
Jornal GGN – Como o PT pretende recuperar o voto do brasileiro religioso e conservador que debandou para o bolsonarismo na última eleição presidencial? Em entrevista exclusiva às jornalista do GGN, a deputada federal e presidente nacional da legenda, Gleisi Hoffmann, tocou no assunto a pedido dos inscritos no canal no Youtube.
Ela disse que é um “desafio” para o PT recuperar esse apoio, que um dia já foi de Lula e de Dilma Rousseff.
No diagnóstico de Gleisi, esse nicho do eleitorado começou a se afastar do PT porque o PSDB, sem projeto para atrair as massas populares para seu lado, iniciou uma campanha de desconstrução que, primeiro, começou a pautar questões relativas aos “valores morais” – como casamento gay, descriminalização do aborto e outros temas.
“O auge da campanha conservadora da direita liberal foi exatamente fazer com que o discurso da corrupção colasse na esquerda”, disse Gleisi, se referindo à Lava Jato e a pancada sobre a imagem de Lula.
“A gente está recuperando [esse apoio]. Não é simples, não é fácil. Precisamos contar o que aconteceu [com o PT e Lula nos anos de Lava Jato], desconstruir a mentira, ganhar a confiança. É trabalhoso, mas estamos fazendo”, disse a dirigente.
Ainda segundo Gleisi, reatar com a ala religiosa, seja ela católica, evangélica ou de outra vertente, “não pode se confundir com usar a religião para fazer política, que é o que Bolsonaro faz. Fala em nome de Deus o tempo inteiro, Deus virou cabo eleitoral dele, porque ele é o messias. Isso é um absurdo.”
GGN: Depois do uso da redes sociais e da questão da juventude e renovação de quadros, um terceiro tópico muito comentado pelos nossos leitores é a relação do PT com as lideranças religiosas. Alguns leitores perguntaram se o PT está ciente de que não ganhará a eleição de 22 se não conquistar o votos dos evangélicos e se não fizer um trabalho de conscientização com os trabalhadores que frequentam essas igrejas e são conservadores.
Gleisi Hoffmann: Pois é. Esses eleitores já foram do PT e votaram em Lula em 2002, 2006, votaram em Dilma em 2010. Eram eleitores votaram em nós porque fazem parte da base popular da sociedade. Viram em nossos programas e nossos governos uma grande oportunidade para suas vidas. Então o desafio é como a gente recupera isso, esse diálogo com todos esses setores, sem a gente desconsiderar o que foi feito. Porque o que aconteceu?
A direita, não falo nem a extrema-direita, lá trás, o PSDB disputando conosco, eles não tinham o argumento material do voto. O que quero dizer com isso? O argumento sobre a vida das pessoas. O PSDB não tinha o que apresentar, porque a vida deles foi fazer ajuste, cortar o orçamento, reduzir as políticas públicas, tirar direitos. Então quando ia para uma campanha eleitoral, eles perdiam no argumento, não tinha como, eles não tinham poder de convencimento do povo. Por isso ganhamos quatro vezes as eleições. É porque a gente tinha esse argumento e, mais do que isso, a prática no governo de mostrar que era possível incluir o povo no orçamento.
O PSDB nunca teve a fome como objeto de política pública. Não está preocupado com a escola pública. Eles têm uma visão liberal: o Estado tem que ser mínimo e o mercado tocar, e o povo que se vire. Então eles perderam sistematicamente para nós. Onde eles começam a nos atacar? Com valores morais. E começam a inventar.
Que o PT era abortista, que o PT queria casamento gay, que o PT queria não sei o quê, que o PT iria dividir a casa das pessoas. E onde eles conseguiram tirar a cabeça para fora? Quando conseguiram pegar a narrativa da corrupção e colar no PT. Começou a Lava Jato, a perseguição e uma ofensiva por aí.
O auge da campanha conservadora da direita liberal foi exatamente fazer com que o discurso da corrupção colasse na esquerda. ‘O Lula é corrupto, chefe de quadrilha’… Vocês sabem o que aconteceu.
(…)
Aí eles não conseguiram segurar esse discurso porque eles tinham muito fio desencapado. E aí o que surgiu foi abrirem uma porta para a extrema-direita. Abriram a porta para o fascismo. Fascismo sobrevive nessa questão do conservadorismo exacerbado, combate à corrupção, limpar o Estado, contra a política.
Eles abriram a porta para a extrema-direita entrar. Ela entrou e levou uma base que eles já estavam preparando há muito contra o PT. Tinha uma insatisfação, claro, na sociedade. Nós estávamos no meio de uma crise econômica. Mas a forma como a guerra foi feita contra nós, sistematicamente, todos os dias, de 2013 para cá, foi algo muito pesado.
Nós não tínhamos o mesmo espaço e jeito de se defender. A gente demorou muito para perceber a forma de desconstrução que estava sendo. Então recuperar com esse povo, seja católico, evangélico, qualquer um que professe sua fé religiosa, as religiões de terreiro, todos têm direito a ter manifestação política. Isso não pode se confundir com usar a religião para fazer política, que é o que Bolsonaro faz. Fala em nome de Deus o tempo inteiro, Deus virou cabo eleitoral dele, porque ele é o messias. Isso é um absurdo.
Nós temos um núcleo de evangélicos no PT, está organizado em mais de 18 estados. Essa semana [passada] fiz uma live com o pastor Daniel, da Assembleia de Deus. Foi interessante. O tema era ‘os evangélicos e o PT’. (…) Foi uma conversa legal.
Vamos ter um encontro do núcleo no final de agosto. Temos várias candidaturas evangélicas espalhadas pelo Brasil. Hoje temos duas deputadas federais, a Benedita do Rio e a Regiane Dias, do Piauí, que são evangélicas. E temos várias candidaturas. No Paraná tem várias. E na Igreja Católica também.
Tem uma ala conservadora da Igreja Católica e tem uma ala mais progressista, ligada às comunidades de base, foi uma das fontes onde o PT bebeu e se formou. A gente está recuperando. Não é simples, não é fácil. Precisamos contar o que aconteceu, desconstruir a mentira, ganhar a confiança. É trabalhoso, mas estamos fazendo.
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Antes de comentar, aviso: eu não vi a entrevista. Apenas li o trecho transcrito pelo GGN.
O PT e a esquerda vão ter muitos problemas nas eleições deste ano que podem ser tomadas como termômetro para as eleições de 2022. A direita e extrema-direita estão muito bem preparadas para este embate. As eleições de 2018 foram decididas fora das instituições normais de comunicação. Foram decididas no Facebook e whatsapp. Até as pedras hoje sabem que eles estavam mais bem preparados que a esquerda como um todo. Foi um negócio de desmentir fake news a cada 12hs. Não dava tempo de discutir políticas como prega a presidente do partido. O povo, que já era bombardeado incessantemente pela mídia tradicional com as notícias da Lava Jato, agora recebia em seu celular um tsunami de noticias fraudulentas que não davam tempo de serem rebatidas. O que eu estou dizendo com isso? Não digo que a esquerda comandada pelo PT venha a montar um centro de resposta ou de ataques cibernéticos. Não dá pra baixar ao mesmo nível. Mas tem de pensar numa alternativa firme que possa também espalhar as ideias e ideais deste matiz. Não dá pra ficar só na defensiva. Sei muito bem que isso é bem complicado de ser feito, de ser montado sem que seja estigmatizado de “bunker do ódio de esquerda”! Mas é algo que não dá pra ser esquecido, que não dá pra escapar! Ou se monta uma estrutura pra brigar de igual para igual com o existente hoje ou já se entra numa briga de 2 rounds sabendo que já perdeu o primeiro. É hora de se pensar numa comunicação mais ágil, mais rápida e que atinja o público de maneira mais impactante. Vamos deixar os seminários e discussões sem fim apenas para a área interna dos partidos. As últimas pesquisas já demonstram o pragmatismo da população sofrida do Brasil. Não importa quem está no poder. Importa sim é aquele que enxerga as dificuldades que passam no seu dia a dia e dá soluções imediatas para estes problemas. O messias vai mudar o nome de todos os projetos petistas e vai transformá-los em projetos bolsonaristas. Cabe aos partidos de esquerda montarem uma estratégia de não deixarem a história ser recontada de outra forma!
Na minha modesta opinião, o enfrentamento tem que ser direto mesmo, imediato…
chega de criatividade, paciência e humildade, porque não há tempo de sobra
mas como primeira coisa a ser feita, concordo que devam ser expostas para o povo, e com bastante clareza, todas as restrições impostas pelo atual governante às manifestações de fé em liberdade, porque a fé não pode ter a marca de ninguém, nunca, jamais, e Bolsonaro está colocando a dele, fascista. Ninguém pode impedir ou até mesmo dificultar que enxerguemos o diferente, os irmãos e irmãs de todas as religiões e de todas as crenças. É a crença que aceita os diferentes, não é a fé cega, de marca.
Em tempos de fascismo a todo vapor, e muito lucrativo para os de sempre, não se alcança o sucesso conquistando o olhar e a atenção da mídia, mas sim diretamente do povão
A Gleisi ignora ou não querem se aprofundar nas decadas em que o o adivinho astrologo Olavo de Carvalho desde a decada de 90 quando houve a redemocratização ele já tinha seu Instituto em Cwb preparando inicilamente os filhos da elite paranaense , muitos militares maçons e empresarios que ate hoje o financiam leia-se CR A.. e outros . Foi algo preparado desde a redemocratização esta retomada do poder pelos Militares e a Elite que não concordam e nunca irão concordar com os pobres e necessitados serem alcançados pela prosperidade e mudarem de classe social . Lembro também quantas foram as reuniões em que o PT em todos os estados inclusive no Paraná com Vanhoni , RJ Linderbergh e tantos outros participaram de grandes reuniões evangélicas mas hoje quem participa é o Bolsonaro, apenas trocaram de Governantes mas o Poder das grandes Igrejas também remonta a este periodo de 90 a saber: Para abrir uma igreja Universal na época o Edir Macedo batia na porta das PMs para que estas fizessem a segurança dos lideres e dos valores arrecadados” e se houver algum interessado em estudar a fundo numa tese e se aplicar na investigação verão que grandes empresas de segurança privada que atuam nas Igrejas Evangelicas são de propriedade de ex-PMS ou ligados a eles ( todas as Igrejas grandes fazem isto atualmente ate em cidades pequenas/medias).
E hoje é muito facil esta mescla de grupos fascistas, milicianos , extrema direita e evangelicos pois tambem fazem parte ha decadas do meio e com Bolsonaro tudo ficou facil.
Atentem também para viagens que “alguns” lideres evangelicos tem feito a Amazonia e tribos indigenas ” por ex do cacique Elias que ja ate apareceu na TV de 1 deles ), que há sim um burburinho ( pois sou do meio evangelico ) que lideres estão financiando os garimpos em conluio com algumas lideranças indigenas corruptas e extraindo ouro e pedras preciosas – razão que não estão fechando templos nem programas de tv mas viajando muito ao interior do Pais sob as asas da politica destrutiva do fascismo de extrema direita .
Estão lavando dinheiro com lojas em shoppings , empresas de fachada, templos vazios, enriquecendo roubando a riqueza da Nação pra levar adiante a reeleição e acabar de vez com o Brasil e com a Democracia.
Para Gleisi : esqueça falar com Pastores e Bispos etc estão todos comprados e bem, tem que falar direto com o Povo Evangélico, a forma está ai a internet e o pé no barro que voces do PT deixaram de por depois de conseguirem seus carguinhos nos poderes publicos, e tambem já deveriam ter aprendido com tantos anos levando surra de noticias falsas em 2020 ainda usando a maquina de escrever e eles rindo a toa no colo dos americanos.
Só escutarem as queixas do povão e aprenderem falar com a população. É muito irritante esse povo fazendo discursos como se estivessem em sala de aula da USP…
Por isso vejo que o futuro da esquerda brasileira no médio prazo está no movimento sindical.