REVERIES EM SOM by BENJI KAPLAN
Featuring Anne Drummond.
Benji Kaplan é um violonista e compositor norte-americano especializado em
música brasileira instrumental. Domina – como poucos – a linguagem do choro,
respeitando seus fundamentos e atualizando-os para as conquistas melódico-
harmônicas das últimas décadas.
“…é o melhor compositor de música Brasileira que eu já vi nos
Estados Unidos…” – disse Guinga, ao ouvi-lo.
Em suas composições é possível notar a sólida formação amadurecida em
performances no cenário jazzístico nova-iorquino e em seus estudos na New School for
Jazz (NY) e, nesse viés, seu olhar particular para a música brasileira. Os ecos de
Nazareth, Caymmi, Chico Buarque e Jobim aparecem como referência, nunca como
regra. Seu estilo é claro e particular e como violonista, procura se alinhar muito mais às
escolas e técnicas de dedilhado brasileiras – como as de Baden Powell, Marco Pereira e
Paulo Belinatti entre outros – do que aos caminhos de execução do instrumento com
palheta, mais comuns à música norte-americana.
Completando em 2015 trinta anos de idade, Benji lança agora seu segundo
álbum, REVERIES EM SOM com composições próprias que interpreta ao violão acústico
em duetos coma a flautista Anne Drummond, natural de Seattle.
Pouco a pouco e faixa a faixa, Benji Kaplan vai montando seu mosaico de
costuras finas, cores e melodias cantáveis seguidas de saltos impensáveis a procura de
novas paisagens. Apesar da “língua vigente” ser a do choro, há sempre algo de
particular em seu swing, que sem deixar de soar brasileiro incorpora algumas soluções
inesperadas, talvez uma herança da rítmica cubana de sua ascendência por parte de
pai. Por outro lado, suas surpresas harmônicas evocam o lado europeu materno, a
Áustria de Schubert, Liszt e Joe Zawinul.
O espaço da poeticidade musical de Benji Kaplan procura fazer-se evidente
também quando o ritmo não é marcado, nesses momentos nota-se ainda mais o brilho
aveludado do som da flauta, na interpretação
cantabile de Anne Drummond (que tem em seu currículo participações com a Lincoln
Center Jazz Orchestra de Wynton Marsalis). Com seu sobrenome de poeta brasileiro,
Anne Drummond parece intuitivamente saber revelar rimas, métricas e assonâncias
ocultas de um Brasil distante no espaço, mas totalmente imerso em sua essência mais
peculiar na dicção instrumental da música de Benji .
Não se trata, portanto, de um álbum de jazz no sentido em que se privilegia a
abertura para improvisações, ainda que a improvisação seja tomada aqui como uma,
entre diversas outras estratégias utilizadas nos processos de criação dos arranjos. Uma
vez definidos os caminhos e as nuances dos diálogos entre flauta e violão, a execução
toma forma como peças “quase escritas”, explorando as ricas fronteiras em que a arte
“americana” (seja do sul ou do norte) quer se reelaborar em novas formulações.
REVERIES EM SOM.
Um álbum para ouvir. E imaginar!
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