A chantagem de Meirelles na manipulação da dívida, por J. Carlos de Assis

A chantagem de Meirelles na manipulação da dívida

por J. Carlos de Assis

Henrique Meirelles é um chantagista. Não tem a menor intenção de promover equilíbrio das contas públicas no país. Está simplesmente chantageando os brasileiros, pobres e ricos, com propostas diversionistas. Enquanto houver um déficit – por exemplo, os R$ 159 bilhões que acabou de anunciar – o Governo tem desculpa para cortar gastos públicos essenciais, massacrar salários e promover mais uma rodada de privatizações – dessa vez as joias da coroa do setor energético, as grandes hidrelétricas do Nordeste e do Sudeste.

Pessoas de boa fé acreditam que a política econômica de Meirelles fracassou. É um equívoco. Ele e Temer estão fazendo exatamente o que está escrito na Ponte para o Futuro, a cartilha que o sociólogo Moreira Franco, absurdamente ignorante de economia, ajudou a escrever para orientar o Governo ilegítimo.  A pauta de Meirelles não tem nada a ver com o enfrentamento da crise. Seu objetivo é tirar o espaço econômico e social do setor público para abrir espaço para o setor privado externo e interno.

Vimos isso na emenda que congelou os gastos públicos por 20 anos e na lei que desfigurou a CLT; o propósito de ambas é estrangular os serviços públicos, para favorecer a entrada neles do setor privado, e para reduzir drasticamente o custo do trabalho a fim de ampliar as margens de lucro do setor financeira e da burguesia em geral. O próximo bote que está sedo preparado é o da Previdência. E o mais apetitoso dele, para o setor privado, como acima mencionado, é o assalto às grandes hidrelétricas.

O plano de Meirelles é dizimar o setor público brasileiro. Só assim o capitalismo financeiro mundial verá aberto no Brasil uma avenida de oportunidades especulativas para exploração. É evidente que muita gente de boa fé acredita nas intenções de equilíbrio fiscal do ministro chantagista,  mas o exagero da proposta começa a suscitar reações no Congresso. Está cada vez mais claro que Meirelles perdeu a direção do barco. Exceto o programa de privatização de tudo a qualquer custo, nada pode oferecer à sociedade.

Seus discursos estão ficando enfadonhos e repetitivos. Mente de forma inescrupulosa. Na última entrevista, disse que se fosse resolver o problema do déficit com empréstimos (dívida) os juros iriam subir. Farsante. Os Estados Unidos fizeram déficits de 7 trilhões de dólares de 2009 a 2014, e não houve qualquer aumento da taxa básica de juros de zero po cento. Em qualquer economia em contração, como a nossa, o gasto deficitário, segundo o padrão keynesiano, é a única forma de retomada da economia.

É fato que Meirelles e a burguesia não gostam de financiamento deficitário porque, indiretamente, isso favorece a expansão do gasto e dos serviços públicos. Eles só gostam de déficit quando se trata de financiar os interesses deles. Entretanto, a política de Meirelles é tão idiota e perniciosa que os próprios empresários estão indignados diante da falta de perspectiva de negócios. Claro, não é o caso dos bancos e dos especuladores financeiros. Estes estão nadando de braçadas na política Meirelles/Temer.

O que fazer? Se Temer e seu ministro da Fazenda não fossem dois cretinos evitariam aumento de impostos e tomariam no mercado empréstimos para financiar o déficit público a fim de financiar uma política de gastos públicos reais, abandonando essa estupidez de fazer déficit exclusivamente financeiro para pagar mais dívida financeira, como vai acontecer com os R$ 149 bilhões. Nesse caso, não teremos desenvolvimento, nem retomada da economia, nem retomada da arrecadação fiscal. E, naturalmente, não teremos nenhuma perspectiva de recuperação do emprego, a meta essencial de qualquer economia.

 

 
Redação

6 Comentários

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  1. O povo devia fazer

    um boicote geral. Comprar o estritamente necessário.

    Digo isso porque se os verdadeiros empresários perceberem que estão indo para o buraco junto com a maioria do povo , eles vão acordar e tomar alguma atitude.

    Infelizmente o que ainda mantem esses empresários apoiando esse governo é essa questão do corte do custo da mão de obra.

    Esse sempre foi o sonho do empresariado brasileiro , mão de obra barata , mesmo que isso resulte na diminuição do consumo e consequentemente na diminuição do seu faturamento. E em vários casos levando uma boa parte desses empresários à falência.

    Mas  , por incrível que pareça , eles não tem essa percepção da realidade. A busca é sempre pelo lucro imediato.

     

    1. Tem de boicotar sobretudo bancos privados

      Itaú, Bradesco e Santander é que comandam hoje o Brasil, destruindo a nação e transformando-nos numa colônia. O resto dos poderes apenas obedece. O povo é mantido à distância do poder por um cordão de isolamento.

      Ter conta nestes bancos é financiar o golpe é a destruição da nação.

      Se muita gente transferir suas contas para bancos públicos (que sob o governo Temer são sabotados) pelo menos a gente cria confusão no sistema.

  2. A chantagem de Meirelles na manipulação da dívida, por J. Carlos

    Concordo plenamente com a argumentação e reconhecimento da realidade.

    A “Ponte para o futuro” foi o compromisso assumido pelo grupo de Ali Babá para a concordância dos mentores do golpe: finança nacional e internacional e interesses estratégicos estrangeiros.

    Por isso os 40 ladrões, mais para 400, tem campo livre para agir. 

    Não cometem erro algum na condução do governo. Lá estão para reduzir o Estado brasileiro a gerência fictícia das políticas públicas, na realdade entregues à gula do bando.

    Não tem a mínima idéia de levar o Brasil a qualquer avanço salve o retorno aos tempos coloniais. O país que se dane.

    Preocupação com a economia ?

    Economia ? O que é isso ?

    São vermes e nada mais.

    Na fossa séptica que nos tornamos são todos iguais.

     

  3. incorporando a hiena *

    Sonha Piragibe, sonha. A pérola da argumentação do Economic Nightmare Team e do mercado, na defesa do holocausto que promovem, é o “crescimento de 2%” no ano que vem. Esse é o exemplo mais cabal da inércia do credo neoliberal. Qualquer observador mediano vê que a receita do bolo desandou e a tendência é ficar pior. Apostar em crescimento com um rombo, prá deixar barato, de 200 bi este  ano (139 LOA + 40 contingenciamento + 20 waiver) e um provável buraco, senão maior, ao menos semelhante em 2018 é negar os fatos e só se sustenta na mais pura Fé. Nesse ritmo a dívida bruta em poucos meses vai bater em 5 trilhões, ~80% do PIB.

    Agora, ver o Postiço et caterva se afundarem dá certa satisfação mórbida, mas ver a imprensa e a comunidade coxinha acreditarem e manterem a crença em uma equipe econômica que cometeu um erro de planejamento dessa magnitudade apocalíptica  (44% do resultado primário) não tem preço.

    * feia, come carniça, faz sexo uma vez ao ano, e ri….

  4. É isso

    Quanto maior o déficit público, quanto maior a desgraça, mais fácil fica a destruição do país e por exemplo a venda da petrobrás.

    E nisso a globo e o mercado estão com eles.

    Alguém imagina que o temer e meireles estão preocupados com o país? As instituições querem um aumentinho de salário e a compra do ap em maiami e pronto.

    Depois do golpe, o caos. E eles estão usando o caos para suas ações mais corruptas.

    Para quem tem o stf que temos…

  5. Meirelles acerta em tudo para a Troika brasileira

    Troika brasileira = Itaú + Bradesco + Santander (Quem tem conta neles está financiando o golpe e a extinção da nação brasileira).

    É o poder de fato que governa. Presidência da República, Congresso Nacional e STF hoje são meros gestores dos bancos. E são demitidos (com golpe se for preciso) se não produzir resultados para os acionistas dos bancos.

    Meirelles produz resultados: pagou mais de R$ 400 bilhões de juros reais nos últimos 12 meses. Agora quer criar mercado bilionário de previdência privada tornando a previdência pública tão ruim a ponto de não funcionar. E quer transferir patrimônio público a preço de banana para os investidores do “mercado” depois cobrar tarifas extorsivas “de mercado”, em nova rodada de privataria descontinuada nos governos petistas.

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