A pobre revolução dos teclados, por Fabianna Pepeu

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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A pobre revolução dos teclados
 
por Fabianna Pepeu
 
Lembram da indelicadeza, sendo delicada, de colocar o apelido de ‘poste’ para Haddad e de tantas outras denominações pejorativas que utilizaram contra o melhor candidato à presidência 2018? 
 
Foram 47 milhões de votos e, a certa altura, Brasil afora, ele já não era ‘Andrade’, mas Fernando Haddad mesmo, com nome e sobrenome, especialmente nas cidades em que o sentido de coletividade se sobrepõe aos interesses individuais mesquinhos e sem alma. 
 
Sabe o que isso quer dizer? Que Haddad será perseguido exaustivamente. Que vão fazer de tudo e mais alguma coisa pra destroçar sua história e ainda tudo o que ele construiu muito rapidamente durante uma curtíssima e intensa campanha eleitoral. Não duvidaria de uma tentativa de aprisionamento, por mais improvável que pareça agora. O golpe contra Dilma, a prisão de Lula e a eleição de um fascista também eram ‘impossíveis.’

 
Se muitos, mesmo com críticas ao PT, algumas pertinentes, outras pura baboseira, decidiram votar nele, num primeiro momento, apenas pra evitar a vitória do fascista ordinário e canalha que se elegeu, parece muito claro que, em um segundo momento, Haddad os conquistou não pelo gritante contraponto que representava apenas, o que já seria suficiente, mas porque é de fato uma pessoa ímpar, desprovida de um dos troços mais complicadas na política que é o personalismo, afora toda a sua integridade, capacidade de diálogo, domínio da linguagem e conhecimento explícito sobre os temas mais díspares. 
 
É mesmo uma pena que esse país tenda a gambiarras em lugar de ter vocação para Revolução. Dez por cento apenas do eleitorado que votou contra a barbárie já seria um número bastante razoável pra destroçar, com rigor, esse casamento de aparência, no qual, ninguém tem o menor interesse mais no corpo e nem nas ideias do outro, pois estamos metidos no maior faz de conta que é democracia da história do planeta Terra. 
 
Haddad é tão belo quanto era Che Guevara, mas vocês dirão, e eu mesma já sei, que são outros tempos e a vida e a luta moram, aqui, nesse espaço mínimo que eu mal enxergo pra digitar a palavra ‘fim’.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

3 Comentários

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  1. A culpa é do PT

    Como dizem os adoradores do Coiso, “a culpa é do PT”, que não colocou no STF pessoas de esquerda, que não colocou na PGR um “engavetador geral da republica”, que desterrou Paulo Lacerda e abandonou Protogenes a própria sorte na Satiagraha, que não usou do poder da caneta trocando toda a equipe no primeiro vazamento seletivo da farsa a jato, que não fez gestao para livrar nenhum empresário empreiteiro delator preso por anos nas masmorras de Curitiba (enquanto Gilmar não deixa nenhum que possa incriminar o PSDB nem esquentar preso), que aceitou a PEC da Bengala, que nao desfez as privatizações das telecomunicações em 2005, que deixou a mídia correr solta em nome de um republicanismo ingênuo, que não soube ser poder pura e simplesmente.

     

  2. Nesse simulacro de democracia

    Nesse simulacro de democracia em que vivemos três coisas me fizeram chorar: a votação canalha da Câmara golpeando nossa primeira presidenta, sendo essa uma boa presidenta em que pese os problemas reais e artificiais que ela precisou enfrentar; a prisão do ex-presidente Lula por essa corja fascista e, por fim, a não eleição de Fernando Haddad. Como diz meu pai, a batalha foi momentaneamente perdida. Outras virão e nos precisamos nos fortalecer e aprender a usar as armas da Comunicação. 

  3. Pode acreditar no poder do Haddad.

    Porém, lamento dizer, grande parte dos votos (talvez a maioria) foram para Lula. Lembra do Andrade na presidência = Lula no poder?

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