Os movimentos que defendem o bairro de Santa Tereza da ação especulativa do capital imobiliário, que tem prevalecido em Belo Horizonte, tiveram um dia especial no último 15 de maio. A adesão de mais de duas mil pessoas ao projeto do Mercado Vivo + Verde, conduzido pelo Coletivo formado pelo Movimento Salve Santa Tereza, Associação Comunitária, Feira Terra Viva, Feira de Artesãos e grupos ligados à agricultura urbana e à economia solidária, com o apoio indispensável e voluntário dos músicos e artistas, demonstrou de forma definitiva o que queremos do Mercado, nós e a cidade.
O Mercado Distrital, apesar de estar sob a gestão da Fundação Municipal de Cultura, serve hoje como depósito de materiais da Prefeitura. Como forma de mobilização e divulgação do projeto de revitalização, construído participativamente desde 2013, um conjunto de organizações da sociedade civil com interesse na sua ocupação organizou o evento demonstrativo da proposta, usando a área externa do estacionamento do Mercado.
https://vimeo.com/173409466
SANTA TEREZA E SEU PATRIMONIO HISTÓRICO E CULTURAL
O bairro de Santa Tereza, um dos primeiros bairros de Belo Horizonte, criado na década de 1920, guarda uma rica e representativa arquitetura do século XX. Como seu xará carioca, é reconhecido por ser reduto de bares e de manifestações artísticas, especialmente a música. Por isto, recebeu em 1996 a classificação de Área de Diretrizes Especiais – ADE, visando a preservação de suas características, via parâmetros especiais para as construções e atividades no bairro. Entre outros, a ADE limita a altura máxima de novas edificações em 15 metros, protege construções antigas e tombadas e limita atividades industriais e de serviços.
Desde algum tempo, o bairro vem sendo ameaçado por uma série de intervenções urbanas, definidas de forma autoritária pelas administrações municipais, como foi o caso da abortada cessão do Mercado Distrital de Santa Tereza para a Federação das Indústrias de Minas Gerais – FIEMG. O Mercado Distrital foi construído entre 1969/1970, como parte do projeto municipal de regionalizar o setor de abastecimento da cidade, foi fechado em 2007. Em 2013, sem consultar a população, a prefeitura cedeu de forma ilegal este espaço público para FIEMG, uma entidade privada, para a instalação de uma Escola Técnica Automotiva de 6.000m², desrespeitando a legislação da ADE, que estabelece o limite de até 400m² pra tais estabelecimentos. A tentativa foi abortada pela mobilização da comunidade, liderada pelo Movimento Salve Santa Tereza –
https://www.facebook.com/Salve-Santa-Tereza-381632345284758/
Nessa mobilização, a comunidade definiu então os princípios do Projeto Mercado Vivo + Verde, para nortear as estratégias de intervenção propostas:
· Convivência e solidariedade: fomento à convivência entre moradores.
· Empreendedorismo: estímulo a iniciativas de economia criativa e solidária.
· Educação: apoio à formação profissional e de ofícios, respeitando a vocação do bairro para a gastronomia e arte.
· Referência: qualificar o espaço como uma referência de promoção social e cultural para a cidade de Belo Horizonte.
· Gestão compartilhada: participação e gestão compartilhada entre poder público municipal, permissionários e moradores.
· Contrapartida: promoção de ações inclusivas no campo cultural e social por meio de cessão de percentual de vagas em cursos e oficinas ofertadas no mercado para alunos das Escolas Integradas da rede municipal de ensino de Belo Horizonte.
A luta pelo Mercado de Santa Tereza está viva!
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