Hoje os passarinhos não cantaram em azul
O mundo deixou de rastejar sob o peito da lesma
Os sapos cansaram de engolir vento e dormiram-se de pedra
Não houve balé de vento no horizonte regurgitado de sol de lata
Uma gralha desligou a máquina de esticar o mundo
E para não mosquitar os rios, os peixes se vestiram de chafariz e sopraram silêncio nas minhocas de um pescador de borboletas
Quem me dera ser o barro de parir palavra
Quem dera fosse a palavra digna de ser ave tornar-se relógio com um ponteiro de sempre
Pra sentar-se num galho do sol e assistir a vida virar Manoel.
http://davidaealem.blogspot.com.br/2014/11/viver-de-barros.html
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