A política do extermínio em 4 atos
por Fábio de Oliveira Ribeiro
Ato 1
Jair Bolsonaro diz que não dá bola para o fato do Brasil ficar sem vacina.
Ato 2
O presidente da OAB diz que a demora do governo em vacinar a população pode acarretar um pedido de Impeachment de Bolsonaro.
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Ato 3
Um dia antes da matéria com a reação do presidente da OAB ser publicada, Jair Bolsonaro volta atrás e diz que tem pressa em adquirir uma vacina segura.
Ato 4
Uma comentarista sugere que a mudança de orientação pode estar relacionada à queda da popularidade do presidente. Todavia, ela afirma que “…se a expectativa da vacinação ainda no primeiro semestre se frustrar, essa frustração [dos eleitores do mito] poderá cair direto na conta do governo Bolsonaro.”
Esses quatro atos nos ajudam a compreender como funciona o sistema de poder bolsonarista.
No primeiro ato, Bolsonaro expressou o que ele realmente pensa. E o que ele pensa já vinha se refletindo em suas ações para retardar e dificultar a compra de vacinas. Bolsonaro também fez tudo o que podia para manipular a parcela da opinião pública que controla espalhando mentiras sobre a doença e sobre os danos que as vacinas podem causar.
No segundo ato, nós vemos uma reação institucional legítima. Todavia, essa reação foi previamente neutralizada pelo terceiro ato. Ao desdizer o que havia dito antes da publicação da matéria com a fala do presidente da OAB, Bolsonaro tentou desautorizou o argumento do Impeachment. O presidente obviamente foi informado do conteúdo da publicação antes que a mesma fosse levada ao conhecimento do público. Isso prova de que a arapongagem da ABIN está funcionando?
Minimizando os efeitos da demora da presidência da república em adquirir vacinas (isso já é um fato consumado), uma comentarista dá ao presidente 6 meses para vacinar a população. Esse prazo é inaceitável. Todavia, se for aceito pelo respeitável público do mito ou por uma parcela do curral eleitoral da familícia, o tema do Impeachment com base na demora da vacinação da população tende a se dissipar.
Nos próximos dias, os pastores bolsonaristas provavelmente intensificarão a campanha contra a vacinação ou, no mínimo, por uma vacinação com uma vacina segura nos próximos seis meses. E a população poderá continuar a ser abatida pela pandemia.
O debate em torno da fala presidencial, do Impeachment pela demora da vacinação e do prazo para sua realização, bem como a previsível intensificação da campanha contra a ciência promovida pelos pastores bolsonaristas, criarão uma imensa cortina de fumaça. O fato principal será encoberto pela avalanche de informação, contrainformação e Fake News. Refiro-me obviamente ao aumento da letalidade do COVID-19 nas últimas semanas. Essa letalidade tende a aumentar mais nas próximas semanas em razão das festas de final de ano (uma delas realizada com autorização judicial).
Desde que tomou posse, Bolsonaro não governa. Ele deixa a cortina de fumaça governar. O resultado dessa governança elusiva, esquiva, furtiva, imprecisa e obscura é o aprofundamento do neoliberalismo, regime econômico cuja principal característica é maximizar os lucros inclusive e principalmente eliminando uma parcela indesejada da população.
Morra quem morrer… O sucesso do governo da cortina de fumaça é um fato. E a oposição ainda não conseguiu entender que está ajudando Bolsonaro cumprir sua missão de matar a maior quantidade de pessoas no menor espaço de tempo com grande possibilidade de ficar impune.
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QUAL oposição?
“…Bolsonaro cumprir sua missão de matar a maior quantidade de pessoas no menor espaço de tempo com grande possibilidade de ficar impune.”
Não, este genocida não ficará impune. O problema é que precisarão esperar que sejam cumpridas as ações de lesa-pátria promovidas pelo grupo aboletado no planalto .
Depois a famíglia vai pra cadeia!