Uma comemoração atrasada ao Dia Internacional da Mulher
por Rui Daher
Por que não me atrasar se elas, ultimamente, estão sempre à nossa frente?
Não sei o motivo da fascinação, mas alguém certa vez, em O Pasquim, não me lembro quem e quando (talvez, Sérgio Augusto ou Tarso de Castro), revelou que suas adocicadas personagens, em filmes, contradiziam com seu furor na cama. Não pude, infelizmente, conferir, mas o imaginário se manteve.
Perceberam? Não? Refiro-me a Doris Mary Ann Keppenholff, nascida em Cincinati, Ohio, em 1922. Está viva. Daí, não estou propondo qualquer ato de necrofilia. Espero esta noite sonhar com ela. Será bom. Calamity Jones, te espero.
Minhas filhas deploram o que escrevo ou vocalizo e acreditam que, pelo sobrenome e exposição explícita, sem Nicks, irei prejudicá-las em seus empregos. Pelo menos, foi o que ouvi, sem qualquer apoio, durante o almoço do último domingo. O filho, não. Afinal, é educador de arte e cultura em projetos de Paraisópolis, um pouco mais lúcido, pois.
Tentava explicar-lhes que, na década de 1960, lutei pela democracia na base da porrada. Redes digitais, nada. Golden Shower, menos ainda. Sofri de tudo. Quem me acompanhava sabe. Hoje em dia, sobraram as tecnologias digitais, mas, nelas, em casa, todos parecem contra mim: um louco.
Pensam: “devemos perdoar a todos que aceitam e apoiam o que veio. Ou silenciemos, já que X, Y, Z foram tão legais, inclusive com nossos filhos, quando éramos abastados, mas de esquerda. Foram longos períodos na casa de Ilhabela (hoje perdida), também na fazenda de café, em Socorro, SP (200 mil pés plantados), e todas nossas viagens de família ao exterior”.
Democráticos eles, não? Reconheço, posso adorá-los e a tais amigos, menos quando, ao se associarem à ultradireita nos declararem guerra. Sejam quem forem, o bombardeio precisa ser devolvido. Pior, tenho Harmônica, que insiste em que eu dê nomes para assassinar. Cuidem-se, pois. Se eu aceitar seus preceitos, as mortes se aproximam e nem mesmo aos seus funerais poderei comparecer.
Não poupo amigos, familiares, mesmo filhos. Minha missão ideológica é preservar o país onde nasci. Ou tomem seu lugar possível na luta ou me deixem sozinho. Não me incomodo. Frequentarão minha casa, como ontem e hoje o fizeram, e oferecerei, de minhas próprias mãos e amor, razoáveis obras gastronômicas, etílicas e literárias.
Estamos em guerra! Repito: estamos em guerra! E as nossas armas não são mais as mesmas de 50 anos atrás. Nosso País está em processo de destruição. Por enquanto, permitem-nos escrever. Até quando Nassif, Jânio, Kiko, e outros honestos.
Sei, eles também o fazem. Em duas linhas. Nós, vamos fundo. Olavo, em seu lascivo intelectualismo, está caindo fora. Assim como, aos poucos, muitos vão realizando o que fizeram. Só que o capitão-mito-imbecil sobrou para todos nós.
Vocês que o quiseram. Deliciem-se.
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