A espantosa fala do pequeno estadista, por Carlos Motta

A espantosa fala do pequeno estadista

por Carlos Motta

Por mais que a gente sinta repulsa pelo minúsculo que habita o Jaburu, é preciso reconhecer uma coisa: o homúnculo é uma figuraça.

Pois não é que ele, acusado todos os dias de alguma nova diatribe, ao ponto de não se saber mais onde e quando a sua longa carreira delituosa teve início, ainda se mostra capaz de desafiar o povo brasileiro, que o rejeita na quase totalidade?

Se não, como entender o vídeo que exibe nas redes sociais desde segunda-feira, aparentemente para exibir bravatas?

Se bem que a gravação serve também para demonstrar, mais uma vez, que sua mente sofre um processo de deterioração, cujo sintoma mais evidente é a dissociação da realidade. 

“Nas democracias modernas, nenhum Poder impõe sua vontade ao outro. O único soberano é o povo, e não um só dos Poderes. E muito menos aqueles que eventualmente exerçam o Poder. Sob meu governo, o Executivo tem seguido fielmente essa determinação: não interfiro nem permito interferência indevida de um Poder sobre o outro. Em hipótese alguma, nenhuma intromissão foi ou será consentida”, disse o traíra, sem nem corar ou demonstrar sinais de que não era ele, mas um mamulengo bem acabado que falava tais disparates.

Indômito, incorporou o espírito de Winston Churchill, disse que não vai esmorecer e “o Brasil não vai parar”.

É muita coragem para um homem só! 

E o diminuto foi além nesse seu arroubo de bravura e determinação: segundo ele, as “reformas” trabalhista e previdenciária têm trazido o país de volta aos “trilhos do crescimento”. 

Ainda bem que suas palavras estão gravadas para a posteridade, pois se não a lição de moral que deu a seguir ficaria perdida para as gerações futuras:

“Justamente no momento em que saímos da mais grave crise econômica de nossa história, quando havia sinais claros de que as reformas teriam maioria no Congresso Nacional, assacaram contra meu governo um conjunto de denúncias artificiais e montadas. O Estado Democrático de Direito não admite que as instituições públicas e seus responsáveis cometam ilegalidades sob qualquer justificativa ou motivo. Na democracia, a arbitrariedade tem nome: chama-se ilegalidade.”

Sem mencionar nomes, foi épico ao dizer que o “caminho que conduz da Justiça aos justiceiros é o mesmo caminho trágico da democracia à ditadura”, e, para firmar a sua imagem de estadista, soltou mais uma pérola: “Não permitirei que o Brasil trilhe este caminho. Não vou esmorecer.”

O fim de sua alocução, que deve ter lhe rendido os mais calorosos cumprimentos e, sem dúvida, foi capaz de elevar o ânimo dos brasileiros à estratosfera, também merece destaque.

Coroou um discurso memorável e perene:

“Com coragem e determinação, estou convencido que alcançaremos nossos objetivos de retomar crescimento e emprego sobre bases sustentáveis e seguras do conjunto de reformas mais ambiciosas e necessárias das últimas décadas. O Brasil não pode esperar. O Brasil não vai parar.”

Ah, ele lembrou ainda que seguirá “liderando o movimento” pela aprovação das “reformas”.

Que os deuses de todas as religiões nos ajudem!

Redação

2 Comentários

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  1. Pois é.
    Fala-se em deter as

    Pois é.

    Fala-se em deter as investidas do conglomerado policial/judiciário/midiático e afins, esquecendo, porém de quem detem as rédeas desse consórcio.

    Conversas, conversas para se chegar no tal acordão.

    Discursos invocando a soberania popular, mas impondo o que essa vontade soberana rejeita: AS REFORMAS, A DEPREDAÇÃO DO PATRIMÔNIO NACIONAL.

    Enfim, busca-se um jeito de harmonizar os poderes, de facilitar a governanca, mas o objetivo maior do golpe, O DELENDA BRASIL, segue seu curso sem obstáculos.  E essa é a barbárie.

    Sem qq perspectiva de reverter o desmonte, QUE CONTINUEM SE DESENTENDENDO.

    E como diz o auutor do texto, que os deuses de todas as religiões nos ajudem. É a nossa única esperança. 

     

     

  2. A espantosa fala do pequeno estadista, por Carlos Motta

    A “coragem” do Fora Temer se resume na certeza da impunidade.

    Ao longo de anos tem se valido, ao dizem as delações, de abusos diversos para se favorecer e a seus comparsas.

    Assim formou a certeza de que as instituições brasileiras estão afeitas ao “sabe com quem está falando” . 

    Exemplos temos cotidianamente .

    Juiz pego em flagrantres delitos se insurge, um senador apanhado em diversos flagrantes delitos sai ileso, denúncias várias havidas são engavetadas, as teorias jurídicas “criativas” tanto servem para condenar uns como liberar outros.

    Processos totalmente ineptos duram anos qual cachorro a perseguir o próprio rabo.

    Basta olhar e ter clareza do que se passa sem os véus, ignorados ou assumidos, de ideologias e posições a partir de diversas extrações.

    O Fora Termer é apenas mais um “cara de pau” a brandir cinicamente seus argumentos mesmo ante montanhas de provas.

    Pego em mentiras refaz a narrativa e segue em frente.

    Disse a sra. presidente do stf que “não se pode duvidar da palavra do presidente” . . . 

    Isso após as escandalosas delações e desmentidos havidos quanto ao Fora Temer.

    Para o golpe na deposição de Dilma, a anterior liminar que impediu a nomeação de Lula, valeu tudo. 

    Como já foi dito aqui mesmo no blog, as instituições brasileiras se esfacelaram ao sabor de posições particulares, ideológicas e cinicamente assumidas.

    O caos bate à porta.

     

     

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