Vulnerabilidade social do território influencia aprendizagem dos alunos

Luis Nassif, hoje o blog está que nem o governo Dilma: se superando e vencendo desafios.

Nassif, abaixo, pesquisa que comprova a célebre e profunda frase de Paulo Freire(http://blog.aprendebrasil.com.br/escolacampo/2011/06/28/a-educacao-sozinha-nao-transforma-a-sociedade-sem-ela-tam-pouco-a-sociedade-muda-paulo-freire/ – A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tam pouco a sociedade muda) e que nos indica a necessidade de efetivarmos a educação integral associada à execução de políticas de urbanismo, meio ambiente, arte, cultura e geração de trabalho e renda por meio de tecnologias sociais e ecológicas.

Abraço geral, Gustavo Cherubine.

http://cenpec.org.br/noticias/ler/Vulnerabilidade-social-do-territ%C3%B3rio-influencia-aprendizagem-dos-alunos-aponta-pesquisa

*Esse link dá acesso para a íntegra da pesquisa.

Educação em territórios de alta vulnerabilidade

Publicada: 12/07/2011

Vulnerabilidade social do território influencia aprendizagem dos alunos, aponta pesquisa

Estudo realizado na Zona Leste de São Paulo mostra que crianças com o mesmo nível sociocultural apresentam desempenhos escolares diferentes de acordo com a localização da escola que frequentam.

O estudo Educação em territórios de alta vulnerabilidade social na metrópole, uma iniciativa da Fundação Tide Setubal em parceria com a Fundação Itaú Social e o Unicef  e coordenação do Cenpec, constatou que, quanto maior a vulnerabilidade social do território, menor o nível da qualidade de ensino ofertado e menor a aprendizagem dos alunos, dinâmica denominada ‘Efeito do Território’.

Realizado entre 2009 e 2010, a pesquisa analisou dados das 61 escolas públicas da subprefeitura de São Miguel Paulista, na Zona Leste da capital, que atendem 88 mil alunos. Os dados mostram que quanto mais vulnerável o território, menor o resultado das escolas na avaliação do Ideb.

O objetivo da pesquisa foi averiguar o ‘Efeito do Território’ nas oportunidades educacionais oferecidas às crianças, adolescentes e jovens da periferia das metrópoles. “As metrópoles apresentam o seguinte paradoxo: ao mesmo tempo em que possuem grande riqueza econômica, social e cultural, apresentam indicadores educacionais abaixo das cidades de médio porte” explica a superintendente do Cenpec, Anna Helena Altenfelder.

Segundo Antonio Batista, coordenador de pesquisa do Cenpec, “esse aparente paradoxo é decorrente – segundo as investigações existentes sobre o tema – da forte segregação espacial que marca as áreas metropolitanas e que tende a isolar parcelas expressivas da população de oportunidades sociais, educacionais e culturais. A segregação e o isolamento espacial se tornam, assim, também uma segregação e um isolamento sociocultural e educacional”.

Para a coordenadora da Fundação Tide Setubal, Paula Galeano a pesquisa também tem mérito de apresentar, sob diversas óticas, os mecanismos que geram as desigualdades. “A Fundação atua em territórios vulneráveis onde percebemos a reprodução das desigualdades, pelo precário acesso da população aos bens e serviços que não estão distribuídos de forma justa na cidade. Nosso papel é o de integrar ações e políticas na tentativa de romper este ciclo e promover o desenvolvimento”, conclui.

O que mobilizou as instituições envolvidas a desenvolver este estudo foi a possibilidade de contribuir para o debate público sobre as políticas educacionais. “São necessárias políticas específicas para escolas em territórios de alta vulnerabilidade, sobretudo quando atendem alunos com baixos recursos culturais, visando garantir a equidade”, afirma a diretora da Fundação Itaú Social, Valéria Riccomini.

São duas as evidências que comprovam o impacto da vulnerabilidade do território onde se localiza a escola sobre as oportunidades educacionais oferecidas aos estudantes:

Primeira evidência

O estudo constatou que, das 61 escolas pesquisadas, as localizadas em territórios de alta vulnerabilidade ficaram abaixo da média local do Ideb. Por outro lado, entre as que estão em regiões centrais, com mais recursos culturais, financeiros e sociais, quase todas estão acima da média do Ideb de São Miguel Paulista.

 

 

 

Segunda evidência

Outra evidência detectada é que alunos com o mesmo nível sociocultural têm desempenhos diferentes conforme o nível de vulnerabilidade do local onde se situa a escola. Foi observado que, dentre os alunos de quarta série com baixos níveis socioculturais que vivem em territórios de alta vulnerabilidade, 50% tiveram nível de proficiência abaixo do básico na Prova Brasil em Língua Portuguesa, em 2007. Este índice cai para 38% nas regiões mais centrais. Esta evidência expressa um princípio fundamental para a Educação que é de que todos os alunos podem aprender, desde que garantidas as condições para isto.

A pesquisa também procurou identificar os mecanismos e processos que produzem o ‘Efeito de Território’. Foram encontrados cinco mecanismos que afetam as escolas em territórios de alta vulnerabilidade: 1) isolamento da escola em relação a outros equipamentos públicos no território; 2) baixa oferta de Educação Infantil e creches no entorno; 3) escolas com tendência a concentrar alunos com baixos recursos socioculturais; 4) desvantagem em relação a outras escolas na concorrência por bons profissionais; 5) modelo escolar vigente inadequado às necessidades dos alunos que estudam nestas escolas com alta vulnerabilidade. “O modelo escolar que organiza o funcionamento das escolas exige um repertório que os alunos com baixos recursos não possuem. A escola precisa estar preparada para atender o aluno real” explica o pesquisador do Cenpec e coordenador da pesquisa, Maurício Érnica.

Segundo a diretora da Fundação Itaú Social, Valéria Riccomini, o resultado da pesquisa indica que é necessário e urgente desenvolver políticas públicas específicas para escolas que estejam localizadas em regiões de alta vulnerabilidade social. “Ao concluir que crianças com o mesmo nível sociocultural têm desempenhos diferentes, o estudo mostra que o território influencia de forma significativa as oportunidades de aprendizagem. Por isso, as políticas precisam considerar as desigualdades e as especificidades de cada comunidade”, afirma.

 

 

 

 

 

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110712/not_imp743726,0.php

 

Localização da escola influencia desempenho do aluno, revela pesquisa

Em unidades situadas em áreas de alta vulnerabilidade social, apenas 10% dos estudantes apresentam desempenho adequado – quando o entorno não é vulnerável, a taxa sobe para 24%; estudo avaliou 61 escolas públicas da zona leste de São Paulo

12 de julho de 2011 | 0h 00

 

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Mariana Mandelli – O Estado de S.Paulo

 

Alunos com o mesmo perfil sociocultural têm desempenhos diferentes de acordo com o índice de vulnerabilidade social do local onde fica a escola em que estudam. A conclusão é da pesquisa Educação em Territórios de Alta Vulnerabilidade Social na Metrópole, que avaliou o impacto da localização do colégio na educação.

Marcio Fernandes/AE

Marcio Fernandes/AE

Perspectiva. Para os jovens da ONG Vento em Popa, do Grajaú, a escola precisa mudar para ser mais atraente para os alunos

 

Em unidades localizadas em áreas altamente vulneráveis, cerca de 50% dos alunos com baixos recursos culturais familiares (bens culturais disponíveis em casa, como TV, DVD, internet e livros, aferidos pelo questionário socioeconômico da Prova Brasil, e escolaridade da mãe ou mulher responsável pelo estudante) têm desempenho abaixo do básico e apenas 10% deles apresentam desempenho adequado.

 

Já nos colégios de entorno não vulnerável, 38% dos alunos com esse mesmo perfil estão abaixo do básico. A melhora também aparece no aumento de taxa de estudantes com aprendizado adequado e avançado: 24%.

 

A pesquisa conclui que escolas em territórios de maior vulnerabilidade social têm Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) mais baixo que as de entorno menos vulnerável.

 

Os dados também apontam que alunos com mais recursos culturais apresentam notas mais baixas quando estão matriculados em escolas que ficam em territórios de alta vulnerabilidade social. “Quando mostramos o impacto que o entorno da escola tem na vida do aluno de baixo nível sociocultural, percebemos que ele é, sim, capaz de aprender”, explica Mauricio Érnica, coordenador do estudo.

 

A pesquisa é de Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), Fundação Tide Setubal, Fundação Itaú Social e Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em 61 escolas públicas de ensino fundamental da subprefeitura de São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo. Também foram usadas as notas da 4.ª série do ensino fundamental na Prova Brasil de Língua Portuguesa de 2007 e o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (mais informações nesta página).

 

Políticas. A relação entre aprendizado e território se deve a diversos fatores, como o isolamento da escola, a baixa oferta de matrícula na educação infantil e o nível sociocultural homogêneo dos alunos da região. “Por essas e outras razões, programas públicos tendem a não ter efeito em áreas que demandam políticas sensíveis às desigualdades”, diz Antonio Batista, coordenador de desenvolvimento de pesquisas do Cenpec.

 

Ele também destaca que as escolas criam uma relação de interdependência: as unidades localizadas em áreas de vulnerabilidade social média e baixa atraem profissionais mais qualificados e estudantes com melhores recursos culturais familiares. Assim, elas acabam pressionando quem não se adequa a trocar de escola. “Pais que moram em regiões mais vulneráveis evitam certas escolas”, diz Batista.

 

A pesquisa aponta aspectos a serem considerados na formulação de políticas públicas para os territórios vulneráveis. “Temos de pensar em políticas específicas, articuladas com serviços além da educação; romper o isolamento das escolas, criando mecanismos de colaboração entre elas; e organizar as unidades para atenderem as necessidades de seu público real, não ideal”, diz Anna Helena Altenfelder, superintendente do Cenpec.

 

Mozart Neves Ramos, do Movimento Todos Pela Educação, concorda. “Temos um problema multifacetado, que exige a articulação dos governos”, diz.

 

Jovens que estudam em regiões vulneráveis confirmam os problemas apresentados pelo estudo. “Quando mudei para uma escola mais distante daqui, percebi que lá tem mais professores e menos aulas vagas”, conta Alex de Araújo, de 16 anos, morador do Grajaú, região sul de São Paulo.

Redação

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