Xadrez da cassação de Bolsonaro e a incógnita militar, por Luis Nassif

O relevante é que parece ter caído a ficha geral do risco da prorrogação do governo Bolsonaro. Não há acordo possível. E não há empate. O STF e o Tribunal Superior Eleitoral têm que pagar para ver.

Peça 1 – o desmonte da ordem pós-Segunda Guerra

Até os anos 80, o comportamento militar brasileiro era previsível. Havia dois grupos principais. Um deles, de alinhamento com os Estados Unidos, processo acelerado iniciado na Segunda Guerra e tendo como expoentes o grupo da Sorbonne – liderado intelectualmente por Golbery do Couto e Silva. Havia um segundo grupo, ligado genericamente à chamada linha dura, ao qual pertenceram, em épocas diferentes, Arthur da Costa e Silva, Garrastazu Médici. E um grupo egresso do tenentismo dos anos 30, tendo como líder o último dos tenentes, Ernesto Geisel.

O primeiro grupo era defensor do mercado, do alinhamento automático com os Estados Unidos. O terceiro grupo apostava em um projeto nacional fincado na industrialização. E o segundo grupo era pragmático: queria o poder.

Como pano de fundo, havia a excepcional influência americana, presente no domínio sobre o multilateralismo do pós-guerra, no alinhamento com forças militares de todo o mundo e um discurso fincado na guerra fria, tendo o comunismo como o grande adversário da democracia apud EUA.

Peça 2 – as mudanças globais

A partir dos anos 80, houve mudanças substanciais na geopolítica norte-americana. A parceria com governos militares virou alvo de críticas contundentes, após as denúncias de tortura e práticas antidemocráticas. A partir de então, mudam o foco e passam a trabalhar o Judiciário dos diversos países.

Mais recentemente, o avanço das redes sociais colocou um ingrediente novo no jogo, ao permitir o exercício da chamada guerra híbrida. A desorganização do mercado de opinião, o protagonismo dos setores do Judiciário denunciando os vícios do modelo democrático e do financiamento de campanha, a indignação com a concentração de renda, abriram espaço para o renascimento da ultradireita antiglobalista em nível mundial. A inimiga da democracia passa a ser, então, a ultradireita, não mais o comunismo.

Esse movimento leva ao poder dos EUA Donald Trump, justamente na fase mais decisiva da história moderna dos EUA. Houve uma completa perda de rumo nas estratégias internacionais dos EUA. E, agora, com as eleições, poderá emergir um país completamente diverso daquele liderado por Trump.

Peça 3 – o elefante e os sete cegos

Tudo isso impactou o pensamento militar, e a uma perda ampla de referenciais. Afinal, o que pensam os militares brasileiros?

Antigamente, os Clubes Militares refetiam as divisões nas Forças Armadas. E essas divisões se davam apenas entre o oficialato. Havia. Grupo pró-americano, liderado por Eduardo Gomes, Juarez Távora. Na outra ponta, o grupo nacionalista liderado por Stillac Leal, Horta Barbosa, os Cardoso (pai e tio de Fernando Henrique Cardoso). Ambos com posições ideológicas e políticas bastante claras.

Hoje em dia, há confusão total. De um lado, a absoluta falta de projeto nacional pelas Forças Armadas. A rigor, os únicos grupos que pensam estrategicamente a questão da segurança nacional são os Institutos Militares – mas sem eco nos centros de poder militar.

Ao lado disso, há um novo espaço de discussões dos escalões inferiores. No pré-64, o conceito de hierarquia foi abalado pelo fantasma da sindicalização de soldados, cabos e sargentos. Cabo Anselmo foi o agente infiltrado que, com seus fake News, ajudava a incendiar os escalões superiores, acelerando a adesão ao golpe militar.

Hoje em dia, a opinião da base se consolida através das redes sociais e de grupos de WhatsApp.

Por outro lado, o trabalho de desmoralização da política, empreendido pela Lava Jato, com aval do Supremo, abriu um vácuo de poder que, em determinado momento, foi ocupado pelo Ministério Público Federal. Duas ações nefastas endossaram a ascensão de Bolsonaro e, com ela, a contaminação política do poder militar. Do lado da Justiça, a Lava Jato; do lado das Forças Armadas, o general Villas Boas.

Hoje em dia, a questão militar é uma incógnita. Lembra a fábula do elefante e os 7 cegos. Cada jornalista traz as impressões que colhe junto aos militares que conhece, e atribui as declarações a um genérico “os militares”. E há as chamadas vivandeiras, pretendendo definir as manifestações na Paulista como meras brigas de torcida, que justificariam a intervenção militar.

4 – A incógnita militar e os poderes

Pelos ecos da cobertura de Brasília, percebe-se três níveis de posição entre os militares.

O Alto Comando parece preocupado com a imagem da instituição. E entendendo o estrago causado pela aproximação com um Presidente desastroso e temerário como Bolsonaro. A indignação com o vazamento do vídeo da reunião de 22 de abril foi devido ao fato de expor a humilhante subordinação dos ministros militares ao comando constrangedor de Bolsonaro.

Há o grupo dos interessados, dos dois mli e tantos  militares, muitos da ativa, convocados para cargos no governo. E os herdeiros da guerra fria, como esse inacreditável general Alberto Heleno.

As reportagens de Brasília refletem, em geral, opiniões de um desses três grupos. Mas não trazem o todo. Como são as discussões internas entre essas posições? Quais as pressões de lado a lado? Até que ponto o Alto Comando vai aceitar a defesa da Constituição que, de alguma forma, prejudique o protagonismo recente das Forças Armadas, que as fizeram merecedoras de benesses nas reformas da Previdência e nos cargos públicos?

É essa falta de informação que segura a cassação da chapa Bolsonaro.

Ontem, no editorial “Os democratas precisam conversar” O Globo comprovou a influencia da incógnita militar. Propôs uma grande frente nacional em defesa da democracia, como ocorreu após o impeachment de Collor. Ótimo! Conclamou todos os setores democráticos, da esquerda moderada à direita moderada para um pacto nacional. Maravilha! Denunciou o método chavista de Bolsonaro, de cooptar militares, muitos da ativa, para compromete-los com seu projeto de poder. Verdade! E encerrou com a verdadeira quadratura do círculo: “Esta via política não deve excluir Bolsonaro, que, por sua vez, precisa fazer um gesto pelo entendimento, a melhor alternativa também para ele e seu governo”.

É o chamado prego sobre vinil.

No Supremo Tribunal Federal, o Ministro Alexandre de Moraes aposta que Bolsonaro blefa ao invocar o apoio militar. Já Dias Toffoli e Celso de Mello temem a ascensão do fascismo.  Mas, independentemente do maior ou menor receio, sabe-se que o enfrentamento será inevitável.

Para Gilmar Mendes, o mais relevante, no momento, é desconstruir, junto ao Alto Comando das Forças Armadas, o discurso bolsonarista de que as decisões do Supremo, como a autonomia dos estados para decidirem sobre o isolamento, é inconstitucional; desconstruir a tese absurda de Ives Gandra de que o artigo 142 da Constituição conferiu às Forças Armadas o poder de defender a Presidência contra outros poderes; e rechear o inquérito 141, de Alexandre de Morais, com provas definitivas e irrefutáveis.

Enquanto isto, o receio dos Ministros é, em algum momento, um grupo de milicianos tentar invadir o Supremo e a Polícia não agir para contê-los.

Peça 5 – sem empate

O relevante é que parece ter caído a ficha geral do risco da prorrogação do governo Bolsonaro. Não há acordo possível. E não há empate. O STF e o Tribunal Superior Eleitoral têm que pagar para ver.

Há dois resultados possíveisO primeiro é as Forças Armadas respeitarem a Constituição e acatarem as determinações do Supremo. Nesse caso, encerra-se o drama brasileiro através do TSE e abre-se o espaço para um governo de transição comandado por Rodrigo Maia.

Se as Forças Armadas endossarem Bolsonaro, então não há o que discutir. Apenas se anteciparia um golpe inevitável.

Seja qual for a visão dos Ministros, há uma ampla solidariedade a Alexandre de Morais. E a convicção de que, nessa guerra entre a democracia e a barbárie, não há espaço para empate.

Luis Nassif

20 Comentários

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  1. Cassação da chapa é impossível, pois os militares, como um vampiro renascido, não vão largar o afrodisíaco pescoço do poder – ainda mais que voltaram ao poder pelo voto e não pelo tanque. Impeachment só é viável a começar a ser pensado se Bolsonaro estiver com baixa popularidade ( pelo menos metade dos 33 por cento que tem hoje ). E mesmo que a popularidade dele derreta totalmente, não se espere que as PMs (ontem na Paulista foi a prova mais do que clara pra quem tinha dúvida se a PM hoje é um exército dos Bolsonaros) vão aceitar pacificamente essa decisão: haverá sangue. Por fim, talvez a saída menos traumática seria fazer um pacto em que a alta cúpula das forças armadas forçasse Bolsonaro ( no estilo Don Corleone ” Vou te fazer uma proposta irrecusável” ) a renunciar e em troca haveria uma anistia informal aos filhos encrencados na justiça. De todos esses caminhos, pra mim é chance zero a cassação da chapa pelo TSE. Se esse tribunal não cassou a chapa para tirar Temer – cuja popularidade na época não daria condições de ele ser síndico de prédio – não será agora que terão coragem de cassar uma chapa cujo presidente, apesar de todo o caos que cria, ainda tem um terço do eleitorado.

  2. Vai ser engraçado ver militares aderirem à aventura golpista em troca de alguns carguinhos, uma completa desmoralização para quem se reivindica o protetor do país por motivos ‘patrióticos’.

  3. nós já estamos numa ditadura. desde sempre alardeou-se que generais não bateriam continência a um capetão, é o que se tem feito. ágora: o Japão, após a Segunda Grande Guerra simplesmente extinguiu seu exército, o que o alçou a um dos países mais sofisticados do mundo, sem perder muito da sua tradição, e de um avanço tecnológico sem precedentes: assim, não seria de se pensar no fim do exército (que onera o erário sem qualquer retorno) e na unficação das polícias, como sugeriu (neste último caso) Leonel de Moura Brizola?

    Capítulo II. Renúncia a Guerra

    Artigo 9. Aspirando sinceramente a paz mundial baseada na justiça e ordem, o povo japonês renuncia para sempre o uso da guerra como direito soberano da nação ou a ameaça e uso da força como meio de se resolver disputas internacionais.
    Com a finalidade de cumprir o objetivo do parágrafo anterior, as forças do exército, marinha e aeronáutica, como qualquer outra força potencial de guerra, jamais será mantida. O direito a beligerância do Estado não será reconhecido.

    https://www.br.emb-japan.go.jp/cultura/constituicao.html

  4. É um erro de avaliação considerar que “não há projeto” no bestunto dos militares. Ora, o projeto deles É este governo; É a cartilha neoliberal e a interdição de qualquer alternativa à esquerda. Ponto.

    É o mesmo erro de avaliação que leva a estranhar a postura da Globo.

    Esta geração de militares abandonou as veleidades desenvolvimentistas ao longo da hegemonia do pensamento neoliberal, assim como manteve os ressentimentos da guerra fria intactos. Nao esqueçamos, Sylvio Frota é o patrono desta turma. Não será uma discordanciazinha ou outra que vai fazer rachar um projeto justo agora que eles estão por cima. Talvez lá na frente, bem lá na frente, quando a boçalidade voltar a atingir limites insuportáveis até para os estômagos mais fortes, e a “esquerda” esteja novamente desvertebrada ou até mesmo aniquilada, vejamos uma nova distensão lenta, gradual e segura…

    Mais sabe-se lá quantas décadas depois será publicado um editorial ou algo parecido com algum tipo de mea culpa.

    Se figuras torpes e pateticas como Celso de Melo e Alexandre de Moraes ensaiam pagar pra ver, imaginem os facínoras das milícias e do mercado que andam por aí.

    Figuras como Gilmar Mendes, por exemplo, com essa conversa mole achando que algum cavalheirismo seduz esses generais, estão mais é cavando posição no próximo regime.

  5. Nessa análise, faltou considerar o General Mourão que como vice-presidente e provável sucessor de Bolsonaro parece ser bastante representativo do pensamento do alto comando.

  6. Valor: É um Brasil fascista que emerge das urnas?

    Wanderley Guilherme dos Santos: Fascismo é uma expressão bastante trivializada que esquece aspectos fundamentais como o da organização paramilitar, toda a população organizada com uma hierarquia estabelecida e com uma estratégia de ação de violência, mas sob coordenação. Nada disso existe no Brasil.

  7. QUAL A SERVENTIA DAS FORÇAS ARMADAS?
    ONEROSOS E INIMIGOS DO POVÃO,SERVEM AOS RICOS,UM FARDO PENOSO NO LOMBO DO TRABALHADOR.
    A FARDA SEMPRE ESTEVE PROPENSA A GOLPES E TIRANIA.

  8. o importante é que assuma um governo de inclusão social e que acabe a ditadura financista do neonliberlismo.
    o resto é conversa de acerto das elites como sempre fizeram na nossa história – juntos, defendendo brilhantes ideias iluministas desde que não haja povo, que tem de aceitar ser esravo – agora do chamado feudalismo digital criado pelo capitalismo de vigilância fascistibuquiana.

  9. Para respeitar a constituição tem que ter eleição direta se a chapa for cassada nos primeiros dois anos do governo e eleição indireta se for nos dois últimos anos do governo! Onde entra o Rodrigo Maia nessa história?

  10. Nassif, esse início ficou confuso. Pois se haviam 2 grupos no primeiro parágrafo, como apareceram 3 no 2º parágrafo?
    Até os anos 80, o comportamento militar brasileiro era previsível. Havia dois grupos principais. Um deles, de alinhamento com os Estados Unidos, processo acelerado iniciado na Segunda Guerra e tendo como expoentes o grupo da Sorbonne – liderado intelectualmente por Golbery do Couto e Silva. Havia um segundo grupo, ligado genericamente à chamada linha dura, ao qual pertenceram, em épocas diferentes, Arthur da Costa e Silva, Garrastazu Médici. E um grupo egresso do tenentismo dos anos 30, tendo como líder o último dos tenentes, Ernesto Geisel.

    O primeiro grupo era defensor do mercado, do alinhamento automático com os Estados Unidos. O terceiro grupo apostava em um projeto nacional fincado na industrialização. E o segundo grupo era pragmático: queria o poder.
    A cassação da chapa der Bolsonaro – O problema que ao cassar o Bolsonaro, também cassará o Mourão. É viável dividir a Legião em duas frentes de batalha?

  11. Por que o exército ainda não interveio?
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    A grande incógnita que há no Brasil nos dias de hoje é por que o exército não interveio ao lado de Bolsonaro ao dar um autogolpe?
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    Há diversas opiniões que colocam perigos tais como opinião internacional ou mesmo uma revolta popular que num futuro a médio prazo poderia simplesmente causar uma terra arrasada em todo o Estado Brasileiro, mas há outro problema que todos estão minimizando, mas é algo a curto prazo que pode levar a ruptura da cadeia de comando de toda as forças armadas.
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    A base principal de apoio de Bolsonaro são as polícias militares e qualquer movimento de ruptura da ordem constitucional levará necessariamente ao empoderamento dessas polícias em relação ao próprio exército, ou seja, haveria uma inversão em que constitucionalmente as polícias militares estão em caso de necessidade subordinadas às forças armadas. Se há um autogolpe de Bolsonaro ele não tem confiança no exército, pois sabe que os militares poderão eventualmente o derrubá-lo, logo as polícias militares que são mais fragmentadas e tem maior lealdade a Bolsonaro do que ao exército, poderão posteriormente simplesmente reverterem as posições, ou seja, tornando o exército uma unidade de apoio às polícias militares e jogando o papel dessas a simples proteção das fronteiras, o seja, transformar às tropas do exército como uma patrulha de fronteiras.
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    A única solução do exército para um autogolpe seria uma intervenção profunda nas polícias militares, valendo-se de dispositivos constitucionais e retirando todo o poder dos comandos inclusive dos comandos operacionais, ou seja, comandos como de tropas especiais e destacamentos com mais poder. .
    Entretanto esse tipo de operação não pode ser feito com um mínimo de apoio em alguns elementos de cada tropa, pois se assim não for feito a possibilidade de motins é imensa.
    Outro problema que se deve levar em conta é que nos baixos escalões do exército a penetração da influência de Bolsonaro é muito grande e com isso também pode haver sublevação da tropa contra o comando.
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    Em resumo, exceto a inação das forças do exército num autogolpe de Bolsonaro o caminho para o apoio dos comandos militares é altamente complexo e uma equação de difícil solução.
    Agora alguém pode perguntar. Pode as polícias militares agirem por conta própria? Certamente que não, pois as polícias militares tem um treinamento que não comporta esse tipo de ação e por serem forças estaduais sob o controle teórico dos governadores, essas para romper a ordem constitucional terão que ir contra os governadores e se algumas dessas forças, não precisa ser muitas, mantiverem a lealdade aos princípios constitucionais o autogolpe certamente falha.
    .
    Também há a possibilidade de que uma pequena fração das forças armadas e polícias militares se mantenham dentro da ordem constitucional, não aderindo ao autogolpe e tiverem algum contato com outros países hegemônicos, como o próprio Estados Unidos e se tiverem esse contato poderão contar com apoio logístico que definiria a queda do autogolpe em questão de dias, mas isso com enfrentamentos reais. Porém temos que levar em conta que o exército brasileiro assim como as outras armas, não tem uma logística para enfrentar qualquer situação de combate por períodos mesmo que curtos, ou seja, uma secessão parcial pode ocorrer e poderá causar um dano muito maior do que os objetivos de um autogolpe, principalmente porque uma crise econômica internacional com características inéditas se avizinha, ou seja, a ocupação do poder por um governo não constitucional com a movimentação completamente imprevisível no cenário internacional coloca um enorme ponto de interrogação na sobrevivência de um governo que não seja reconhecido por parceiros importantes internacionais, por exemplo, se a comunidade europeia ou mesmo alguns países importantes dessa comunidade mostrar abertamente a sua oposição a um novo governo sem base constitucional o sistema econômico nacional se esvai, as contradições internas (econômicas) se agudizam e a sobrevivência de um Estado de Exceção não poderá ser mantida por mais do que menos de uma dezena de meses.

  12. Vejamos como uma cidadã da base da pirâmide como eu vê esses movimentos:
    1 – os militares brasileiros são um bando de alienados velhacos que só se preocupam em não casar as filhas para continuar recebendo salários indevidos. Ou com sinecuras que lhes dão dinheiro e poder para negociatas. Salivam, assim como os ricos cafonas brasileiros, por um apartamento em Miami sem qualquer respeito pelo país e pela nação. A referência são os Estados Unidos, não as fronteiras brasileiras
    2 – o movimento do STF atende a plutocracia brasileira, não a nação brasileira. Alexandre de Moraes é homem do Temer e do Psdb paulista, Gilmar Mendes é homem do Psdb, Celso de Mello do Sarney e o Toffoli é um imbecil. As ações que encaminham não tem a ver com respeito às instituições ou normalidade democrática. Atuam para colocar o Psdb/Dem ou a direita servil à plutocracia que, desde sempre manteve a desigualdade social, de novo ao centro do poder deslocado pelo despreparado e imprevisivel, mas esperto politico, que colocaram no poder. O prazo que trabalham é para a cassação da chapa e o entronização de Rodrigo Maia, homem deles, na presidência. Só que tem uma incógnita no xadrez viciado que montaram. Bolsonaro é imprevisível e não age como Dilma Roussef e o PT que calados caminharam para o cadafalso quando montaram o outro golpe.
    Estou torcendo para briga porque ambos são lados da mesma moeda e esse país foi, é e continuará sendo uma tragédia. Mas no quesito hipocrisia Bolsonaro tem muito mais caráter.

  13. O golpe será promovido com a mobilização do “tenentismo miliciano”: a baixa oficialidade mentecapta que vai romper com a hierarquia e disciplina destes generais bundões. Vejam o perfil dos recem nomeados para o ministério da saúde. Só bolsominion. E esse tenentismo miliciano terão o apoio dos milicianos de farde e sem farda das policias militares estaduais. E o apoio da turma de pijama. Algo que guarda relação com o que ocorreu na Bolívia.
    Ou seja, teremos um períodos de caos, muitas mortes, algumas de nossas lideranças populares talvez tenham que se esconder ou se exilar em embaixadas (sair do pais vai ser uma coisa complicada devido ao fechamento das fronteiras.)
    O empresariado fascista, com o apoio do Guedes, irá implementar a toque de caixa o que falta para liberar o capitalismo 100% predatório do país. Os ruralistas vão passar a boiada inteira.
    O repudio internacional vai provocar a queda vertiginosa das exportações, o cambio irá nas alturas, faltarão insumos, preços subirão.
    Será o maior trauma da história do Brasil.
    O nazi-fascismo teve que ser vivido para ser destruído.
    E um final do clã a la mussolini os espera.
    Pena que a um preço tão caro, de muitas vidas brasileiras.
    Seremos a África do sul do apartheid do século XXI.
    Exagero meu? Delírio conspiratório? Aguardem.
    De saldo positivo, talvez finalmente os militares tenham a punição jamais tiveram. Sem isso, não teremos jamais uma democracia estável.

  14. A questão econômica, a geopolítica e a luta de classe;

    Do ponto de vista econômico, muito provavelmente a China deve emergir depois da pandemia, como o principal mercado consumidor e o principal produtor industrial do mundo, o que deve abalar o atual padrão monetário internacional.

    Além disso as principais economias do mundo vão rever o conceito de segurança nacional e tentar diminuir a dependência da China. de produtos considerados de segurança nacional, o vai provocar uma reorganização das cadeias de produção nacional e internacional.

    Apesar de o Brasil ocupar um importante papel de fornecimento de matérias primas para China, o que poderia levar o EUA a tentar exercer uma maior influência sobre o Brasil, na tentativa de obter um maior poder de barganha. A China poderia buscar outros fornecedores, o que tornaria em vão os esforços dos EUA.

    Do ponto de vista da luta de classes, hoje no Brasil e na América do Sul, não há o menor risco para as controladores do capital, que coloque em risco o capitalismo.
    Durante a guerra fria, principalmente diante da revolução cubana, os EUA patrocinaram a instalação de ditaduras militares na América latina, com objetivo de evitar as revoltas populares alinhadas a URSS;

    Hoje no Brasil não há grandes riscos de revoltas populares, e nem as principais alternativas de poder incluindo o PT, representam um risco para os controladores do capital ou ao capitalismo.

    Os militares que hoje estão no comando das forças armadas correriam muito mais riscos sob um governo ditatorial, já que uma vez importa a ditadura, com os militares de baixa patente de armas na rua, qualquer que estiver na presidência não teria dificuldade em substituir os atuais comandante. Principalmente considerando que o atual governo tem um grande apoio entre os militares de baixa patente.

    Não há justificativas para os militares apoiarem o governo eleito em 2018 em projeto ditatorial, muito pelo contrário, hoje a revolta popular que está totalmente descartada. e um golpe militar pode provocar uma revolta popular de proporções incalculáveis

  15. Bolso tem q deixar de ser burro e governar direito,tão pedindo pra ele agitar o ambiente q “eles garantem”(Quem?Os de verdes!?EUA?)tão jogando ele na fogueira e o besta tá adorando (não é santo,eu sei!)

  16. O post não abordou a questão geopolítica. Lembro-me de bolsonaro numa reunião internacional importante em que Putin fica de frente para ele, aguardando alguma palavrinha que fosse. Que nada! As únicas palavras que Bolsonaro soltou foi em outra reunião em que disse as únicas que sabia “I love you!” Os EUA estão em decadência. China, Rússia e alguns países da Europa estão se preparando para tomar a condução da economia mundial. Os EUA deixaram de possuir a hegemonia bélica. Como fica um presidente diante disso tudo? Lula entende sobre isso. É o cara, certo?

  17. Difícil não é um ser bom e proceder honesto
    “O mais difícil não é um ser bom e proceder honesto, dificultoso mesmo, é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até o rabo da palavra.” João Guimarães Rosa em Grande Sertão Veredas.
    No mesmo parágrafo Guimarães Rosa diz que “viver é perigoso”. E é isso que os incautos têm aprendido nesses meses que passamos a enfrentar a maior pandemia dos últimos cem anos, ceifando milhares de vidas, interrompendo o andar da economia, trazendo insegurança, pobreza, miséria e agonia para muitas famílias. Mas há um ditado popular que afirma que “desgraça pouca é bobagem”, e nós brasileiros somos obrigados a viver, além de todos os efeitos da Covid-19, também uma crise institucional com consequências imprevisíveis.
    Há uma nítida diferença entre crise institucional e crise política. Afinal, quando há uma crise política, mesmo as de dimensões dantescas, as instituições democráticas, a divisão dos poderes, a imprensa, a sociedade civil organizada, as diferentes esferas de governo etc. freiam os ânimos mais exaltados e se impõem. Isso é justamente aquilo que os federalistas estadunidenses batizaram de sistema de freios e contrapesos. Já numa crise institucional, o que está em xeque é justamente o funcionamento das instituições, no caso de uma democracia, obviamente, as instituições democráticas.
    Muitos divergem sobre a gênese da atual crise institucional. Para alguns ela começou no processo de impeachment que apeou Dilma Rousseff – na verdade impeachment nesse caso não é nem aforismo, é sofisma puro, o que houve ali foi um golpe parlamentar orquestrado pelo grande capital em conluio com o que há de mais baixo na representação política nacional. Outros irão até 2013 para afirmar que as Jornadas de Junho foram o estopim da crise – e inferno – na qual estamos a ser tragados vagorosamente.
    Porém, não creio que a data inicial seja alguma dessas duas. Para ser bem sucinto nessas linhas uma vez que o objetivo aqui não é esmiuçar as Jornadas de Junho de 2013, creio que aquele foi o momento em que a direita aprendeu a disputar às ruas aproveitando-se da debilidade da esquerda após onze anos de governos petistas, onde indubitavelmente o subproletariado encontrou no lulismo uma oportunidade histórica única, mas tendo também em vista que uma das bases do lulismo é a arbitragem de conflitos – André Singer mostra isso de forma extraordinária em Os sentidos do Lulismo.
    Já o golpe de 2016, embora possua ligação com o aprendizado que a direita teve de disputar – e tomar – às ruas, está mais ligado à negação do resultado da eleição presidencial de 2014 que reelegeu Dilma Rousseff. Quando o presidenciável derrotado Aécio Neves não aceitou o resultado, passou a buscar maneiras de impedir o andamento do governo legítimo, rejeitando o resultado das urnas, recorrendo ao TSE, atiçando movimentos contrários à democracia e implodindo, com auxílio generoso de Eduardo Cunha, a base parlamentar da presidenta reeleita. E aí sim está a gênese da crise institucional.
    Não obstante, sem perceber, Aécio Neves abriu as porteiras para a boiada do fascismo. O resultado da eleição presidencial de 2018 só pode ser entendida através da negação do processo eleitoral anterior. E agora que Bolsonaro chegou à presidência da República recebendo pouco menos de 40% de votos do total de eleitores aptos e procura (sic) governar por meio do conflito, a crise institucional é fomentada cada vez mais pelo próprio presidente – que teria por obrigação constitucional defender as instituições democráticas – , além de sua família e seu séquito.
    Difícil crer na passividade e tibieza do Congresso e do Supremo Tribunal Federal ante os ataques diários que têm sofrido. Uma ativista de ultradireita usa as redes sociais para ameaçar o ministro Alexandre de Moraes e vai além, ameaça seus familiares e funcionários. Ao Invés de responder pela ameaça explicita, a ativista lidera alguns gatos pingados fantasiados em alusão à Ku Klux Klan numa passeata noite adentro em Brasília rumo a sede do STF. O objetivo é claro, intimidar ministros da corte. Um ministro de Estado chama os ministros do STF de vagabundos e propõe a prisão deles, e mesmo assim continua sua gestão alucinada na pasta da Educação. Outro ministro de Estado, esse o posto Ipiranga da Economia, sugere a servidão obrigatória para jovens em vulnerabilidade social e a grande imprensa omite tamanho acinte. A mesma imprensa é agredida, inclusive fisicamente, todos os dias por ativistas pró Bolsonaro no “chiqueirinho” – para onde Bolsonaro a exilou – do Palácio do Planalto.
    Tornou-se corriqueiro sermos chocados aos domingos com imagens de grupos pedindo intervenção militar, AI-5, fechamento do STF e do Congresso Nacional e o diabo a quatro com o presidente da República participando e regozijando-se. E ainda fazem o samba do fascista doído, põem no mesmo balaio referências, já citadas, à Ku Klux Klan, bandeiras do Brasil Império, símbolos do grupo antissemita ucraniano Setor Direito e bandeiras de Israel. Uma miscelânia fascista.
    No último domingo muitos se incomodaram com torcidas organizadas se manifestando pela democracia, mas esses mesmos incomodados taparam olhos e nariz quando pastores charlatões guiaram seu rebanho para o candidato que sempre pregou que bandido bom é bandido morto ou quando empresários da FIESP apoiaram o candidato que um dia afirmou que o Brasil só seria endireitado por intermédio de um guerra civil.
    Como cereja do bolo de domingo passado, nosso presidente retuitou Trump sugerindo criminalizar grupos antifascistas.
    Diante de tal quadro, não dá para ter outra conclusão, se todos aqueles que sentem na alma o dever de defender a democracia se calarem ou ficarem escondidos atrás de cálculos eleitorais e não se unirem – esquecendo brevemente as divergências existentes e legitimas – logo não teremos mais campos liberal, neoliberal-conservador ou democrático-popular, mas sim uma ditadura comandada por psicopatas.
    Chegando o mais próximo que consigo de parafrasear Guimarães Rosa, difícil não é ter boas intenções, mas sim desprendimento para superar momentaneamente divergências e lutar por algo maior.

  18. FHC é o maior rabo preso do Pais. Esse rabo preso dele que impediu de declarar voto contra um cara que o ameaçou de fuzilamento. “Através do voto você não vai mudar nada nesse país, nada, absolutamente nada!. Só vai mudar, infelizmente, no dia em que partir para uma guerra civil aqui dentro, e fazendo o trabalho que o regime militar não fez. Matando uns 30 mil, começando pelo FHC”

    Mas o frouxo do FHC, não declarou voto contra um cara que proferiu essa frase escatológica acima. Sabe que foi blindado pela lava-jato como a gente viu na vaza jato:
    “Tem alguma coisa mesmo seria do FHC? O que vi na TV pareceu muito fraco?”, diz Moro em 2017. O procurador Dallagnol concorda que os indícios são débeis, mas argumenta que investigar todos reforçaria a “imparcialidade” da força-tarefa. O então juiz retruca: “Ah, não sei. Acho questionável pois melindra alguém cujo apoio é importante.”
    Esse é o FHC que foi sempre um protegido das suas roubalheiras. Sabe que não resiste a cinco minutos de delação de Jovelino Mineiro.

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