A balança da violência não pode ter dois pratos, por Sergio Saraiva

Para se repudiar a violência e a violência da indignação seletiva

 

A balança da violência não pode ter dois pratos, por Sergio Saraiva

A violência precisa ser condenada. Bolsonaro é uma vítima da violência e pouco importa que em seu discurso flerte com sua agressora. Acerta a imprensa quando repudia a agressão da qual Bolsonaro foi vítima.

Por outro lado, Lula, em particular, e petistas, de modo geral, antes e também têm sido rotineiramente vítimas de violências. E, por certo, mereceriam igual tratamento dessa mesma imprensa. Mas, até ao repudiar a violência contra petistas, a grande imprensa a elogia.

Quanto o segundo caso contribuiu para o primeiro, não sei precisar. Não me parece, no entanto, que sejam isentos de correlação. Pelo menos, se forem pesados em uma balança de apenas um prato.

Quando um candidato à presidência é atacado a facadas, durante a campanha eleitoral, isso merece manchete e editorial indignado.

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Editorial da Folha de São Paulo de 07 de setembro de 2018 – extratos

 “Repúdio geral – atentado contra Bolsonaro não tem acolhida num país que está comprometido com a democracia.

Recebeu imediata e unânime condenação o atentado que, na tarde desta quinta-feira (6), atingiu Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência da República.

Apesar dos componentes francamente assustadores de sua retórica, como a sua anunciada disposição de “fuzilar a petralhada”, o fato é que Bolsonaro e seus adeptos na prática conduzem a campanha presidencial sem incidentes conhecidos de violência física.

Mais do que nunca, é o debate de ideias e soluções para o país que deve prevalecer na disputa eleitoral. … as forças políticas — e certamente a esmagadora maioria da população — devem renovar em seu repúdio ao ato um apreço pela tolerância, pela convivência e pela democracia que, apesar dos dissensos e paixões ideológicas, se consolidou e persiste no Brasil”.

Quando a comitiva de um ex-presidente da República é atacada a tiros, durante uma caravana política, isso merece manchete e editorial indignado. Será?

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Editorial da Folha de São Paulo de 29 de março de 2018 – extratos

“Na idade da pedra – tiros contra a caravana de Lula exigem investigação imediata e repúdio absoluto.

É certo que protestos contra candidatos de qualquer partido nada têm de ilegítimo; o PT, por seu papel central nos escândalos recentes de corrupção, não teria como escapar ileso da indignação geral. Ainda mais porque têm sido claras as indicações de Lula no sentido de buscar o confronto e desafiar a legitimidade das sentenças da Justiça e da própria magistratura.

Nas zonas rurais, sem dúvida o PT é identificado com os frequentes e deploráveis atos de vandalismo promovidos pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e seus congêneres. Já nos grandes centros, o surto de violência anarcoesquerdista dos “black blocks” retrocedeu.

A violência, tudo indica, tem agora outra origem — só favorecendo, de resto, o papel de vítimas que petistas assumem de modo farsesco para livrar-se das sólidas acusações que os colocam no estado de prestar contas à Justiça.

É a essa mesma Justiça que cabe conter, entretanto, os membros de qualquer quadrilha de fanáticos ou de provocadores, não importa sua filiação, quando tentam destruir, a tiros, as bases de todo convívio democrático”.

Post scriptum da Oficina

PS 1 – até este instante, o agressor de Bolsonaro é apresentado um psicopata e está preso. Até este instante, não se tem ideia que quem cometeu o atentado contra a caravana de Lula.

PS 2 – quando afirma que o fato é que Bolsonaro e seus adeptos na prática conduzem a campanha presidencial sem incidentes conhecidos de violência física”, ou a Folha comete a esperteza de delimitar a campanha eleitoral a partir de 16 de agosto de 2018 em diante, ou não lê a própria Folha.

passo fundo

PS 3 – para quem tem estômago para acompanhar séries violentas:

Fevereiro de 2015 – ”Jornalistas não merecem ser estupradas”

Junho de 2015 – ”Um elogio à agressão”

Março de 2018 – ”O nojo e a pedra”

Abril de 2018 – ”Com as mãos sujas de silêncio”

PS4 – Oficina de Concertos Gerais e Poesiade portas abertas para a tolerância e o contraditório, em algum lugar entre a Ipiranga e a São João.

Redação

10 Comentários

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  1. Enquanto médicos do campo
    Enquanto médicos do campo Democrata não tiverem acesso ao Boletim Médico da Santa casa ou examinarem os “ferimentos” do Bolsonaro, este ATENTADO É UMA FARSA.

    O filho do Bolsonaro acabou de dizer que com este atentado seu pai vence no 1o turno. Por que tanta certeza.

    Gal Villas Boas, repudiando com veemência o atentado ao Bolsonaro, disse que a Democracia corre riscos.

    Quando a Caravana do Lula foi recebida à bala , não vi a mesma revolta do Gal.

    Lembramdo , Bolsonaro se encontrou esta semana com os Marinho. Daquela conversa tudo é possível, até uma mentira .

    ESTE ATENDADO É UMA FARSA !!
    Até prova em contrário.

  2. impresa e judicário são cumplices da violencia contra a esquerda

    Sem incidentes conhecidos de violencia fisica?? só pela impresa né? porque segundo o Diário do Centro do Mundo o presidente do sindicato dos motoboys de Santo André levou um tiro – não foi uma facada foi um tiro – no pescoço no acampamento de apoiadores de Lula disparado por um homem que gritava o nome de Bolsonaro. Aqui mesmo no GGN saiu uma matéria sobre uma candidata do PSOl em São Paulo que foi ameçada por uma arma – arma de fogo, não é faca – por uma apoiador de Bolsonaro.

    E na democracia um candidato que já fez apologia a tortura, apologia ao crime., desrespeitou o Estatuto da Criança e do Adoslecente, fez apologia do estrupo não poderia ser candidato, a chapa desse senhor já deveria ter sido caçada se estivessmos em uma democracia, ele é um criminoso. O judiciário que deveria cuidar disso está se lixando para a democracia.

    A  imprensa e o judiciário são cumplices não do atentado ao Bolsonaro mas da violencia que sempre houve contra a esquerda no Brasil e que só aumenta. O atentado ao Bolsonaro não pode ser justificativa para aceitar essa violencia passivamente e ficar calado.

  3. Jornalismo de máfia
    Este caso é a prova de que a imprensa brasileira é, ela própria, um atentado à democracia.
    E a corrida da F@lha de SP pra defender o fascista comprova que ela aderiu ao neofascismo macartista de segunda quando insuflou o MBL e seu porta-esgoto, e ter a cara de pau de usar ambos casos posar de pluralista e democrata é de sentir repulsa e ter vontade de processá-la por falsidade ideológica – se esta não fosse sua “razão comercial”.

    Sampa/SP, 07/09/2018 – 13:34

  4. Teoria da Conspiração
     

    Não tenho a menor simpatia pelo Bolsonaro, só votaria nele num eventual segundo turno Bolsonaro x Alckmin.

    Porém penso que essa tese de que o atentado foi fake é pura teoria da conspiração, daquelas bem baratas.

    Explico: para ter sucesso nessa empreitada de se produzir um atentado fake, teria que contar com a colaboração de dezenas, talvez centenas de pessoas, desde o local do atentado, passando por quem socorreu na rua, no hospital, seguindo pelo translado até SP e continuando no hospital Albert Eisntein. E nenhuma (nenhuma!) dessas pessoas poderia delatar a armação. Uma pessoa bastaria para derrubar a farsa toda. Teriam que contar inclusive com o silêncio de quem foi convidado a participar do esquema e não aceitou. E cada uma dessas pessoas fatalmente contaria o segredo para o melhor amigo(a), que por sua vez passaria a tramóia em diante, em pouco tempo milhares saberiam.

    Isso é impossível de acontecer, não daria para manter esse segredo todo!

     

    1. Se é realmente falso, as
      Se é realmente falso, as pessoas que estão envolvidas não são amadoras e devem atuar em diversas áreas.
      E ninguém sai por aí dizendo que participou de um crime.. só sob grande ameaça como cadeia, tortura..
      A grande mídia é especialista em contratar atores para as suas encenações, fora os truques de câmera, montagens, edições, efeitos especiais, etc. Como são feitas as novelas, seriados, filmes..

  5. RELEITURA E ADAPTAÇÃO LIVRE

    “Na idade da pedra – facada contra o abdômen de Bolsonaro exige investigação imediata e repúdio absoluto.

    É certo que protestos contra candidatos de qualquer partido nada têm de ilegítimo; Bolsonaro, por seu papel central nos episódios recentes de apologia à violência, não teria como escapar ileso da indignação de algum desequilibrado. Ainda mais porque têm sido claras as indicações de Bolsonaro no sentido de buscar o confronto e desafiar a militância das ONG’s de direitos Humanos e simpatizantes de partidos de esquerda e da própria justiça penal.

    Nas zonas urbanas, sem dúvida Bolsonaro é identificado com as frequentes e deploráveis chacinas promovidas por milícias e por policiais criminosos e seus congêneres. Já nas zonas rurais, o surto de violência anarco-fascista de pistoleiros contra lideranças camponeses não tem arrefecido.

    A violência, tudo indica, tem agora outra origem — só favorecendo, de resto, o papel de vítimas que simpatizantes de Bolsonaro assumem de modo farsesco para buscar junto à sociedade justificativas que os colocam no direito de portar armas e fazer justiça com as próprias mãos.

    É a essa mesma Justiça que cabe conter, entretanto, os membros de qualquer quadrilha de fanáticos ou de provocadores, não importa sua filiação, quando tentam assassinar, com uma facada, alguém cujas ideias e pregação da violência que o vitimou devem ser respeitadas a bem do convívio democrático”.

  6. PEDIU. AFINAL VOCÊ VIU O TAMANHO DA MINI SAIA?

    “Morreu por que reagiu”. Bolsonaro foi Vítima da Bandidolatria e do Terrorismo. Duas práticas usuais e corriqueiras entre farsantes, que usando destas estratégias, dizem privilegiar a Democracia. Vítima destes fraudulentos 40 anos Redemocráticos. Somente os holofotes o diferenciam dos outros 100.000 Assassinatos praticados todos os anos. Que subnotificados em canalhas estatísticas são reduzidas ‘a apenas’ umas 70 mil mortes. Foi vítima desta Ramificação Política que dando apoio à Golpe Ditatorial Caudilhista Fascista Assassino se rotula como Democrata. Vítima deste Estado Absolutista Esquerdopata que não abre mão de ser um cancro dentro do Estado Brasileiro de quem se nutre e parasita, se fazendo crer ser este próprio Estado. 88 anos fascistas, replicados por mais 40 anos farsantes redemocráticos explicam a situação terrorista que voltamos em 1964. Quero dizer 2018. Urnas Obrigatórias é Liberdade em gaiola de ouro. Projeto fascista que teima em não se extinguir. Mas explica em demasia este Brasil de fácil explicação. . 

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