A raposa derrabada, por Gustavo Gollo

Sentindo-se inferiorizada por ter perdido a cauda, a criatura imaginou um ardil para igualar as outras raposas a ela

A raposa derrabada

por Gustavo Gollo

Andava a raposa pela floresta, quando se viu presa em uma armadilha. Embora decididamente empenhada em se libertar da pavorosa engenhoca, nenhuma de suas inúmeras tentativas permitiu desvencilhar sua bela cauda, tenazmente agarrada pelo mecanismo cruel, até que, sedenta e exausta, a criatura viu-se compelida a roer o próprio corpo, resignando-se a deixar o rabo preso à armadilha, em troca da liberdade.

Sentindo-se inferiorizada por ter perdido a cauda, a criatura imaginou um ardil para igualar as outras raposas a ela; tratou então de convocá-las para uma assembleia, onde discursou eloquentemente argumentando que a cauda das raposas não servia para nada, apresentando fortíssimas razões para que as raposas devessem, todas elas, cortar suas próprias caudas.

Reunidas em assembleia, as raposas ouviram atentamente as razões e propostas da oradora, com as quais não deixaram de concordar, cobrando da proponente, que se virasse e expusesse sua cauda para que fosse ela própria a primeira a dar exemplo de tão sábia decisão.

Obrigada a mostrar a cauda que já não possuía, a criatura revelou o motivo da tão estapafúrdia sugestão.

Em 2013, Dilma Roussef sancionou a lei que destinava 75% dos royalties do petróleo para a educação, e 25% para a saúde dos brasileiros, com um resultado esperado de R$ 112 bilhões para a educação em dez anos, e de R$ 362 bilhões em 30.

Depois veio o golpe, e na rapina subsequente que constituiu seu butim, o petróleo do pré-sal que financiaria a educação brasileira foi abocanhado pelas vorazes petroleiras gringas, que nem migalhas deixaram para os brasileiros. Entregamos tudo para os rapinantes, estupidamente, sem nenhuma luta.

Dona das maiores reservas de petróleo do planeta, a Venezuela tem atraído a cobiça dos mais poderosos piratas do mundo. Com enorme determinação, no entanto, os venezuelanos vêm há duas décadas resistindo briosamente a tais investidas, sendo obrigados agora a pagar alto preço por tal galhardia, pressionados e acossados pelos piratas que tentam insistentemente subjugá-los.

Depauperados pela ferocidade dos poderosos piratas que incessantemente os acusam, vilipendiam, bloqueiam suas divisas, sabotam e tentam impedir a todo custo o funcionamento do país, os bravos venezuelanos lutam por sua independência, pelos bens da nação, e contra a pilhagem dos poderosos piratas do norte que querem abocanhar seu petróleo, como fizeram com o nosso.

Deveríamos admirar nossos valorosos vizinhos e aprender com eles a lutar pelo que fosse nosso, preparando-nos para denunciar e exigir de volta o petróleo que nos foi roubado pelos mesmos piratas que os cercam.

A mando do capacho fascista, esta criatura paradoxal e subserviente, seguem generais para as proximidades da Venezuela, enviados como raposas derrabadas, para clamar aos altivos venezuelanos que entreguem seus rabos aos piratas.

Ansioso por demonstrar incontendível subserviência aos piratas que abocanharam o petróleo que financiaria nossas escolas e hospitais por décadas, incapaz de conter os arroubos para se por de 4 frente aos piratas que derrabaram nosso país, o capacho tenta se fazer de macho para com os briosos venezuelanos, enviando generais para obrigá-los a entregar seus rabos aos piratas, e igualá-los a nós.

Papel ridículo, fazemos, todos os brasileiros, permitindo que o país aja como raposa derrabada, exigindo dos venezuelanos que se entreguem aos piratas, enquanto balança o que restou do rabo para aqueles que o tomaram, alardeando uma subserviência vergonhosa e ativa.

Envergonhemo-nos de tal papel. Deixemos os venezuelanos lá com seu petróleo, e se não tivemos o brio de defender o nosso, que não ousemos tentar obrigar as valorosas criaturas a entregar o deles aos piratas.

Deveríamos ter cuidado melhor de nosso rabo; se não o fizemos, não tentemos impedir que outros, mais dignos que nós, o façam.

Que os próprios venezuelanos resolvam seus problemas e cuidem de seus destinos, sem interferência alheia.

E que nossos governantes tomem tento.

Cadê o Lula, que exigiria nosso petróleo roubado, de volta?

 

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador