A questão das marchinhas, por Gunter Zibell

A questão das marchinhas

por Gunter Zibell

Todo ano esse assunto aparece. Se há quem escreve artigos defendendo a continuidade do uso de algumas marchinhas em bailes de Carnaval é porque em algum momento anterior houve o contrário, quem criticasse. Então essa discussão é uma tendência recente, pois há 30 ou 40 anos ninguém falava disso.

Vou pôr ao final deste post os artigos que apareceram este ano a respeito. (Aparecem o artigo de Daniel Martins de Barros e a entrevista com Lira Neto, por exemplo. Eu não concordo com os argumentos deles, parecem-me defesas inconvincentes de “politicamente incorreto”, mas também não acho que vale a pena usar textão para desconstruir.)

Eu gosto de falar sobre identitarismos, inclusão e respeito em geral, mas minha opinião sobre marchinhas preconceituosas fica muito prejudicada por eu não ir a bailes de Carnaval nem em blocos (nem saio de casa nos dias de Carnaval, diga-se.) Eu não faço ideia do que toca ou não toca (mas o artigo do El País informa que algumas coisas deixaram de ser tocadas. E eu acho isso bom, até porque pode indicar que “meu lado” virou majoritário.)

Somente posso, então, falar do que eu acho que eu faria.

Se eu tivesse que organizar uma festa de Carnaval eu certamente buscaria não selecionar nenhuma música cuja letra enaltecesse algum tipo de preconceito. Além de achar isso grosseiro acho antiquado. Se nós costumamos nos abster de postar coisas ofensivas ou de mau-gosto no dia-a-dia, porque haveríamos de teimar em fazê-lo no Carnaval? Seria nonsense.

Se eu tivesse que frequentar uma festa, aí não sei. Acho que dependeria da frequência em que as músicas fossem tocadas e do entusiasmo com que seriam recebidas. Mas é bem possível que eu me sentisse incomodado e simplesmente deixasse a festa (+/- do mesmo modo como eu abandono qualquer debate ou grupo de discussão quando comentários ou piadas não-respeitosos começam a ser tolerados pelo coletivo.) Se há blocos ou cordões que estão evitando de propósito certas músicas para não incomodar, bom, eu acredito que estão fazendo a coisa certa e os parabenizo.

E se eu tivesse algum tipo de talento musical ou poético (e infelizmente não tenho nenhum dos dois), acho que eu tentaria bolar novas letras para as marchinhas. Acho que isso seria o certo a fazer, ao invés de ficar nessa discussão demasiado alongada.

Isso é o que eu faria. Agora o que eu recomendaria aos outros.

Bom, acho que as pessoas devem defender aquilo no que elas acreditam ser o melhor para a Humanidade (ou pelo menos sua sociedade.) Mas com uma boa argumentação para isso.

Argumentos do tipo “sempre foi assim” e “isso é patrulha” não costumam ser bons. Parecem resistência a mudanças. Como consta em um dos artigos, há cerca de 15 mil marchinhas, por que teimar com meia dúzia? A troco de quê, exatamente? Para se defender o incorreto é necessário dizer porque seria bom, senão a razão fica para os “corretos” mesmo.

Como disse, não frequento bailes ou cordões, então não posso assinar em pedra. Mas pelo que eu li até hoje sobre esse assunto (e todo ano nesta época alguém escreve algo) eu fico do lado daqueles que acreditam que é melhor se abster de divulgar músicas que pareçam machistas, racistas ou homofóbicas. Eu realmente acho desnecessário e que não agrega. É a mesma atitude que em relação a piadas ao longo do ano todo, apenas estendendo o conceito para a época de Carnaval.

Mas, se alguém acha que vale a pena manter a divulgação dessa cultura de marchinhas com letras duvidosas, deve ter algum porquê também, não é?

Também sei que há quem acredite em ressignificação de algumas palavras. Eu, pessoalmente, acho que isso nunca dará certo. Tanto é assim que eu divulgo incontáveis clipes com temática LGBT. Quase todo dia tem um. Mas nunca compartilho algo que pareça tentativa de ressignificação, porque eu não gosto e acho que não dá resultado.

 

http://brasil.elpais.com/brasil/2017/02/25/cultura/1488058397_874067.html

http://www.bbc.com/portuguese/brasil-39085347

http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/post/banir-marchinhas-incorretas-e-inutil-mas-e-preciso-refletir-sobre-letras.html

http://www.hypeness.com.br/2017/02/as-marchinhas-de-carnaval-preconceituosas-e-outras-marchinhas-tradicionais-e-maravilhosas/?utm_source=terra&utm_medium=homepageTerra&utm_campaign=terraparceiro

http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/viver/2017/02/13/internas_viver,688620/cancoes-politicamente-incorretas-causam-polemica-no-carnaval.shtml

http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,analise-politicamente-correto-e-estrategicamente-enganado-sobre-as-novas-marchinhas-de-carnaval,70001666446

Marchinhas politicamente incorretas

 

 

 

 

 

Redação

27 Comentários

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  1. Há bem mais de 30 ou 40 anos que se fala disso.

    A marchinha ‘Cabeleira do Zezé’ coincide com o início da beatlemania e a moda de cabelos compridos, em 1963. Seu autor conta a história da origem da canção; trata-se de um garçom que conheceu naquele ano, a marcha estourou no carnaval seguinte. A letra põe em dúvida a identidade heteronormativa dos aderentes a moda, claro, e fica mais explícita a homofobia por causa do coro introduzido pelos foliões, não escrito pelos autores, após a estrofe ‘será que ele é’: bicha! 

    Isto soava muito homofóbico e constrangedor naqueles anos, mas nos atuais, quando pouco se liga para comprimento de cabelos? Vou a muitos blocos e cordões e reparo que os foliões que hoje gritam com mais entusiasmo e até orgulho o refrão popular são… as bichas, que já não sentem mais nenhum constrangimento ou pudor em se declarar, principalmente em dias de  carnaval, uma festa despudorada. Nunca as vi na festa com expressões indignadas, e olhe que é uma das marchas mais executadas.

    De fato houve uma maré de ‘corta o cabelo dele’ depois daquele carnaval, não propriamente homofóbica, mas isto está longe de ser associado à influência ou incentivo da marchinha e sim pela onda conservadora e reacionária desencadeada, pelo golpe que se sucedeu logo após àquele carnaval. No início, em muitas escolas tradicionais, garotos cabeludos, e meninas de minissaia, eram barrados nos portões e retornavam pra casa com anotações expressas dirigidas aos pais, para o corte de cabelo e revisão dos costumes.

    Quando essa juventude se radicalizou ainda mais, na moda, na política e nos costumes, até como reação ao reacionarismo então vigente; quando aderiu ao uso da pílula, optou pela paz com bastante amor, muito sexo, drogas e rock and roll, a geração dos hippies se confrontou com os esbirros, os ‘guardas da esquina’, da ditadura, de forma ainda mais radical no ‘corte o cabelo dele’. Posso afirmar que esses ‘guardas da esquina’ não tinham nada a ver, com foliões incentivados pela marchinha; em sua totalidade eram conservadores, carolas, demagogos, oportunistas baratos, psicopatas e hipócritas que não brincavam o carnaval, que achavam indecente. 

    Marchinha de carnaval incentiva brincar, pular, dançar e se encharcar de samba, suor e cerveja. Tendo para o título, não para todo conteúdo, do artigo de Mauro Ferreira:

    Banir marchinhas incorretas é inútil, mas é preciso refletir sobre as letras

    Um abraço.

    1. Minha experiência

      Pela minha experiência as pessoas racistas, misóginas e homofóbicas não são assim por causa de marchinhas de carnaval. Pessoalmente, duvido muito que uma marchinha de carnaval vá fazer alguém se tornar racista ou incentivar/estimular o racismo ou homofobia de alguém. Os racistas, homofóbicos e misóginos tem outros estímulos muito mais fortes, que são a impunidade generalizada, os grupos de ódio na internet e o Bolsonaro.

      Na verdade, os racistas e quetais estão pouco se lixando pro carnaval, são em geral conservadores que acham o carnaval um período de excesso de liberdade inconcebível, que eles chamam ironicamente de “festa da carne”. Se nem existisse carnaval eles seriam assim do mesmo jeito – ou talvez até pior! Agora sua proposta de reflexão sobre o conteúdo das marchinhas é totalmente válida.

    2. Mas a questao nao é essa!

      Claro que ninguém ficou homofóbico por causa de marchas de Carnaval. Mas elas espalham o preconceito e a intolerância. Acredito que homossexuais possam ressignificar as marchinhas homofóbicas virando o significado delas, como aliás Elza Soares fez com Negra de Cabelo Duro; mas eles nao formam a sociedade inteira.

      Falando especificamente de machismo, há até letras que incentivam violência (infelizmente, inclusive de Noel Rosa). Nao dá para admitir isso “numa boa”, porque é Carnaval.

  2. Facebooktização da vida

    Toda esta coisa de ‘politicamente correto’ esta diretamente ligada a criação do feiçibuqi. Lá, todo mundo tem uma vida (SEMPRE PARA MELHOR) da qual nunca passou perto, é uma espécie de ‘The Sims”… São seres superiores, são sábios, intelectualíssimos, e ai começou o patrulhamento GERAL E TOTAL, veem pecado em tudo, veeem homofobia em tudo, veem racismo em tudo, em qualquer coisa mesmo, qualquer. Querem punição “a jato” para os outros (só para os outros), querem até acabar com as marchinhas de carnaval, e agora terão uma nova vítima, e também ligada ao carnaval, a PURPURINA, já qe a rede Record fez matéria dizendo que a purpurina ajuda muito na poluição dos mares, rios e lagoas e seus habitantes. Então, lá para dezembro próximo teremos estas pessoas dizendo que não vão tocar/cantar marchinhas lulocomunistapthomofóbicas, e não usaram também PURPURINA petebopoluidora. Não demora muito, eles vão querer acabar com o carnaval.

    O detalhe é que todos os combatentes anti-marchinhas apareceram na mídia, deram entrevista, expuseram seus blocos, seus produtos. Mas o racismo de verdade, a homofobia de verdade, o machismo de verdade, aqueles que torturam, que matam, ficaram de lado, talvez não vendessem bem o produto na mídia.

    O facismo, a intolerância, ficam anães com esta imensa importância dada as marchinhas de carnaval e a purpurina.

    Se o Mark Zuckerberg for esperto, ele muda logo o nome do Facebook para “The SimsBook”.

    1. Nasceu com o facebook?

      O facebook é de 2004, politicamente correto se discute desde o início da década de 1990. Enxergar racismo, homofobia e preconceito em tudo é tão ruim quanto achar que eles não existem – ou que combatê-los é “patrulhamento”…

      1. Pra que provas, se existe convicção.

        Único reparo a ser feito é trocar COMEÇAR por ACIRRAR (pois algumas pessoas não conseguiriam entender o texto completo). E enxergar racismo, homofobia e preconceito em tudo é tão ruim quanto não ter lido o texto, para poder dizer que acho que eles não existem – ou que combatê-los… É o “patrulhamento”…

        Vou até fazer um Ctrl+C / Ctrl+V na parte final do meu texto, pra ver se você me dizer onde eu disse que tais coisas não exitem, ou algo parecido. Lê ai…

        “O detalhe é que todos os combatentes anti-marchinhas apareceram na mídia, deram entrevista, expuseram seus blocos, seus produtos. Mas o racismo de verdade, a homofobia de verdade, o machismo de verdade, aqueles que torturam, que matam, ficaram de lado, talvez não vendessem bem o produto na mídia.

        O facismo, a intolerância, ficam anães com esta imensa importância dada as marchinhas de carnaval e a purpurina.”

  3. Benvindo de volta, Gunter!

    Sobre as marchinhas já falei em outro comentário. Mas nao podia deixar passar em branco seu aparecimento depois de tanto tempo. Vc faz falta.

    1. Oi AnaLÚ, tudo bem?

      Obrigado pela recepção! (E também pela resposta acima ao colega precipitado.)

      Eu não tenho pensado sobre política ou economia, que são os focos do blog, então não tive muitas oportunidades para aparecer.

      Mas planejo escrever sobre Reforma da Previdência brevemente.

      E ainda gosto de pesquisar clipes. Vc viu este post?

      https://jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-pro-rede/fair-feliz-2017-uma-volta-ao-mundo-por-45-paises

      Um grande abraço!

       

      1. Tb tenho comentado pouco

        No meu caso é por desânimo mesmo.

        E nao consigo “ver” clipes muito bem. Acho que a dificuldade que mtos jovens têm com a leitura eu tenho com a apreciaçao de clipes. É tudo mto rápido, eu nao consigo apreender os detalhes, literalmente nao vejo.

        Abs

  4. Apareceu a margarida, olê, olê, olá…

    O carnaval se foi. O que permanece é uma nação à beira do abismo.

    Não sei em que mundo estava vivendo o postista, e acho que não fez falta por aqui.

    O mundo acabando e a Polyana pregando o contente.

    1. Gunter é um participante antigo, com ótimas contribuiçoes aqui

      Vc nem cadastrado é, e querendo decidir quem faz falta aqui ou nao? Ai que falta de simancol. Nao é necessário carteirinha ideológica para participar do Blog, o Nassif nunca exigiu isso.

      E querer exigir pensamento único É FASCISMO! Nao concordo com as posiçoes políticas dele, mas defendo o direito dele tê-las, como espero que as coisas nao cheguem ao ponto em que eu nao possa mais verbalizar as minhas.

  5. Ah, o problema do país é a
    Ah, o problema do país é a cabeleira do Zezé!

    Tão crítico à Dilma, tão silencioso em relação ao governo golpista apoiado por PSB e Aécio.

    É porque o governo está sendo realmente bom para os gays ou gratidão pela participação do Alexandre Frota?

    Ou ainda estamos tentando decidir se o congresso é conservador ou não?

  6. Não é nonsense. É justamente isto: bota-se pra fora o que…

    ainda está reprimido, contido pelas boas maneiras, pelo politicamente correto (Aaaaargh !…), pelo bom gosto (“Eu não gosto do bom gosto, eu não gosto do bom senso, eu não gosto dos bons modos “… da letra de Senhas, de Adriana Calcagnoto)  “Se nós costumamos nos abster de postar coisas ofensivas ou de mau-gosto no dia-a-dia, porque haveríamos de teimar em fazê-lo no Carnaval? Seria nonsense”. o Carnaval é tempo de exceção, de ser o que não se é ou o que se deseja ser, de falar o que se queria falar e cantar. A história do carnaval é cheia de sujeira (mela-mela) e de batalhas nem sempre com lima de cheiro.

    1. Caro Humberto,

      Isso tudo não seria uma variante do argumento “sempre foi assim”? 

      Repare: 

      “o Carnaval é tempo de exceção”

      “A história do carnaval é cheia de sujeira”

      São posições conservadoras. 

      O artigo do El País apresenta que em 2017 começaram os blocos sem marchinhas preconceituosas.

      Essa é a posição de quem se atualiza com a sociedade!

      Abraços!

  7. Bobagem

    Não acho que se deva defender (manter) ou censurar qualquer coisa, pois, a rigor, são milhões de pessoas que não agem da forma politicamente correta, que cantam o que lhes vêm na cabeça, bebem demais e etc. Não vejo gente organizando propositalmente agressões a minorias.

    Muitas das marchinhas estão aí de volta, pois são conhecidas, de letra simples e que todo o mundo canta. Bolar novas letras? Pelo amor de Deus! 

    1. Além de homofóbico é seletivamente cego…

      “Não vejo gente organizando propositalmente agressões a minorias.”. Claro que nao vê, nao quer ver. Os homossexuais (e mulheres…) vítimas de violência nao importam para vc, né? Sao “subgente”.

      1. Contexto

        Estamos falando no contexto do Carnaval. São muitos os blocos e muitas as canções para cantar. Por isso não vejo nisso uma ação proposital e/ou organizada em contra de determinadas minorias.

        1. O contexto do Carnaval nao é isolado do contexto geral

          Onde existe violência e/ou preconceito contra minorias, é negativa qualquer manifestaçao que reforce esse preconceito ou violência, mesmo se nao intencionalmente planejada. Mas repetindo vc nao se importa com isso, né?

  8. Obs: Discordo mas gosto porque nos leva a pensar um pouco

    Discordo de Gunter (evitarei meus adjetivos, meus… e que não seriam de bom gosto). Mas ele coloca coisas que pode nos levar a pensar, a refletir, coisas do inconsciente, talvez. Enfim, vejo nele um raro representante de opiniões dissonantes, e toda a mídia, e a mídia alternativa é carente disso também. Temos dificuldades em sair das linhas.

  9. Meu temor é que hoje são as

    Meu temor é que hoje são as marchinas. Amanhã uma compania teatral pode ser constrangido a não mais encenar o Mercador de Veneza, por ser antissemita e a Megera Domada, tradução de Millor Fernandez, por ser misógino; ou as peças de Eurípedes, por ser misógino; depois deixarão de ler Platão por ser um tirano com sua concepção de sociedade mostrada n’A República; depois deixarão tomando pó eternamente as obras de Lobato e Mark Twain por serem racistas; depois não passarão nas rádios (aliás, nas pouquíssimas que ainda passam a mpb histórica) a canção Amélia de Mario Lago ; depois vão pôr vários empecilhos a leitura  do velho testamento por ser ser machista, racista, misógino, escravista, intolerante às outras culturas e religiões e ainda por cima  mostrar que quem comete adultério, desde que da elite(rs), se dá bem ( vide David e Betsabá); Nietzsche também vai pro limbo, por misogenia e por  ”pré-nazista” – ainda que a turma mais politicamente correta goste da idéia que ele elaborou – a de que Deus está morto; e por fim, serão não mais transmitidos os desenhos do pica-pau, pernalonga e tom e jerry por pregarem a violência – com direito à tortura, decaptação, fatiamento, bullying no mais alto grau, envenamento,e, com apoio dos fundamentalistas religiosos, confusão de gêneros ( vide quando o pica-pau e o pernalonga se transformam em mulheres) Aliás, entre os desenhos animados, o número 1 dessa lista seria o desenho em que o pernalonga, se passando por uma Valquíria, faz uma paródia da Cavalgada das Valquírias, de Richard Wagner (cujas óperas também serão não incentivadas a serem encenadas por sua misoginia, antissemitismo e além de tudo por ter sido um dos artistas mais fdp da história da arte,escrúpulo zero). Quem não viu esse desenho, veja – creio que ainda há no youtube. 

    Bem,depois de que todo o acervo cultural acima seja apagada, aos poucos, da memória, vamos verificar que o homem vai continuar tendo dentro de si o mesmo bicho selvagem e imprevisível que ele, através da civilização, tenta domar  – como bem demonstrou Freud (talvez outro que esteja no index dos que terão seus livros deixados na estante tomando pó) no Mal Estar da Civilização. Aliás, nesse livro, Freud diz que não concorda com a visão comunista da época de que com o fim da propriedade privada, nasceria um novo homem. Creio que também não será relegando ao esquecimento o acervo cultural acima que daremos um salto do nosso atual estágio. 

      1. Não fiz juízo de valor,

        Não fiz juízo de valor, apenas mostrei que é um fenômeno que abrange várias áreas. Eu sinceramente não tenho uma posição fechada.

        No caso dessa música infantil especificamente, questionar a letra faz sentido, uma vez que a agressão à animais é um problema sério. Achei válida a mudança da letra.

        Já proibir “cabeleira do Zezé” é inútil. Ninguém mais associa cabelo grande à sexualidade. É uma música inocente e não vejo como possa aumentar o ódio ao gay. Já aquela que fala que “já que a cor não pega, mulata”, é rascista para caramba.

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