Wanderley: os assassinos intelectuais são os whiteblocs

WANDERLEY: 
OS WHITEBLOCS SÃO OS 
ASSASSINOS INTELECTUAIS

“Os whiteblocs disfarçam o salário na pregação ao amparo do direito de expressão”.

A NOVA ERA DA VIOLÊNCIA

por Wanderley Guilherme dos Santos

Professores universitários do Rio de Janeiro, de São Paulo e outras universidades falam do governo dos trabalhadores como se fosse o governo do ditador Médici, embora durante aquele período não abrissem o bico. Vetustos blogueiros, artistas sagrados como marqueteiros crônicos, jovens colunistas em busca da fama que o talento não assegura, políticos periféricos ao circuito essencial da democracia, teóricos sem obra conhecida e de gogó mafioso, estes são os mentores da violência pela violência, anárquica, mas não acéfala. Quem abençoa um suposto legítimo ódio visceral contra as instituições, expresso em lamentável, mas compreensível linguagem da violência, segundo estimam, busca seduzir literariamente os desavisados: a violência é a negação radical da linguagem. Mentores whiteblocks, igualmente infames.

A era da violência produziu a proliferação dos algozes e a democratização das vítimas. Antes, a era das máquinas trouxe a direta confrontação entre o capital e o trabalho, as manifestações de protesto dirigiam-se claramente aos capitalistas em demanda por segurança no serviço, salário, férias, descanso remunerado, regulamentação do trabalho de mulheres e crianças. Reclamos precisos e realizáveis. Politicamente exigiam o fim do voto censitário, o direito de voto das mulheres, o direito de organização, expressão e manifestação. Exigiam, em suma, inclusão econômica, social e política. 

Os mentores dos algozes possuíam nome e residência conhecida. Os executores eram igualmente identificáveis: as forças da repressão, fonte da violência acobertada pela legislação que tornava ilegais as associações sindicais, as passeatas, os boicotes e as greves. As vítimas estavam à vista de todos: operários, operárias, desempregados, além de cidadãos, escritores e jornalistas solidários com a causa dos miseráveis.

Não há porque falsificar a história e negar que, ao longo do tempo, sindicatos mais fortes e oligarquizados também exerceram repressão sobre organizações rivais, bem como convocatórias grevistas impostas pela coação de operários sobre seus iguais. A era das máquinas não distribuía a violência igualitariamente, mas algozes e vítimas possuíam identidade social clara.

A atual era da violência, patrocinada por ideólogos, jornalistas, blogueiros, ativistas (nova profissão a necessitar de emprego permanente), professores, artistas, em acréscimo aos descontentes hepáticos, testemunha a agregação de múltiplos grupelhos, partidos sem futuro e fascistas genéticos aos tradicionais estimuladores da violência, os proprietários do capital, São algozes anônimos, encapuzados, escondidos nos codinomes das redes sociais, na covardia das palavras de ordem transmitidas a meia boca, no farisaísmo das negaças melífluas. Os whiteblocs disfarçam o salário e a segurança pessoal nas pregações ao amparo do direito de expressão e de organização. Intimidam com a difamação de que os críticos desejam a criminalização dos movimentos sociais. Para que não haja dúvida: sou a favor da criminalização e à repressão das manifestações criminosas, a saber, as que agridam pessoas, depredem propriedade, especialmente públicas, e convoquem a violência para a desmoralização das instituições democráticas representativas.

As vítimas foram, por assim dizer, democratizadas. Lojas são saqueadas, vidros de bancos estilhaçados, passantes, operários, classes médias, e mesmo empregados e subempregados que a má sorte disponha no caminho da turba são ameaçados e agredidos. A benevolência do respeito à voz das ruas é conivência. Essas ruas não falam, explodem rojões. Não há diálogo possível de qualquer secretaria para os movimentos sociais com tais agrupamentos porque estes não o desejam. E, quando um quer, dois brigam.

A era da violência é obscura. Não me convencem as teorias do trabalho precário porque não cobrem todo o fenômeno, também é pobre a hipótese de uma classe ascendente economicamente com aspirações em espiral (já sustentei esta hipótese), e, sobretudo, não dou um centavo pela teoria de que almejam inclusão social. Eles dizem e repetem à exaustão que não reclamam por inclusão alguma, denunciada por seus professores como rendição à cooptação corrupta.

Os autores intelectuais dos assassinatos já acontecidos e por acontecer são os whiteblocs. Têm que ser combatidos com a mesma virulência com que combatem a democracia. Não podem levar no grito.

Não deixe de assistir à “resposta dos black blocs ao editorial do jn”.

http://www.conversaafiada.com.br/politica/2014/02/14/wanderley-os-whiteblocs-sao-os-assassinos-intelectuais/#.Uv5Qg5LRGwY.facebook

 

Redação

14 Comentários

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  1. macarthismo da esquerda

    macarthismo da esquerda brasileira: o fracasso da centro-esquerda agora é responsabilidade da extrema-esquerda. Mais fácil do que tentar mudar o país pelas raízes dos problemas, não?

  2. O WGS descarrega sua ira

    O WGS descarrega sua ira sobre o black blocs e desreconhece suas razões. À essa altura é mesmo difícil defendê-los. Mas nessa conjuntura não é possível atacá-los em abstrato. Eles são retroalimentados pela existência e persistência de uma polícia que, no mínimo, poderíamos dizer que tem uma pauta própria, sem nenhum controle efetivo por parte das autoridades eleitas. A democracia brasileira recente avançou muito em várias frentes mas nessa somos obrigados a confessar o fracasso. E quem paga mais caro por isso são justamente os jovens de periferia, donde são recrutados os black blocs e outros grupos “associais”, como os dos rolezinhos. Falar dos problemas que essesjovens causam (e causam mesmo, é claro) sem falar das faltas que cometemos em relação a eles me parece pouco sábio, ou mesmo hipocrisia.

  3. http://www.senado.gov.br/ativ

    http://www.senado.gov.br/atividade/materia/getPDF.asp?t=141938&tp=1

    O artigo 2.º do PL 499/2013, do Senado, é de uma redação rocambolesca: “provocar ou infundir terror ou pânico generalizado mediante ofensa ou tentativa de OFENSA à vida, à integridade física ou à saúde ou À PRIVAÇÃO DA LIBERDADE DE PESSOA.”

    Que escrita exótica. A pena vai de 15 a 30 anos. E nem na redação se caprichou. Com um tipo penal que prevê pena de 15 a 30 anos. O professor Wanderley Guilherme dos Santos não deve ter lido o PL 499/2013 para falar “Para que não haja dúvida: sou a favor da criminalização e à repressão das manifestações criminosas, a saber, as que agridam pessoas, depredem propriedade, especialmente públicas, e convoquem a violência para a desmoralização das instituições democráticas representativas.”

    Espero, do fundo do coração, que ele não defenda um projeto com essa qualidade vernacular e com toda a carga de perigo que representa para o regime democrático: no art. 2.º cabe tudo. E a pena vai de 15 a 30 anos. Não é brincadeira. O professor não deve conhecer o PL 499/2013 e tampouco me parece um expert em direito penal – mas se prontificou a ser “a favor da criminalização e à repressão das manifestações criminosas, a saber, as que agridam pessoas, depredem propriedade, especialmente públicas, e convoquem a violência para a desmoralização das instituições democráticas representativas.” 

    Paciência. Todo mundo tem seus dias de José Luis Datena.

  4. Qual o uso de reproduzir um

    Qual o uso de reproduzir um texto macartista repugnante desses?

    Quer dizer que quem é contra criminalização de movimentos sociais é mentor intelectual da morte do cinegrafista?

    Isso é digno de Veja, por que veo parar aqui?

    1. Coloca meu nome aí.
      Se é pra

      Coloca meu nome aí.

      Se é pra quem é contra criminalização de movimentos sociais e quem entende os black blocs de um ponto de vista social e político e não penal ser acusado de mentor intelecutal da morte do cinegrafista, coloca meu nome ai na lista da caça às bruxas.

      Eu fico do lado dos dignos não dos inquisitores.

       

      1. Consequências

        Meu amigo, o sujeito tem que ser muito idiota pra achar que o Wanderley subscreveria uma lei que criminalizasse movimentos sociais. No mais, revolucionário de verdade tem que estar preparado para ser morto ou ir para a cadeia, portanto assumam as consequências dos seus atos. 

        1. O texto dele é claro,
           
          ele

          O texto dele é claro,

           

          ele não criminaliza apenas movimentos sociais, mas quem não canta o coro da criminalização.

          Não é nem questão de ser revolucionario.

          Ele tenta criminalizar intelectuais. Ele criminaliza o Iluminismo!

          1. Comentário cretino

            Você não tem vergonha de fazer esse comentário cretino em público? O que o Wanderley diz claramente é:

            “Para que não haja dúvida: sou a favor da criminalização e à repressão das manifestações criminosas, a saber as que agridam pessoas, depredem propriedade, especialmente públicas, e convoquem a violência para a desmoralização das instituições democráticas representativas”.

            Eu me daria ao trabalho de lhe explicar se você fosse alguém que realmente não tivesse entendido o texto, mas é incompatível a alguém com seu nível de fluência verbal ser um analfabeto funcional. Portanto você só pode estar agindo de má-fé, né? VÁ PROCURAR A SUA TURMA! Se querem ser levados minimamente a sério, aprendam a fazer manifestações na paz, zelando pela segurança das pessoas. Inclusive a dos policiais, que também são gente. Mas se querem patrocinar a violência, aguentem as consequências, inclusive a desmoralização intelectual.

  5. WANDERLEY PISOU NA BOLA

    Poxa! O Wanderley é a favor da “criminalização”?! Tá maluco?! Será que ele agora é do Procure Saber? Tá dialogando com a Paula Lavigne? Porra, já não existe o código penal, o crime de dano a patrimônio etc etc? Pra que mais punição?! Coisa mais feia hein, seo Guilherme? 

  6. Defendendo o radicalismo anti-democrático com o ódio!

    excelente texto para tomar como exemplo da intolerância, arrogância e partidarismo dos tempos atuais. O debate está morto antes de começar, pois críticas ao atual governo não podem nem ser cogitadas. São descartadas, com a acusação de radicalismo que an verdade é professado pelos progressistas que deveriam defende-lo. A culpa pelos atos de violência dos black blocks passa a ser de white blocks, outra entidade criada para forjar uma dicotomia inexistente entre forças antagonicas iventadas para justificar o ódio, o radicalismo, o AUTORITARISMO – direita versus esquerda, progressistas versus reacionarios, etc. Não bastou o ódio contra a imprensa, agora o ódio e destilado contra qualquer um que se oponha ao discurso oficial… Ninguém agora assume o radicalismo, a irresponsabilidade de incitar o ódio contra a imprensa. Cade os revolucionários que acusavam a imprensa golpista? Uma morte não foi o bastante? A culpa pela morte do cinegrafista esconde-se atrás de discursos revolucionários chapa branca que recebem “ajuda” do governo e destilam ódio na sociedade, não atras de white blocks.. Estamos vivendo uma ditadura fascista, disfarçada por um discurso “idealista” de preoucupaçao social… Debate para quê? Adversários não tem direito a opinião, não é mesmo? So faltou defender a morte do jornalista… Quem mandou colocar-se no caminho?   Se o rojão acertasse ou matasse apenas um policial estaria tudo bem, não é? 

  7. Texto muito combativo.

    Texto muito combativo. Brilhante nesse aspecto. Pena nervosa, mas atenta, sem perder o foco. Um grande analista político. Fulminante na crítica. Aponta com clareza o quanto ruins são esses movimentos tipo Black Bloc e seus ideólogos, os Whiteblocs.

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