A morte do Ministério do Trabalho e a volta aos anos 30, por Fernando Brito

Sugestão de Webster Franklin

do Tijolaço

A morte do Ministério do Trabalho e a volta aos anos 30

por Fernando Brito

Na República Velha, onde “a questão social era um caso de polícia” – frase que se atribui ao Presidente Washington Luís (1926-1930) – eles não existiam. O povo não existia, aliás.

Com a revolução de 30, nasceram. O Ministério da Educação e da Saúde, dia 14 de novembro, e o do Trabalho, dia 26 do mesmo mês.

Como estamos voltando àqueles tempos, embora triste, é natural que comecem a morrer.

Primeiro, o Trabalho, que já vinha num processo de esvaziamento há anos e se enfraqueceu muito quando perdeu o controle da Previdência Social, agora mais ligada aos cofres da Fazenda que à proteção do trabalhador.

Depois, quando se tornou, na reforma da CLT, inimigo dos direitos dos trabalhadores, propondo ou permitindo relações de trabalho quase escravocratas que, de tão anacrônicas, têm dificuldade de serem absorvidas pelas próprias empresas, como é o caso do trabalho intermitente.

Agora, jogado à condição de “quartinho de despejo” no superministério de Sérgio Moro e com seu papel de gestor de contribuições de natureza social (FGTS, FAT) e o controle dos contratos de trabalho (Caged) entregues ao superministério de Paulo Guedes, ganha um doce quem achar que ali haverá gestores em algo preocupados com a sorte do trabalhador.

Verdade que Temer tinha feito a sua parte neste óbito, entregando a Roberto Jefferson o controle da pasta e por ele submetendo-a ao longo “mico”  da nomeada e jamais empossada Cristine Brasil.

Agora, Jair Bolsonaro terminará o serviço com sua “carteira verde-amarela”, pela qual o trabalhador já renuncia, antecipadamente, aos seus direitos. Claro, por livre opção, porque terá de escolher entre “direitos sem emprego” ou emprego sem direitos.

Logo estas “medidas antipaternalistas” chegarão aos irmãos Educação e Saúde, que existirão para quem puder pagar por eles.

A rede de proteção social que fez este país sair do atraso há quase 90 anos vai ser totalmente desmontada pelos imbecis que empalmaram o poder.

Afinal, a frase que se atribui a Washington Luís é, provavelmente, derivada de outra que disse e que não surpreenderia ser dita hoje também por um presidente da República: ” “a agitação operária é uma questão
que interessa mais à ordem pública do que à ordem social”.

Portanto, Moro nela!

http://www.tijolaco.net/blog/a-morte-do-ministerio-do-trabalho-e-a-volta-aos-anos-30/

Redação

5 Comentários

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  1. https://www.dol.gov/
    Enquanto

    https://www.dol.gov/

    Enquanto isso o DEPARTAMENTO DO TRABALHO dos Estados Unidos, criado há 105 anos, continua solido e forte, com orçamento de 12 bilhões de dolares e 17.450 funcionarios, cuidando dos trabalhadores americanos.

    Jamais se cogitou de extinguer o historico DEPARTMENT OF LABOR, que tem a mesma idade da industrialização dos EUA.

    1. Claro, caro André, o pessoal

      Claro, caro André, o pessoal que opera o dólar privado poupa o povo do país que lhe serve de base. Afinal não é pouca coisa esse pessoal privado usar de recursos públicos – por exemplo, das forças armadas, para o capital poder atacar belicamente estados nacionais com uma desculpa – como se fossem seus. Mas não se iluda, não pense que os privatistas fazem isso por gratidão; fazem assim como forma de aliciar aquele povo, evitar levantes e protestos, inclusive para conseguir que aquele povo continue se alistando naquelas força armadas…

      Agora imaginar que as pessoas que operam o dólar precisam aliciar o povo do país que quer transformar em colônia, já seria ingenuidade. Escravo não precisa ser aliciado, precisa de chicote. O que os capitães-do-mato por aqui – Moro, Bolsonaro, Rogério Marinho e outros que já integram ou que virão a integrar o bando – estão providenciando. Ou chicote ou, como chama Ana Amélia, “relho”.

      Só tem poder sobre as instituições brasileiras nesse momento quem é traidor da pátria.

  2. FIM DE 88 ANOS DE ESQUERDO FASCISMO

    Quer dizer que Golpe Civil-Militar não é antagônico à Elite Progressista Esquerdopata que ascendeu juntamente com o Fascismo Assassino? Aliás, sempre foram parceiros. Quartéis Militares Verde Oliva e Déspostas AntiCapitalistas. E olha quem produziu o Ministério do Trabalho e todos os seus Feudos? Lalau e um século de Tribunais do Trabalho, agradecem. Universidades construídas com Dinheiro Público do BNDES, para formarem Analfabetos Advogados, ‘Office-boys de luxo’ da Justiça do Trabalho, também. Universidades que advinhém, propriedades “sem fins lucrativos’ de Desembargadores, Procuradores, Elites da OAB (outra criação fascista de 1930). Não é mesmo, Gilmar Mendes? Este Mundo Ditatorial Fascista está se extinguindo. Suas Elites, de dentro de presídios ou caçados por forças polícias e processos criminais, se revoltam. Entendemos estes 88 anos da Indústria da Vitimização, Fatalismo, Seca, Analfabetismo e Pobreza. Ditadura Golpista Civil-Militar Caudilhista Assassina Fascista no lugar de Eleições Diretas e Facultativas, produziria Democracia? Surreal. Mas de muito fácil explicação.       

  3. E agora José
    Pois é o que fazer? A resposta tem que ser dada por milhões de trabalhadores ,que não refletiram em quem realmente defenderia seus direitos, e votaram numa farsa. E agora José?

  4. Agradeçamos ao mercado, ao bom deus e à globo

    Antonio Abujamra perguntava ao final de seu programa Provocações quem mais mal fez mal ao mundo: os bancos ou a religião? Eu acho que ele poderia colocar uma terceira opção: a rede Globo com suas novelas alienantes, levando parte dos brasileiros a pensar que o melhor para eles é ser da classe média, viver na zona sul carioca e ser colega do patrão. Acho que devemos muito as novelas da Globo e ao cinema americano essa decalagem que tem o brasileiro em relação à luta de classes, a se sentir trabalhador etc. 

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