A Revolução Verde e o lucro de cada dia, por Cristiane Alves

A Revolução Verde e o lucro de cada dia

por Cristiane Alves

Como esquecer o papel da Revolução Verde na diminuição da tragédia famélica mundial?

A produção de alimentos em larga escala nunca seria possível sem a adoção de defensivos químicos, também conhecidos como agroquímicos ou (à boca pequena) agrotóxicos. O nome ou apelido é o de menos, importa saber que foram, e são, importantes à demanda cada vez mais crescente por alimentos por parte de uma população que não para de crescer.

Talvez poucos chamariam Gilberto Gil para fundamentar um pensamento sobre defensivos químicos na agricultura, faço isso no desejo de poetizar a globalização.

Gil, melhor que qualquer geógrafo, nos mostra a evolução dos meios de transporte e comunicação e sua contribuição para as interrelações entre povos e conhecimentos de maneira cada vez mais rápida. A música é Parabolicamará. Canta a diminuição do planeta frente ao aumento do mundo conhecido.

Hoje a Terra é tão pequena que cabe na palma da mão e viajar o planeta todo leva alguns instantes e muitos arrastos no touch da tela do celular.

A globalização, de história jovem, teve sua raíz com as Grandes Navegações onde era comum o uso da frase do general romano Pompeu de 70 a.C: “Navegar é preciso, viver não é preciso”. Apesar de sua inegável genialidade, Fernando Pessoa, escreveu a mesma frase muito tempo depois de Pompeu, conforme registrou o historiador Plutarco. Globalizados estamos e alimentados estamos, mas entre as agruras das primeiras navegações marítimas e a hora de nosso almoço muito se tem a considerar.

Agora nos confrontamos com questões como até onde podemos permitir que a globalização nos afete, se manteremos nossa identidade cultural, se ainda seremos brasileiros embora cidadãos do mundo. Pensamos se hoje, diante de tudo que aprendemos, a produção de alimentos necessita de tantos defensivos e se tais defensivos podem ser melhor dosados.

Nem tudo que nos é permitido nos é vantajoso. Isso vale para a vida em todos os aspectos.

Hoje nos deparamos com a notícia da liberação, pela Anvisa, de defensivos proibidos em outros países por serem suspeitos de causar danos ao sistema nervoso dos consumidores e que não mais seremos alertados quanto a alimentos transgênicos que, de acordo com a Monsanto, são responsáveis pelo aumento dos casos de anencefalia em fetos.

Viajamos tanto, conhecemos tanto, nos informamos tanto para descobrir que Pompeu foi superado. Viver não é preciso, lucrar é preciso.

 

Cristiane Alves

2 Comentários

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  1. A Revolução Verde criou o êxodo rural

    A Revolução Verde quebrou os pequenos agricultores e provocou o êxodo rural para as cidades em grande escala, após a Segunda Guerra Mundial. De certa forma, “resolveu” um problema que ela mesma criou.

    1. Herança escravocrata
      Foi a herança escravocrata que causou o êxodo rural e não a revolução verde. A nossa estrutura fundiária herdada da escravatura, e junto com as condicionantes sociais desta época que ainda perduram até hoje e ainda uma elite rentista, escravocrata e antinacional são as verdadeiras causas do êxodo rural. A mecanização dos trabalhos rurais mais que a revolução verde com sua química usada na agricultura foram só desculpas para este êxodo. Se a nossa estrutura fundiária fosse de pequenas propriedades familiares seríamos disparados os maiores produtores agricolas do mundo tanto em volume ou tonelagem quanto produtividade por hectare.

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