VÍDEO: A indústria do compliance como novo foco de corrupção, por Luís Nassif

Como nasceu a Lava Jato? Qual o papel do Departamento de Justiça dos Estados Unidos na formação da força-tarefa? Como a indústria de compliance surgiu a partir da operação na Petrobras?

No GGN publiquei um “Xadrez” sobre a maneira como o Departamento de Justiça dos EUA passou a tratar a questão da corrupção política e como que preparou a Lava Jato, procuradores e juízes brasileiros.

Isso começa no começo dos anos 2000 com a criação da Seção de Integridade Pública do DOJ, incumbido de investigar crimes políticos, crimes que envolviam a administração pública de uma maneira geral.

Pra evitar pressão política, foi dada cobertura total a esse departamento. Blindagem total. Um grupo de 36 pessoas, procuradores e outros, que passara a investigar os grandes escândalos corporativos e políticos.

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Xadrez de como o Departamento de Justiça treinou a Lava Jato, por Luis Nassif

Um dos primeiros episódios foi o da Enron e da Andersen Consulting, que era a empresa de auditoria da Enron.

Ali, pela primeira vez, foi testada uma “tecnologia” de atropelar direitos, que depois foi incorporada pela Lava Jato.

Então no artigo eu mostro um conjunto de fatores, o fato de esconderem provas das defesas, o fato de usar o acesso às provas para impor narrativas aos réus e testemunhas para aceitarem delação premiada.

E depois, como lá tem um sistema jurídico que chega, em certo momento, a dar um cabo nesses abusos, quando chegavam nas instâncias superiores e se percebiam os abusos, muitos procuradores saiam e iam trabalhar em grandes escritórios de advocacia.

Por aí a gente vê esse knowhow importado para o Brasil, essa ligação entre procuradores e grandes escritórios de advocacia e compliance.

Compliance se trata de um conjunto de regras e tudo visando blindar uma empresa contra corrupção. Não tem mistério. É só você mapear todos os processos de decisão da empresa que geram os contratos, que geram a saída de dinheiro, identificar e definir valores e tudo, e definir atribuições, estabelecer instâncias de decisão. Tal valor tem que tais e tais diretorias envolvidas… A partir de tal valor… O Banco do Brasil tem isso estupendamente, tanto que não teve rolo nenhum dele nesse período. O BNDES tem esse mesmo processo, o que aconteceu com ele foi arbitrariedade da Lava Jato do Rio.

Então, agora, o compliance é o seguinte: os mais velhos se lembram da bolha de tecnologia que houve no começo dos anos 2000. Quando você tem essas bolhas, essas bolhas impedem uma precificação do projeto. O projeto, quanto que vale? As bolhas extrapolam esses valores.

Então você teve muito de dinheiro lavado através de projetos de tecnologia.

Você montava um projeto, fazia uma start-up, entrava o dinheiro… Têm filhas de políticos aqui que ficaram ricos por conta disso.

Com o compliance ocorre o mesmo. Você tem um quadro novo, que são procuradores sem limites avançando sobre empresas, destruindo empresas. Nos Estados Unidos, destruíram a Enron, a Andersen Consulting.

Depois de anos, que se percebeu, em vez de criminalizar, digamos, pessoas que cometeram atos, eles criminalizaram a própria empresa. Quebraram a empresa, como foi feito aqui com a Petrobras pela Lava Jato.

Então você espalha o terror. Tem casos aí, que nem aqui no Brasil, do sujeito ser mantido preso durante um tempo, até abrir o bico.

As delações premiadas serem de acordo com o que procurador queria. Então você espalha o medo nas empresas. A partir daí entram as empresas de compliance.

No caso brasileiro, o que houve aqui com Petrobras, Eletrobras, com Ellen Grace, isso vai dar uma CPI em algum momento.

Não tinha nada para justificar 200 milhões de dólares para fazer compliance na Petrobras, sendo que já tinham grandes escritórios paulistas contratados para fazer esse trabalho.

A mesma coisa com a Eletrobras. No caso do acordo que houve nos EUA, a class-action, um acordo da Petrobras com todos os chutes aí… Eles calculavam a propina da Petrobras em 900 milhões de dólares. Um chute, um chute.

A propina saia da margem de lucro da empresa. E você vê: se a Petrobras era vítima, as multas das empreiteiras tinham que reverter para a Petrobras. Em vez disso, a Petrobras assina o contrato nos EUA, com o Departamento de Justiça, e com a participação dos procuradores brasileiros, em que ela se compromete a pagar 3 bilhões de dólares em indenização. E daí, 2 milhões e meio de reais vem para administração da Lava Jato.
Todos esses procuradores, e ninguém para defender o Brasil lá. Uma empresa pública, um patrimônio nacional.

Então essa questão do compliance é a chave para entender tudo que está ocorrendo aí. É um jogo milionário, sem limites. Sem limites. Quanto mais o terror implantado aqui do lado dos procuradores, mais as empresas vão estar dispostas a pagar. E pagar é compra de proteção, porque compliance, qualquer pessoa medianamente, qualquer sistema de RP, tudo, você implanta compliance em uma empresa. ‘Mas aqui você vai fazer com tais e tais escritórios de advocacia’, porque eles têm ligações com o DOJ e vendem uma proteção.

Por aí se entende muito desse jogo da indústria da delação anticorrupção, que acabou fazendo com que a corrupção mudasse de lado.

A venda de defesa, através desses contratos de compliance, faz com que as empresas sangrem muito mais do que com a corrupção que existia antes. Até mais.

 

 

Redação

6 Comentários

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  1. Pois é…. lá em novaiórqui o povo vai pra rua escrachar as empresas que aceitam acolher fascistas…..

    Por aqui, nenhum esboço de boicote as empresas cujos proprietários insistem em apoiar a retirada de direitos dos trabalhadores…….ou seja, financiamos nosso algozes……
    Mais bovino impossível…..

  2. A operação FAKE judiciária Farsa a Jato instrumentalizou a indústria da delação premiada que, devidamente instrumentalizada, abriu caminho para implantação da Indústria do Compliance, que tem como subsidiária a Indústria das Palestras que, por sua vez, ensinam as empresas vitimadas sobre como elas podem pagar para obter proteção contra as máfias do compliance e tentar, assim, sobreviver aos achaques.
    O que produz todo esse complexo industrial FAKE?
    Enriquecimento ilícito descomunal para as milícias integrantes das quadrilhas constituídas dentro desse FAKE oligopólio industrial e desastres econômicos e sociais incalculáveis para toda a população brasileira.
    Como efeito colateral esse FAKE oligopólio industrial produziu um FAKE candidato que se tornou um FAKE presidente, no âmbito de um grande acordo nacional, “com STF, com tudo”!!

  3. Nassif somente quando vc alçou em destaque o vídeo no GGN é q o YouTube me recomendou o seu vídeo…SÓ PRA REGISTRAR a vc isso, q comento!!!

  4. VOCÊ VAI CONTINUAR SENDO O TROUXA? REFORMA DA PREVIDÊNCIA POR*A NENHUMA! É O MAIOR GOLPE FINANCEIRO DO SÉCULO NO BRASIL! ACORDA TROUXA!

    https://gustavohorta.wordpress.com/20…/

    *ELES NOS DISTRAEM, ELES NOS DESTROEM*

    Como disse antes, a coisa tá ladeira abaixo.
    O mandatário do governo brasileiro ocupa … … o lugar da Damares (a maluca), uma vez que essa não nos impressiona mais.

    *CONSUMO ZERO E PREJUÍZO SEMPRE QUE POSSÍVEL.*

    ✊✊✊✊✊✊

    Eu “gastei” meus 10 minutos.
    Faça isto e diminua sua ignorância também.

    https://youtu.be/UzBtUBDa3W0

  5. Nassif, A “parte” do MPF no butim da Petrobrás é de 2,5 BILHÕES DE REAIS, objeto da famosa ONG do DD, (também conhecida como “criança esperança do MPF lava jato”) mais alguns membros do MPF-Farsa Jato e outros “sócios ocultos” da republica de cu-ritiba… Curioso é que na mesma linha de atuação, o “acordo de leniência”(extorsão) assinado pela ODEBRECHT, no valor de R$ 8,5 BILHÕES, siquer foi juntado ao processo… não se sabe a forma de pagamento, quem são os beneficiados, quem recebe, qual a destinação… a PGR não teria que se manifestar ? A mídia nem toca no assunto, prefere falar sobre “abobrinhas”, outras inutilidades… CADÊ A GRANA ? Dra. Dodge com a palavra…

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