Cinco questões para Monica de Bolle. 1 – a nova teoria monetária

A economista brasileira Mônica De Bolle trabalhar com Oliver Blanchard no Peterson Institute for International Economics. Blanchard é um economista francês, economista-chefe do Fundo Monetário Internacional e, nos últimos anos, tornou-se um crítico da ortodoxia econômica.

Suas teses foram apropriadas, de alguma forma, pelo MMT, a nova política monetária, tese defendida no Brasil por André Lara Rezende. Segundo a tese, como o governo é emissor de moeda, teoricamente não haveria restrições para os gastos públicos, nem relações automáticas entre déficit fiscal e inflação. Há críticas de Blanchard sobre a maneira como suas teses foram reelaboradas.

Combinei com Mônica De Bolle cinco entrevistas sobre o questionamento da ortodoxia nos grandes centros. A primeira é justamente sobre o MMT.

As entrevistas constituem-se em um esforço para começar a derrubar as diferenças que historicamente marcaram escolas de pensamento no Brasil e buscar o consenso nos grupos que, assim como na Europa e nos Estados Unidos, procuram fortalecer espaços de mediação para enfrentar a onda da ultra-direita.

 

Luis Nassif

6 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. A entrevista é muito boa, a Monica é didática. Espero muitas outras.
    Mas….. os agudos.
    Não é sua 1ª entrevista difícil de ser ouvida, precisei baixar e equalizar.
    E, tô falando sério, minha gatinha ficou incomodada.
    Não sei o que acontece, mas….. é isso.

  2. Não acho que a Monica de Bolle seja uma economista adequada para analisar os questionamentos da ortodoxia nos grandes centros. Nessa entrevista 1, ela não apresenta as principais hipóteses da MMT. Ela descarta muito rápido, e sem maiores explicações, que moeda e títulos possam funcionar como substitutos, no Brasil, desde que se controle os fluxos de capitais.

  3. Me parece que a MMT se trata de um keynesianismo reciclado para o século XXI. Isto sem falar na ingenuidade de se pensar que os países não desenvolvidos possam emitir moeda ilimitadamente (a própria Mônica reconhece isso).
    Apenas EUA, UE e Japão podem emitir moeda ilimitadamente sem causar inflação e/ou fuga de capitais. Isto porque são estados fiadores da ordem mundial. E o que garante suas moedas é, em parte, a força de suas economias, mas no fim das contas, a garantia final é seu poderio bélico e a condição de estado-nações no topo da escala predatória imperialista, que abrigam a quase totalidade das finanças mundiais e sediam as maiores corporações multinacionais. A China está para entrar neste clube imperial ou fundar o seu próprio clube e os EUA querem impedi-la – não se divide poderes imperiais.
    Mas no fim das contas, o pessoal da MMT e os keynesianos tem razão em suas teorias? O que é riqueza no capitalismo. Em última instância não são são os bens produzidos nem as terras ou as fábricas. A riqueza no capitalismo é o lucro, ou seja, o dinheiro. Ao fabricar dinheiro (seja papel moeda, títulos etc) está se criando riqueza do nada, ou seja, antecipando-se uma riqueza que o setor real da economia deverá saldar, senão a dívida cresce sem parar e uma hora nem mesmo o dólar e todo poder bélico do mundo poderá impedir uma crise monumentlal.
    Só que o que estamos assistindo, desde a década de 80 é um aumento exponencial do dinheiro fictício sem o correspondente aumento dos lucros da economia real, incapaz de saldar as dívidas, sejam dos estados, das empresas ou das famílias. Este processo não é sustentável e nisto os economistas ortodoxos têm razão, pois sua lógica segue estritamente a racionalidade do capital. As sucessivas crises financeiras da era neoliberal (a era do capital fictício “ilimitado”) provam que o capitalismo fica perigosamente instável quando suas bases são o crédito impagável e em 2008 o sistema todo quase veio abaixo, pois a crise abalou as economias centrais.
    Outro erro de avaliação é que a impressão de dinheiro não gera inflação. De fato os preços da economia real não cresceram, mas os da economia especulativa, especialmente as ações, mercado imobiliário e derivativos, explodiram e se descolaram ainda mais da economia real. A inflação apenas mudou de mercado e como ela não incomoda a massa de consumidores e dá muito lucro para os especuladores, ninguém reclama. Mas todo mundo sabe que um grande processo inflacionário, seja em que mercado for, nunca acaba bem.
    O que a MMT quer, no fim das contas é continuar o processo neoliberal dá muito tempoe dívida infinita com 2 alterações básicas:
    1 – os gevernos é que vão expandir o caital com emissão de moeda e títuloas e não a banca;
    2 – a maior parte desta expansão deve ir para a produção de bens da economia real e para gastos sociais

    É uma espécie de neoliberalismo social, que desvia o capital fictício para a produção e o gasto social. Não foi o que o PT tentou fazer por aqui? O problema é que a economia real está dando menos lucro que a especulação há muito tempo. A não ser em condições de cambio e exploração desumana de trabalho excepcionais, como na China, que não é um modelo passível de cópia.
    Acho que devemos voltar a estudar Marx seriamente, principalmente a teoria do valor-trabalho, para entendermos o que está acontecendo com o capitalismo atual. Creio que a MMT, os keynesianismos e a ortodoxia não conseguirão responder aos desafios que se apresentam.

    1. Vejo também que, mais do que commodities, obras de arte duma forma em geral, DIREITOS intelectuais, valores intangíveis como dado a cavalo e esportistas, a marcas, qualquer objeto passível de ser colecionável e mantido no tempo (como armas, moto e carros antigos) etc, também explodiram no preço, aliás tem até a novidade dos bitcoins ..tudo junto, meio que nos mergulhando numa sociedade sem muita referencia monetária convencional ..todos medidos por um escambo mais sofisticado (se é que podemos dizer assim), talvez nos remetendo ao tempo do sal (rsrs)

  4. Excelente entrevista. Mas, como em outras entrevistas que eu vi do Nassif, ele usa o momento pra tirar dúvidas próprias haha. No começo ela tava super pedagógica e acho q podia ter explorado mais o tema da MMT antes de aprofundar em questões um pouco mais avançadas/técnicas.
    Ainda assim, muito bom.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador