Moro “se mostrou um grande juiz” no caso Lula, diz Marco Aurélio Mello

Jornal GGN – O ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello afirmou que Sergio Moro “se mostrou um grande juiz” na condução do caso triplex, que levou à condenação e anulação dos direitos políticos do ex-presidente Lula. Em março de 2021, Moro foi declarado um juiz parcial pela Segunda Turma do Supremo, por ter cometido excessos justamente no processo que Marco Aurélio tomou como exemplar.

Em entrevista divulgada pela Folha nesta quinta (1/4), o ministro do STF fez confusão sobre as ações penais da Lava Jato contra Lula, tratou Moro como “herói nacional”, criticou Cármen Lúcia por ter mudado de opinião no julgamento da suspeição de Moro (“fiquei realmente perplexo”) e ainda disse que as mensagens da Operação Spoofing não podem ser usadas nem para condenar, nem absolver ninguém. “Pra mim ato ilícito não gera direitos”, avisou.

Em crítica sutil à Segunda Turma, o ministro disse também que se Moro foi declarado suspeito para condenar Lula, deveria ser suspeito para absolver outros réus da Lava Jato.

Relator da Lava Jato, Edson Fachin também foi criricado por ter anulado os quatro processos criados pela força-tarefa de Curitiba contra Lula no âmbito de um habeas corpus, que ainda será julgado pelo plenário do Supremo. Marco Aurélio disse que decidirá sobre o caso apenas no dia do julgamento, após ouvir a sustentação oral do relator e das partes. Mas adiantou que não vê com bons olhos que o Supremo anule processos que foram ratificados pelas segunda e terceira instâncias.

Em alguns momentos, Marco Aurélio falou em “trânsito em julgado”, mas nenhum processo envolvendo Lula cruzou o final da linha.

ELOGIOS A SERGIO MORO

Foi neste contexto, de comentar a evolução do caso triplex através das três primeiras instância do Judiciário, que Marco Aurélio disse que Moro, na 13ª Vara, “se mostrou um grande juiz”.

Depois, questionado novamente sobre sua opinião pessoal sobre Moro, Marco Aurélio reafirmou: “Sem duvida [Moro foi um grande juiz]. Não posso conceber que um homem que surgiu como herói nacional, mostrando nova vertente quanto ao combate à corrupção, de reprente se torne vilão e seja execrado. Isso não passa pela minha cabeça.”

Apesar do elogio, Marco Aurélio disse que não gostaria de ver Moro indicado ao Supremo, porque “ele virou as costas a um cargo efetivo na magistratura” quando deixou a 13ª Vara Federal em Curitiba para ser ministro de Jair Bolsonaro. “Não que eu tenha nada contra ele, mas só pela postura adotada.”

Marco Aurélio também falou que é cedo para decretar o fim da Lava Jato. “Não dá para dizer porque ainda acredito nas instituições pátrias e vejo a Lava Jato como um passo largo em direção a dias melhores.”

O ministro não fez juízo a respeito das revelações feitas pelas mensagens apreendidas na Operação Spoofing.

Ele se aposenta do Supremo em 12 de julho.

Redação

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