Um desastre chamado Aloysio Nunes

Quando José Serra foi enfiado no Itamaraty por Michel Temer chamei a atenção do público para os problemas que ocorreriam https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/michel-temer-o-golpe-de-2016-e-o-fator-j-por-fabio-de-oliveira-ribeiro. Em apenas alguns meses ele conseguiu destruir a política externa brasileira cuidadosamente formulada e colocada em prática pelos profissionais da área. O primeiro chanceler de Temer afastou o Brasil de seus parceiros latino-americanos, não conseguiu restaurar a credibilidade do país na Europa e tampouco atraiu investimentos norte-americanos para o país.

Enfraquecido e possivelmente decrépito http://www.vermelho.org.br/noticia/286814-9, José Serra deixou o Itamaraty sem fazer história. O vácuo que ele criou será agora expandido por outro amador enfiado no Itamaraty.

Aloysio Nunes consegue ser mais grosseiro e fanfarrão que seu antecessor. As cenas que ele protagonizou no Congresso deveriam ser suficientes para convencer qualquer governante de que ele não tem nem bagagem cultural nem temperamento para fazer diplomacia.

Intelectualmente despreparado para refletir com serenidade sobre assuntos complexos e emocionalmente incapaz de lidar com interlocutores que tem posições e propostas diferentes das dele, o novo chanceler de Michel Temer aprofundará a decadência do Itamaraty. Apesar de seus defeitos, raramente José Serra foi visto explodindo em público como seu sucessor.

“Vai para a puta que o pariu” ; “Eu vou comer seu cu”; “Vou te dar um cacete” http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2014/05/questionado-sobre-propina-no-metro-senador-tucano-manda-blogueiro-a-pqp-1029.html. Aloysio Nunes não tem compostura. Ele explode o tempo todo e está acostumado a usar um linguajar chulo mais adequado aos imundos bares paulistanos do que aos refinados salões onde a diplomacia é feita.

A julgar pela conduta dele no Senado não me parece que Aloysio Nunes tenha a desenvoltura necessária para lidar com homens que, ao contrário dele, foram treinados para fazer diplomacia e estão acostumados ao campo diplomático. De fato, onde quer que esteja o novo chanceler de Michel Temer parece um pato fora d’agua.  

Certa feita o vi fazendo campanha para senador num Shopping no centro de Osasco. Ele estava ao lado de José Aníbal e de alguns líderes locais do PSDB. Curioso, segui o grupo de longe. Pude notar o desespero que Aloysio Nunes demonstrava por não ser reconhecido. Ele tentava de toda maneira atrair a atenção das pessoas e ficava frustrado por ter que dizer repetidamente quem era e o cargo que estava disputando. Circulando dentro de uma loja de utilidades (Americanas) ele só conseguiu incomodar os consumidores que estavam mais interessados nas suas compras do que no desajeitado candidato.

Aloysio Nunes tem dificuldade para lidar com estranhos e não consegue tratar seus adversários com educação. Com o devido treinamento ele até se sairia bem como oficial encarregado de comandar um punhado de artilheiros num campo de batalha no século XIX. Como diplomata, porém, ele conseguirá apenas piorar o que já foi estragado por José Serra. Ninguém deve esperar qualquer vitória dele numa área sensível em que até os generais da Ditadura Militar tinham medo de ser devorados.

 
Fábio de Oliveira Ribeiro

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