A cara do Brasil Novo, por Carlos Motta

A cara do Brasil Novo, por Carlos Motta

No país onde a Justiça dá respaldo à “cura gay”, ao mesmo tempo em que proíbe a exibição de peças teatrais e absolve um pai que espancou a filha por ela ter perdido a virgindade, entre outros disparates, não pode causar espanto o fato de um fascista de quatro costados ser um dos favoritos da corrida presidencial.

O Brasil se transformou num Estado kafkiano.

A impressão é de que estamos presos num pesadelo surrealista.

Não há mais lógica, nem regras ou leis no funcionamento das instituições.

O salve-se quem puder e o locuplete-se enquanto dá tempo dominam as ações das “autoridades”.

O governo central é comandado por uma quadrilha.

No Congresso instalou-se um imenso bazar de negócios.

Judiciário e Ministério Público atuam despudoradamente apenas em defesa dos interesses da oligarquia.

A imprensa virou uma incansável máquina de propaganda reacionária.

Uma grande parcela da população vive em permanente estado de histeria, atacando tudo o que tem cheiro de civilização.

Outra parte do povo age movida a mentalidade infantil, moldada por mensagens que substituem o raciocínio crítico por uma visão mágica do mundo, como se vivêssemos no alvorecer dos tempos.

Sobram alguns poucos gritos, alguns fracos alertas de que, a caminhar nesse passo, muito em breve estaremos queimando bruxas, perseguindo grupos minoritários e prendendo quem discordar da ideologia dominante.

É um contexto mais que favorável ao surgimento de um messias, um “duce”, um “führer”, um salvador da pátria e condutor das massas ignorantes rumo ao paraíso.

O deputado fascista que promete levar o mar até Minas Gerais e conceder licença para a polícia matar quem quiser é o produto pronto e acabado deste Brasil Novo surgido das entranhas de um golpe que afastou da presidência da República uma mulher honesta, eleita com mais de 54 milhões de votos.

A cada discurso que faz, a cada entrevista que dá, fica mais evidente que ele é a cara de um país que perdeu o passo que poderia fazê-lo menos desigual social e economicamente, e mais democrático – que poderia, enfim, levá-lo ao século 21. 

 

 

Redação

5 Comentários

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  1. Meu coração ficou ali, parado… naquela votação do golpe na câm

    Você acertou em cheio, Carlos Motta. Tem um monte de gente com a mentalidade tão infantil. Outro dia ouvi umas coisas de uma colega sobre o Lula, que depois que desliguei o telefone falei com meus botões: o que que deu a minha geração assistir todo dia o xou da xuxa. Era um tal de pensamento magico, de que todo mundo pode, basta querer… Garçon! Traz mais um copo que esse Brasil ja nasceu velho.

  2. a cara….

    Só não vejo nem ouço os responsáveis pedirem perdão pelo que fizeram deste país. Pelo contrário, ainda continuam se vendendio como se fossem a solução. A solução do que? Daquilo que eles criaram nestas décadas todas?! Somos o resultado da Anistia de 1979. Todas as figuras que se diziam excluídas do Jogo Político, retornaram e retomaram o Estado Brasileiro. Reescreveram nosso novo código de ética e diretrizes. Quem levantou a tal Constituição Cidadã de 1988? Farsa nas mãos de um Farsante. Quem a reescreveu? Florestan, Darcy, Plinio, Amazonino, Brizola, Genoino, Teotonio….Quem comandou este país por 4 décadas. Quase meio século não é suficiente para implantar tanta honestidade e sociologia? Agora se dizem perplexos, estarrecidos, surpresos? A mediocrtidade e canalhice é de embrulhar o estômago. Mas é emblemático e revelador a opinião do então Ministro da Justiça José Eduardo Cardoso sobre as condições dos presidios brasileiros: Medievais. Perfeito. Seu partido já estava há 13 anos no poder. E forças progressistas há 1/4 de século. Estamos todos abismados. A culpa por 2017 é de quem?

  3. Simplesmente não olhe pro

    Simplesmente não olhe pro mundo esperando a lógica democrática.

    Melhor é olhar o movimento das coisas, pois isso dá melhor política.

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