A Globo no ringue: as causas, os atores e os desdobramentos, por Ricardo Cappelli

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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A Globo no ringue: as causas, os atores e os desdobramentos
 
por Ricardo Cappelli
 
A população optou pela continuidade da guerra quando decidiu colocar Bolsonaro e Haddad no segundo turno. Quem tentou apelar ao bom senso virou suco.
 
A Globo vive um momento delicado e iniciou o ano empurrada para o ringue. Seu modelo de negócio é alvo do ataque das novas mídias. A Globoplay é uma tentativa desesperada de enfrentar gigantes como a Netflix.
 
Bolsonaro foi à guerra. Fez em 15 dias o que o PT não fez em 13 anos. O famoso “fica tranquilo que eu resolvo com o João (Roberto Marinho)”, que Zé Dirceu pronunciava durante as reuniões do comitê de crise no Planalto, parece não fazer parte do cardápio do novo governo.

 
O Capitão abriu fogo. Para se comunicar usa os concorrentes Twitter, Record e SBT. Anunciou que irá reduzir os recursos para a mídia tradicional e que acabará com a famosa “bonificação por volume”, mecanismo que faz a Globo engolir os recursos do mercado publicitário.
 
Pra completar, o Planalto articula a nova CNN Brasil para disputar o nicho da Globonews. Seus sócios são empresários amigos do clã e um sobrinho de Edir Macedo.
 
É cedo para dizer qual será o desfecho desta batalha. Há espaço para um acordo? Não parece haver divergência no conteúdo do projeto. Bombeiros sempre aparecem quando fica claro que morrerão todos na guerra. Por enquanto, parecem medir forças.
 
Por isso é muito cedo também para decretar o fim do governo. Lembram do “Temer não dura seis meses”? A situação é delicada, não há dúvida. Mas quem está interessado de verdade na queda de Bolsonaro? Derrubá-lo para colocar quem no lugar? Com qual projeto?
 
Qualquer recém-nascido com mais de cinco quilos já compreendeu que Queiroz é o chefe de uma lavanderia. Não é só lavagem de salário de assessor. Pelo volume, tem coisa muito maior escondida. Especula-se que milicianos podem estar lavando suas “roupas” por ali também.
 
Uma declaração do respeitado Raul Jungman, então ministro da segurança, passou estranhamente “batida” pela mídia. O pernambucano declarou que “políticos poderosos estão por trás da morte de Marielle”. Vereadores são “políticos poderosos”? Munição estocada há de sobra. Se será usada é outro papo.
 
O destino de Bolsonaro nada tem a ver com a consistência das denuncias contra Flávio. O futuro está ligado à capacidade política do Planalto de pacificar o bloco de poder que, direta ou indiretamente, o fez subir a rampa. Não é absurdo acreditar em soberba e suicídio infantil. Mas a realpolitik pode acabar se impondo também.
 
Rodrigo Maia e Renan comemoram. As denúncias enfraquecem o governo e trazem o presidente para o mundo dos mortais. Colocam o parlamento no centro do jogo. O Senado terá a denúncia contra Flávio nas mãos. A Globo parou de atirar em Renan. Coincidência?
 
Moro vive seu inferno astral. Seu capital político ainda é enorme, mas nunca esteve tão ameaçado. Como virar o campeão da moralidade se não consegue ir ao supermercado sem ouvir “E o Queiroz?” Se a situação piorar viverá o dilema de abandonar o barco ou segurar as pontas agarrado à promessa de sua vaga no STF.
 
O núcleo militar acompanha preocupado. Sabe que parte do desgaste pode acabar na conta das instituições militares. O general Mourão está ali para qualquer “eventualidade”.
 
Paulo Guedes passa a ser o maior fiador do governo. O mercado está eufórico. A Bolsa virou uma festa rave. Se a reforma da previdência for aprovada tudo será esquecido. O que são alguns milhões do Queiroz perto do bilionário mercado de previdência privada?
 
Bolsonaro é apenas a mula que fez o capital financeiro chegar ao poder. Se o animal fraquejar na travessia, trocar de montaria é sempre uma opção, desde que não mude o rumo.
 
O campo progressista, dividido e isolado, continua como coadjuvante numa luta sem sentido pela liderança da derrota. A necessária Frente Ampla é um sonho distante.
 
O canhão da Globo continua poderoso. A luta pela sobrevivência desperta os instintos mais agressivos. O desfecho deste capítulo ditará o rumo dos próximos acontecimentos.
 
Haverá um acordo? Quem recuará? O campo conservador ficará observando a luta fratricida que pode colocar em risco seus interesses estratégicos? A única certeza é que a instabilidade continuará a ser o sobrenome do Brasil, por um longo tempo.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

15 Comentários

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  1. Collor quis criar sua rede nacional e a globo o derrubou

    Bolsonaro caiu no conto do Edir e macedo do que espera pode jair se acostumando com o retorno de onde estava. Ele e seus menin os

  2. GLOBO BRASIL FRAGILIZADO
    O que a Globo teme seria seus possiveis concorrentes Record REDE TV SBT não só TV aberta, mas a nova CNN enfim, Netflix já tirou público

  3. O apocalipse é aqui
    “O canhão da Globo continua poderoso. A luta pela sobrevivência desperta os instintos mais agressivos. O desfecho deste capítulo ditará o rumo dos próximos acontecimentos.”

  4. Está correto o artigo de

    Está correto o artigo de Cappelli,principalmente quando aborda os erros do PT em relação a mídia,mas cometeu um lapso imperdoável.A se registrar que no artigo do senhor editor,quando aborda o o fim do Governo Bolsonaro,ele corretamente coloca uma interrogação no que há de vir.Com todos os acordos possíveis e imáginaveis,Cappelli  esqueceu-se das ruas.Ou,se for o caso,por distração,não atentou para a frase que abre o Xadrez:”A VERDADE INICIOU SUA MARCHA,E NADA PODERÁ DETE-LA”.E aí Ricardo,não tem acordo certo.

  5. O canhão continua poderoso.

    O canhão continua poderoso. Lembro que sempre falavam por aqui. “Ou o Brasil acaba com o PIG, ou o PIG acaba com o Brasil”. Só tem uma coisa agora. Acho que não teriam coragem de inventar todas essas “mentirinhas”, como ainda fazem em relação ao PT e ao Lula. Lembram das brigas com o bispo. Acabaram logo que cada um começou a mostrar os podres do outro. E os vazamentos na véspera da eleição da Dilma. E o apoio ao impeachment. Que fique claro, a atitude do PIG, é útil, pois escancara a rede de mentiras dessa turma de falsa moralidade. Mas achar que virou aliado ??? 

  6. O articulista até parece que

    O articulista até parece que fala coisa com coisa, mas na verdade seus argumentos não são no sentido de que o Brasil esteja enredadeo em um golpe de estado, deflagrado em 2016 com o afastamento da Dilma. Não tem nenhuma importância as falcatruas que os golpistas aprontaram na eleição de 2018, como a prisão do Presidente Lula e o uso do Whats App por empresários para apoiar com pesados gastos a chapa do Bolsonaro, que a Justiça Eleitoral nas,mãos de golpisatas, não levou consideração  e,, por razões não controladas, mas certamente impactantes como a engenhosidade da chapa Lula/Hddad/Manuela, que não fosse, principalmente, Ciro Gomes tentando ser o candidato dos golpistas no lugar do Bolsonaro, simplesmente afastou o PSDB do páreo, elegendo o Bozo, segundo presidente fantoche do golpe.. A população não optou por nada, foi, isso sim, enganada, principalmente os pobres e negros que votaram no Bozo. Agora, o golpe de estado assumiu sua verdadeira face, com as Forças Armadas no comando. E mais: a Globo & cia., a mídia é parte do golpe, as divergências são superficiais. E não será voto e reza braba que trará  de volta a Democracia. 

    1. O Articulista não pode dizer

      O Articulista não pode dizer que o processo em si é fraudulento pelo líder das pesquisas ter sido retirado por artimanhas judiciais porque o “Meu Ciro” jamis ganharia com Lula nas eleições.

      E se Lula fosse solto, aí as divisões no bloco progressista diminuiriam, pois Ciro está se prevalecendo dess anta do Haddad e dos demais ineptos do PT

       

  7. O articulista até parece que

    O articulista até parece que fala coisa com coisa, mas na verdade seus argumentos não são no sentido de que o Brasil esteja enredadeo em um golpe de estado, deflagrado em 2016 com o afastamento da Dilma. Não tem nenhuma importância as falcatruas que os golpistas aprontaram na eleição de 2018, como a prisão do Presidente Lula e o uso do Whats App por empresários para apoiar com pesados gastos a chapa do Bolsonaro, que a Justiça Eleitoral nas,mãos de golpisatas, não levou consideração  e,, por razões não controladas, mas certamente impactantes como a engenhosidade da chapa Lula/Hddad/Manuela, que não fosse, principalmente, Ciro Gomes tentando ser o candidato dos golpistas no lugar do Bolsonaro, simplesmente afastou o PSDB do páreo, elegendo o Bozo, segundo presidente fantoche do golpe.. A população não optou por nada, foi, isso sim, enganada, principalmente os pobres e negros que votaram no Bozo. Agora, o golpe de estado assumiu sua verdadeira face, com as Forças Armadas no comando. E mais: a Globo & cia., a mídia é parte do golpe, as divergências são superficiais. E não será voto e reza braba que trará  de volta a Democracia. 

  8. Hipocrisia
    Opaaaa..
    Calma lá com andor .
    Qdo alguém escreve: “Moro vive seu inferno astral. Seu capital político ainda é enorme, mas nunca esteve tão ameaçado”.
    É nós tratar como idiotas.
    Capital político?
    Como pode existir capital político ou moral quando uma pessoa diz “caixa 2 é igual ou pior que a corrupção” e quase q ao mesmo tempo diz “Ônys” reconheceu seu erro e pediu desculpas.
    Tá tudo bem assim?.
    Moro é encarnação perfeita de como uma pessoa possa ser uma FRAUDE.

  9. “A população optou pela

    “A população optou pela continuidade da guerra quando decidiu colocar Bolsonaro e Haddad no segundo turno. Quem tentou apelar ao bom senso virou suco.”

    Cirete detectada.

    “O campo progressista, dividido e isolado, continua como coadjuvante numa luta sem sentido pela liderança da derrota. A necessária Frente Ampla é um sonho distante.”

    Graças ao líder do Capelli, aquele que se recusa a fazer oposição  ao Bolsonaro. Está mais preocupado em fazer oposião ao candidato derrotado que ao vencedor. 

     

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