Xadrez da revanche de Silvio Frota e o Dispositivo Militar de Bolsonaro, por Luis Nassif

A cada dia que passa mais fica minguada a base de apoio a ele. A continuar nesse ritmo, o mais provável é que, quando chegar o momento do confronto, Bolsonaro caia de maduro.

Peça 1 – a derrota de Silvio Frota

Ministro do Exército em 1977, Silvio Frota era o representante mais ostensivo da linha-dura de Costa e Silva, o general do AI-5. No final do governo Geisel, Silvio Frota tentou se lançar candidato à Presidência. Seu discurso era a de que Geisel estava dando espaço para comunistas, tipo que ele via em todas as frestas do país.

Aliado do jogo por Geisel, Silvio Frota planejou um golpe de Estado. Geisel agiu antes.

No dia 10 de outubro de 1977, Geisel informou os generais Golberi do Couto e Silva, Chefe do Gabinete Civil, e Hugo Abreu, do Gabinete Militar, de sua decisão de demitir Frota. Seria em 12 de outubro, feriado em Brasília e, por isso mesmo, reduzindo a repercussão.

Foi feito um trabalho rápido de preparar as Forças Armadas para resistir à tentativa de golpe. Duas divisões foram essenciais. Do Rio de Janeiro, a Brigada de Paraquedistas comandada pelo general Fernando Valente Pamplona; em Brasília, o general Arnizaut de Matos, comandante militar do Planalto. A guarnição chave era a Infantaria Motorizada, sediada em Cristalina (GO).

Ponto central dessa história foi o general Roberto França Domingos, casado com uma sobrinha de Geisel e comandante daquela guarnição. Foi o fator de desequilíbrio, em um jogo em que Frota tinha o apoio  dos comandantes de dois dos quatro exércitos nacionais.

Frota foi varrido do jogo político. Quem acompanhou todos os passos foi o jovem capitão, membro do gabinete de Silvio Frota, Augusto Heleno, hoje general da reserva e Ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). E, com ele, os resíduos da linha dura dentro do Exército, e dos homens do porão que, a exemplo de Jair Bolsonaro, se reorganizaram fora dos quartéis, muitas vezes em milícias.

Peça 2 – as visitas de sábado à tarde de Bolsonaro

No dia 24 de abril o então Ministro da Justiça Sérgio Moro pediu demissão. Era considerado uma das âncoras do governo e, sua saída, sinal de crise brava pela frente.

No dia 2 de maio, Bolsonaro foi de helicóptero a Cristalina e pousou no quartel do Exército.

Cristalina fica em Goiás, no alto da Serra dos Cristais, a 132 km de distância, na bifurcação de uma rodovia. Um lado liga Distrito Federal ao Rio de Janeiro e ao Triângulo Mineiro; outro lado liga o DF a São Paulo e ao Sudeste,

E tem a 3a Brigada de Infantaria e uma Companhia da Polícia do Exército.

No dia 30 de maio, Bolsonaro foi a Abadiânia, a 119 km de Brasília, em companhia do deputado major Vitor Hugo (PSL-GO). O deputado, eleito pela Polícia Militar de Goiás, divulgou um vídeo de Bolsonaro recebendo homenagem de militares.

https://www.facebook.com/jairmessias.bolsonaro/videos/341249620189413

 

Ontem, Bolsonaro visitou Formosa (GO) a apenas 80 km de BSB a porta de acesso ao Norte Nordeste e Oeste da Bahia. Visitou o quartel e também o Clube de Tiro da cidade.

Formosa fica a apenas 80 km de Brasília. Recentemente, houve a transferência, para lá, do Centro de Instrução e Artilharia de Mísseis e Foguetes, que anteriormente ficava no Rio Grande do Sul. Foi uma mudança técnica do Alto Comando das Forças Armadas. 

Sem máscara Bolsonaro visitou o Comando de Artilharia do Exército e foi convidado a disparar um foguete SS40.

Do ponto de vista tático, as guarnições visitadas por Bolsonaro controlam todas as portas de entrada para Brasília. Se alguém pretendesse um golpe de estado clássico, os três locais seriam estratégicos.

Peça 3 – o significado das visitas às guarnições militares

Vamos conferir, primeiro, as questões mais objetivas:

  1. O governo Bolsonaro agoniza. Fica cada vez mais claro que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) está disposto a interromper a destruição do país.
  2. O dispositivo militar de Bolsonaro – os generais Hamilton Mourão, Braga Neto, Luiz Eduardo Ramos, Augusto Heleno e Eduardo Pazuello – procura montar o contra-ataque. Tem levantado argumentos sobre a suposta infiltração internacional nas manifestações, trata as manifestações como criminosas e ora ameaça, ora recua, em relação ao Supremo Tribunal Federal.
  3. Há um movimento claro de armar as milícias, com mudança em regulamentos para facilitar a posse de armas, e conclamações de Bolsonaro, para a população se armar.
  4. As manifestações do Dispositivo Militar de Bolsonaro mostram claros preparativos para a guerra política. Suspensão de informações contrárias ao governo, criminalização dos protestos, reação contra tribunais, aparelhamento do Ministério da Saúde, subordinando-o às estratégias políticas de Bolsonaro, tudo indica reforço da trincheira para comandar um contra-ataque aos inimigos.

É evidente que as visitas de Bolsonaro a guarnições militares estratégicas fazem parte dessa estratégia de guerra.

Há dúvidas apenas sobre a motivação.

Hipótese 1 – tenta cooptar guarnições para o golpe.

Hipótese 2 – trabalha para reduzir as resistências das guarnições, para casos de reações armadas de grupos pró-Bolsonaro.

Peça 4 – o mapa do golpe 

Tudo indica  a Hipótese 2 como a mais provável. 

Todos os sinais indicam que a atual geração das Forças Armadas é imune a aventuras golpistas. Os generais palacianos são isso aí: generais de Bolsonaro, defendendo o governo Bolsonaro e os seus próprios cargos, e não avalistas das Forças Armadas junto a um governo abilolado.

Então com quem Bolsonaro ousaria o golpe? Sua base de apoio armado é óbvia, mas ainda sem uma organização central:

* Policiais de bases da Polícia Militar. Em alguns estados, como Goiás, provavelmente toda a corporação.

* Clubes de tiros.

* MIlícias do Rio de Janeiro e outros estados, para onde elas se expandiram.

* Fanáticos em geral, distribuídos pelo país, mas sem dimensão política ou bélica maior.

Por tudo isso, o mapa do golpe parece claro.

  1. Aguardar a ampliação dos protestos e procurar criminalizá-los.
  2. Desenvolver a narrativa da perseguição das instituições contra ele.
  3. Acelerar a arregimentação dos seus aliados armados.

Ocorre que o governo Bolsonaro já entrou na reta final. Esgotou-se politicamente e isolou-se em relação aos aliados iniciais. Agora, entra-se na contagem regressiva para o julgamento no TSE, sujeita a acelerar dependendo de novos abusos de Bolsonaro.

Os últimos episódios – como a sonegação de informações do Covid-19 – comprovam que os absurdos continuarão se repetindo diariamente. Os militares de Bolsonaro já ligaram o botão de pânico e terão que acelerar – e se expor diariamente – para montar suas trincheiras e tentar sair da defensiva atual.

Se houver alguma iniciativa maior de reação, será através de eventuais Policiais Militares estaduais.

Há um histórico de intervenção das Polícias Militares na história do Brasil.

No contragolpe do Marechal Lott, a PM mineira foi decisiva para assegurar a posse de JK.

Em 1964, o governador mineiro Magalhães Pinto já tinha montado até um Ministério para a hipótese de assumir o poder. Escudava-se também na PM mineira, anunciando que poderia virar um Exército com a decretação do estado de beligerância.

Quando o general Newton Cruz (da turma do Augusto Heleno) tentou impedir a eleição de Tancredo Neves, o governador mineiro Hélio Garcia reagiu, avisando que a PM de Minas viraria exército.

Por tudo isso, os governadores terão papel central no contragolpe. E, nos principais estados, Bolsonaro não conta mais com aliados.

A cada dia que passa mais fica minguada a base de apoio a ele. A continuar nesse ritmo, o mais provável é que, quando chegar o momento do confronto, Bolsonaro caia de maduro. E seu dispositivo militar seja uma repetição do famoso Dispositivo Assis Brasil. E pessoas como os generais de Bolsonaro, os Ministros fundamentalistas, os oportunistas que entraram no barco, comecem a pular fora, se preparando para entrar no lixo da história.

Luis Nassif

28 Comentários

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  1. “A cada dia que passa mais fica minguada a base de apoio a ele. A continuar nesse ritmo, o mais provável é que, quando chegar o momento do confronto, Bolsonaro caia de maduro.”
    Essa parte final da frase estou rindo até agora.

  2. Nassif, uma coisa é certa. As diligências da Polícia Federal contra fakenews acertaram de morte o poder de manipulação do bolsonarismo. Dificilmente vejo postagens como via cerca de 2, 3 semanas atrás.

  3. Este artigo está cheio de erros. A elite paulista é que pretendia dar um golpe no Ernesto Geisel.

    Eles usaram o general Silvio Frota para tentar um golpe. O estado de São Paulo foi cercado e seria bombardeado por tropas leais ao presidentes Ernesto Geisel.

    A cidade de Brasília foi esvaziada. O presidente Ernesto Geisel se abrigou na cidade do Rio de Janeiro no Palácio da Guanabara.

    Na verdade quem salvou o presidente Ernesto Geisel de um golpe,foi o seu irmão o general Orlando Geisel. Apesar que os dois estavam brigados.

  4. Se o Brasil já se tornou um pária internacional, com uma aventura golpista, a Nação vai comer capim, pois vai ficar mais isolada do que a Coréia do Norte e Cuba juntas. O Brasil vai apenas importar (enquanto tiver dinheiro), não vai mais exportar nada. Os restinhos de investimentos internacionais que ainda existem aqui vão bater em retirada logo em seguida a qualquer tentativa de golpe. Aí eu vou ver não só nordestinos, mas milicianos, militares e empresários comendo capim. Uma nação de asnos.

    Não há nada tão ruim que não possa piorar.

  5. Que vergonha presidente, você só pensa no que estiver em volta de seu umbigo. O povo que se ferre! Você não governa mais a não ser no seu bem estar pessoal, só tramando contra tudo e todos. Que atitude feia , mesquinha…, pra não dizer ignorante! Quando é que pensas em começar a governar este gigante que é o nosso país?

  6. Não basta julgar e condenar o criminoso Bolsonaro e sua familícia.
    Desta vez, os democratas precisam PUNIR exemplarmente os militares entreguistas. Além de criminosos, são traidores da Pátria.

  7. Porra, como daria certo isso? Expulsam o cara do Exército porque não prestava para ser militar. Mas apoiam o cara para o maior cargo da República (presidência). Qual o sentido disso? Agora ele vai desmoralizar as forças armadas de novo. Simples assim.

  8. Nassif, queria chamar a atenção de que uma tomada de poder neste momento pode até ser fácil do ponto de vista tático-operacional, mas do ponto de vista político dificilmente seria bem sucedida porque tem outras duas dimensões que estão inter-relacionadas e que devem ser levadas em consideração.

    A primeira diz respeito ao reconhecimento internacional a um eventual novo governo, ou seja, ao comportamento dos organismos multilaterais e da comunidade internacional. Claro que a posição dos EUA (de Trump, especificamente) é fundamental para sustentação de um novo regime, mas não me parece estar inteiramente à disposição de Bolsonaro neste momento e isto porque a figura de Bolsonaro é tóxica no mundo inteiro e sua imagem grotesca, em todos os sentidos, sobretudo no que diz respeito ao meio ambiente e aos direitos humanos, é tão negativa que até mesmo um de seus únicos parceiros no mundo hoje pode ter de se afastar dele no caso de um golpe (talvez até antes), de modo que Trump não pode sustentar um golpe de Bolsonaro porque isso deve afetar negativamente sua campanha pela reeleição.

    Joe Biden cobrou de Trump posição em relação a Bolsonaro há alguns dias atrás (seria um teste para tentar colar a imagem de Bolsonaro em Trump?), quando disse que era dever do presidente dos EUA mandar Bolsonaro parar de queimar a amazonia(1) e o comitê dos assuntos tributários das câmara dos EUA reprovaram um acordo comercial com o Brasil por causa de Bolsonaro(2), sem contar que o próprio Trump, sem romper claramente, tentou se desvincular de Bolsonaro(3). (o acordo com a união europeia tb encontra resistências por causa do bolsonaro e isso sem contar os incontáveis artigos nos principais jornais dos eua e do mundo criticando diretamente Bolsonaro e sua postura, o que mostra que sua figura não é muito bem vista mundo afora).

    Isso nos leva a questionar no caso de haver mesmos uma tentativa golpe, como o reconhecimento de um regime militar por Trump influenciaria sua imagem durante a campanha presidencial? Como poderia ser utilizado por Biden na campanha? Trump correria o risco de reconhecer um governo ditatorial militar com a figura desprezível de Bolsonaro à frente?

    Se há um pensamento golpista em marcha, já deve estar sendo discutida, especulada ou mesmo negociada por Bolsonaro com o departamento de estado (basta lembrar da visita do Aloysio Nunes após aprovação do impeachment da Dilma pela câmara) e sem uma sinalização clara de reconhecer um eventual novo governo não acredito que haja uma aventura golpista por aqui e isso porque este novo governo ficaria isolado do mundo inteiro (talvez reconhecido por um ou outro governo de extrema direita, mas sem grande importância). Aposto que trump não dará a benção a esta aventura, pelo menos não antes das eleições. E isto nos leva à segunda dimensão que mencionei e que está diretamente relacionada a esta.

    Um governo ditatorial militar no século XXI, com a potência da internet para a denúncia de seus crimes, não poderá esconder e se blindar dos desrespeitos aos direitos humanos que venha necessariamente a cometer. E isso sem contar que este governo teria a oposição de todo o sistema político tradicional, da maioria dos governadores, da imprensa tradicional, do capital financeiro nacional, além de não poder contar nem mesmo com o capital internacional neste momento de crise mundial. Estas duas dimensões fazem com que um refluxo democrático neste momento levará, inexoravelmente, em algum momento muito em breve seus responsáveis ao banco dos réus por crimes contra a humanidade.

    Além disso, passado este regime, será reparada a impunidade da anistia de 79 porque além de todos virem a ser julgados, serão criados mecanismos definitivos de responsabilização e prisão para membros das forças armadas que ameacem as instituições no futuro, como foi feito no uruguai, chile e argentina nos anos 90 e que ainda não conseguimos fazer por aqui. Nem vou entrar no estrago na imagem das forças armadas diante da incompetência para a gestão pública, para a qual não foram preparadas, pois nem durante o regime militar, quando eles tinham projeto de país e pensavam estrategicamente, foram tão ousados em colocar militares para assumir os cargos públicos como estão assumindo agora.

    Por tudo isso, considero não ser viável as forças armadas embarcarem em um golpe neste momento, porque realmente tomar o poder até é fácil, mas difícil é sair dele de cabeça erguida.

    (1) “Nós deveríamos ter um presidente que estivesse falando agora com o presidente do Brasil, dizendo: ‘Olhe, pare de queimar a Amazônia’, que é maior sumidouro de carbono no mundo”, declarou Biden. https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/ansa/2020/05/22/pare-de-queimar-a-amazonia-diz-biden-sobre-bolsonaro.htm

    (2) “Nós nos opomos fortemente a buscar qualquer tipo de acordo comercial com o governo Bolsonaro no Brasil. O aprimoramento do relacionamento econômico entre os EUA e o Brasil, neste momento, iria minar os esforços dos defensores dos direitos humanos, trabalhistas e ambientais brasileiros para promover o estado de direito e proteger e preservar comunidades marginalizadas”, escreveram eles. https://www.msn.com/pt-br/news/brasil/comit-c3-aa-da-c-c3-a2mara-dos-eua-diz-que-se-op-c3-b5e-a-qualquer-acordo-comercial-entre-eua-brasil/ar-BB14ZCCu

    (3) “Se você olhar para o Brasil, eles estão passando por dificuldades. A propósito, eles estão seguindo o exemplo da Suécia. A Suécia está passando por um momento terrível. Se tivéssemos feito isso, teríamos perdido 1 milhão, 1 milhão e meio, talvez até 2 milhões ou mais de vidas”, disse Trump na Casa Branca, acrescentando que agora é hora de acelerar a reabertura. https://noticias.r7.com/internacional/trump-cita-brasil-como-pais-com-problemas-para-conter-coronavirus-05062020

  9. “Por tudo isso, os governadores terão papel central no contragolpe. E, nos principais estados, Bolsonaro não conta mais com aliados.”

    Supõe-se, então, que os governadores contarão com suas respectivas polícias militares, não? Mas, não foi afirmado, acima, que “os policiais de base da PM” fariam parte do apoio armado de Bolsonaro? Então, com quem os governadores contariam para aplicar um contragolpe. A hipótese ficou muito mal formulada. Há uma contradição entre a premissa e a conclusão.

    1. Nas manifestações de ontem em São Paulo, domingo-dia 7, Doria procurou demonstrar que tem controle sobre suas policias.
      O governador conservador de Goiás é Caiado que foi quem indicou o ministro Mandetta, não? Achamos que ele não tem nenhuma relação com os comandos militares que estão ao seu arredor e/ou não controla a sua PM?

  10. Nassif é otimista demais. Se tem uma coisa que ficou claro de 2013 pra cá é que FFAA, quase todos governadores, empresários, mídia, PSDB, DEM, PMDB, STF, STJ, PM, MPF são todos nazistas convictos. Como nazistas eles não recuam nunca, nem sabem quando parar. Eles já escolheram um lado: contra o povo e contra o “comunismo” petista (seja lá o que isso significa, até porque só existe na cabeça deles). Eles saberão o que fazer se coisa engrossar: fechar o regime, reprimir a esquerda e o povo e exterminar os pobre, coisa que, aliás, já estão fazendo.

  11. Bato na tecla: Tirar Bolsonaro pela cassação da chapa é impossível.É alimentar ilusões. Primeiro o TSE não terá peito de tirar um presidente que não estiver com 15 ou menos por cento de aprovação; segundo, o vice é Mourão, das FA, e os militares tomaram gosto de novo pelo poder (leia-se boquinha ) . Rodrigo Maia só se mexerá pra iniciar o processo de impeachment com a aprovação do boçal na casa de 15 por cento pra baixo e com a certeza de que boa parte do Centrão já não estará na canoa furada do governo. Claro que Bolsonaro não sairá como de cabeça baixa como fez Dilma e seus apoiadores ( tem gente até hoje esperando o exército do Stédile ) . Eles vão criar um caos. A questão hoje de um trilhão de dólares é saber qual o controle real que os Bolsonaros teriam sobre as PMS. E a principal é a de São Paulo, que já mostrou muitas vezes que não está sob controle total de Dória. Chegando num ponto em que Bolsonaro perceba que será tirado do poder, é possível que haja um pensamento no estilo Solução Final ( quando os nazistas, em 42, percebendo que a guerra seria perdida pros Aliados, decidiram exterminar o povo pelo qual o regime nazista sempre culpou a decadência da alemã pós guerra: os judeus ) = no caso brasileiro, é as pms e grupos armados matarem todas as lideranças ligadas, remotamente que seja, à esquerda, que pra esses vermes é o mesmo que comunismo. E claro que o primeiro da lista seria Lula. Nesse quadro, pra mim a solução menos traumática seria haver um acordo nos bastidores entre lideranças políticas e cúpula da FA ( que cada vez mais veem Bolsonaro como um Galtieri Caboclo) e as FA darem uma oferta irrecusável a la Don Corleone pra que Bolsonaro renuncie e tenha em troca uma anistia informal pros processos que seus filhos enfrentam na justiça.

  12. “Ocorre que o governo Bolsonaro já entrou na reta final.” Isso parece aquele “Temer está por um fio”, título publicado durante o “governo” Temer que completou o seu “mandato” e ainda entregou a faixa ao atual despresidente.
    Obs. Este “aliado” está certo? “Aliado do jogo por Geisel, Silvio Frota planejou um golpe de Estado. Geisel agiu antes.”

  13. Um golpe militar clássico, do tipo cercar e tomar a capital só seria possível com o apoio dos governadores de estado, principalmente dos mais populosos como RJ, MG e SP. Do contrário, não se sustenta. Acho que isso é tão óbvio que até um idiota como Bolsonaro sabe disso. Nesse caso, convém manter um olho no que acontece nos principais estados, pois uma eventual mudança de postura dos governadores ou eventos disruptivos como uma intervenção federal num estado podem mudar a configuração do tabuleiro. Arrisco a dizer que antes de algo do gênero acontecer vamos ter alguma mudança como intervenção ou impeachment de governador. O do RJ parece estar a caminho.

    PS: corrija aí. Cristalina-GO tem o entroncamento das BR-050 e BR-040. A primeira segue para Uberlândia-MG e dá acesso a SP e região sul do país. Já a BR-040 segue para Belo Horizonte-MG e dá acesso as capitais Rio de Janeiro-RJ e Vitória-ES. No texto isso veio trocado. Faltou dizer que Bolsonaro também andou por Luziânia-GO que é uma cidade mais próxima de Brasilia-DF na mesma saída rodoviária que dá acesso a Cristalina-GO.

  14. Interessante análise.

    Importante ressaltar que o que dá coesão a qualquer movimento ou organização é uma metanarrativa consistente e bem elaborada. Essas, quando construídas por profissionais do ramo, levam anos para vingarem.

    O Bozo montou o cavalo encilhado de uma dessas, criada a partir de fundamentos coloniais, calcada em medos e anseios coletivos de boa parte da população e insuflada com as tintas atualizadas de discursos ultraconservadores. Tudo conduzido por uma retórica salvacionista e embalado por técnicas sofisticadas de comunicação de massas: levou anos para fermentar, mas chegou onde estamos.

    Hoje, dada a enorme quantidade de atores e meios, a cacofonia informacional e a pressão internacional sobre o Brasil pandêmico, é quase impossível para o governo construir algum discurso minimamente plausível que mobilize algo mais além dos celerados do seu entorno.

    O Gabinete do Ódio até conseguiu manter o grupo arregimentado durante algum tempo, mas a completa estupidez de seu líder, somada à crise da Covid-19, demoliu o edifício retórico fundamentalista. Não tem algoritmo ou Bannon que salve.

    É possível uma ação armada contra as instituições e o que sobrou de democracia? Claro. Há loucos no poder e uma matilha armada em busca de mais carne fresca. Há condições de terem sucesso? Talvez… Por quanto tempo? Em que condições? Sob quais argumentos vão convencer gente suficiente dentro e fora do país?

    Bozo – e tudo o que vier dele, ou a partir dele – é desprezado pelo mundo civilizado. E, como costumam dizer os financistas de Wall Street sobre algumas de suas instituições, o Brasil, hoje, ‘is too big to fail’.

  15. correções:
    Aliado do jogo por Geisel, Silvio Frota …
    ALIJADO do jogo por Geisel, Silvio Frota …

    a 132 km de distância …
    a 132 km de distância DE BRASÍLIA

    Quando o general Newton Cruz (da turma do Augusto Heleno)

    Não são da mesma turma. Há mais de 20 anos de idade de diferença entre eles.

  16. Sei nao…

    As policias estaduais vem engolindo ao longo de DÉCADAS doses CAVALARES de doutrinação antissocial e contra os DHs. Isso nao começou agora com cursinhos de Olavo de Carvalho, nao. Aliás, a apologia aa tortura e ao assassinato é algo muito comum, por mais que alguns se recusem a aceitar tal fato. Integram OS VALORES DA FAMÍLIA de largas parcelas da sociedade brasileira, independentemente de renda, escolaridade, sexo, cor, religião, etc. Bater e matar só é considerado crime ou não dependendo da cara do freguês, da circunstância, da oportunidade…

    Esse tipo de cavalheirismo, de saudar os “altos valores da corporação”, a “sabedoria dos comandantes”, é inocuo. Polciais e militares jamais cairão nessa.

    O fato mais interessante de resistência vem sempre do povo mesmo. Foram justamente as escolas de samba e as torcidas de futebol que fizeram as criticas mais CERTEIRAS aa opressao e ao fascismo. Isso deixa bem claro quem é “alienado” e quem nao é, quem conhece bem o aparato repressivo e quem gosta de fazer textao. A tática manjada de dizer que essa organizaçoes populares foram “instrumentalizadas pela esquerrrda” só serve pra revelar mais uma vez como funciona e sempre funcionou o bestunto dos integrantes do bloco reacionario. Odeiam e temem toda e qualquer represetaçao/organizaçao popular. Mais: é IMPRESCINDIVEL dar na cabeça de qualquer uma já no nascedouro.

    1. Pode parecer ridículo ou inoportuno dizer isso agora, mas uma manifestação decente e organizada, só dirigentes de escolas de samba e líderes de torcidas poderão fazer, e tão temível e assustadora que poderá derrubar o governo.
      No mais, bozo só vai sair do palácio morto, se conseguirem suicidá-lo. E vai ser uma guerra pra tirar o presunto de lá.
      Se sobrevivermos até agosto, o inferno astral do país, quando o bozo deverá estar no auge da sua loucura, se ele ainda estiver lá, e vivo, estaremos sem saída.

  17. Eu seriamente duvido que o TSE faça algo efetivo contra o animal selvagem que atende pelo nome de Bolsonaro. E a hipótese de uma movimentação militar é plausível. Apesar de já ser o século 21 e não ter como manter o controle da informação, o animal e os seus comparsas continuam “presos” no século 18 e por isso eles realmente acreditam que poderiam controlar tudo e todos na base do rosnar e do porrete.

  18. Pelo texto, e por alguns comentários, o que observo é que para este governo sobreviver, as forças armadas, as polícias, e todas as demais instituições, precisariam de uma composição majoritariamente de canalhas. O que, sinceramente, eu nao acredito.
    Certo que os movimentos nos tribunais superiores preocupam este desgoverno, que em 18 meses não produziu nada que não ódio e mentiras, mas algo me diz que o grande problema é que o dinheiro com o qual ele remunera a parte canalha das instituições acabou, e esta turma não perdoa.
    (Basta ver o ataque apopletico do astrólogo)

  19. Não saberia dizer o por que de Nassif não ter inserido no contexto o General Edson Pujol,Comandante do Exército.Seria uma rainha da Inglaterra nesse cenário de bezerro desconhecer a Mãe? Se ele tem o controle do Exército,a força que pesa,as outras virão por osmose,Golpe de Estado apoiado por quem?Perdoem-me o desconhecimento,mas nunca ouvir falar em Golpe Militar capitaneado por Polícias Militares.Se o General Pujjol tem o controle da tropa,nem o General Heleno de Tróia terá tempo de peidar.É o maior cagão fardado que se tem notícia.Se duvidar,não tem poder de mando nem na casa dele.Imaginar em Golpe Militar com Bolsonaro a frente,seria como acreditar que Bob Jeferson nunca recebeu de propina uma nota $ 3 reais.

  20. FORA DE PAUTA
    A grande maioria da turminha daqui,dos dedinhos pra cima e pra baixo,nem de longe vão com minha cara e consequentemente com meus comentários.Devem ter seus motivos e eu respeito.E daí? Daí que abaixo assinados,cartas abertas ou fechadas,listas verticais e horizontais,frentes amplas,gerais ou irrestritas, o escambau de Mussurunga para apear Bolsonaro do cavalo,vice versa,sem a assinatura de Lula,são nati-mortas,tiro n’agua,perda de tempo,quem sabe,coisa de quem não tem o fazer.Taí um motivos de não gostarem nem um pouco deu.

  21. um país continental que sequer se supõe ferrovias. foi pensado as artérias que, para se chegar ao projeto piloto (grandioso!), basta afunilar-se numa bifurcação. se as vias são artérias, a ferroria é a espinha dorsal de um país que se diga industrial. não chegamos nem na primeira revolução industrial ainda, e boçalnaro se diz dominador da quarta revolução, a digital. e desdizem os russos: primeiro país a lançar em órbita da Terra um satélite, objeto crucial para a intregação de hoje, a internacional.

    aos russos:

    https://www.escritas.org/pt/t/11177/de-v-internacional

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