios do jornalismo, morre tudo. Desmoraliza a profissão que eles escolheram”.

ADIN contra o bloqueio de contas das pequenas empresas de jornalismo

Segundo Nassif, a ideia da vigília “é apresentar uma resistência contra o assédio judicial. Se fala muito no assédio do Bolsonaro, que é um horror, mas o assédio judicial mata porque vem condenações, bloqueios de contas”, diz Nassif. “Acabamos de dar entrada, no Supremo Tribunal Federal, a uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) patrocinada pela ABI (Associação Brasileira de Imprensa), visando impedir esses bloqueios de contas e outras decisões que podem inviabilizar a chamada imprensa não corporativa”, diz Nassif

“Quando você iguala as condenações de um grande grupo de mídia com as condenações de um site independente, é evidente que você mata um e arranha o outro”, explica Nassif.  “Uma ameaça são esses assédios judiciais, mas outra ameaça que ficou nítida é a cartelização da mídia – você dá um destaque enorme para um tipo específico de discurso ligado a interesses econômicos, obviamente (…) O ponto central dessa ADIN visa estabelecer o mínimo de regramento para essas ações judiciais. É evidente que você não tem o poder absoluto dos jornalistas de ofender e de não ofender, você tem que dar um espaço (…)”.

“O que ocorre quando o Supremo acaba com a Lei de Imprensa, alegando que era uma lei do período da ditadura (em vez de corrigir, acaba com a lei), você acabou com todos os parâmetros que você tinha para os julgamentos dos juízes”, ressalta Nassif. “Eles equiparam a questão da difamação comum com a crítica da imprensa, e jogam a sentença que querem (…) o que vai acontecer agora é um processo de educação. O passo seguinte é a gente conseguir, junto ao Conselho Nacional de Justiça, uma discussão aberta sobre isso (…)”.

Nassif afirma que os juízes do Supremo acabaram sendo transformados em celebridades e, por consequência, reféns da mídia – e isso ocorre de duas formas: ou pela lisonja, ou pelo escracho de quem não seguisse o script. “Nesse processo, você tirou toda aquela defesa que os juízes tinham da impessoalidade. Então, sujeitou o Supremo a toda sorte de manipulações (…)”.

“O grande manipulador hoje é esse Kassio Nunes, esse ministro improvável indicado pelo Bolsonaro. A maior humilhação que o Supremo já teve, mas a consagração de um modelo de interferência pautado exclusivamente pela mídia na época. Então, digamos, Mensalão e todo esse discurso de ódio se propagou (…). Gente, quando você pega os grandes ministros do Supremo você não ouvia falar neles. O próprio Celso de Mello, que foi o último representante dessa linha, não expunha do jeito que expuseram os ministros,. tornando-os reféns da mídia”

Redação

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