Bolsonarismo sem Bolsonaro
por Pedro Estevam Serrano
Em recentes declarações à revista Veja, Sergio Moro teceu comentários a advogados que criticaram a atuação dele enquanto juiz. Moro atacou especialmente o Grupo Prerrogativas, dizendo, entre outros absurdos, que os profissionais que o integram trabalham pela impunidade de corruptos. O discurso, por sua agressividade e total descompasso com a realidade, não pode ficar sem resposta, e é por isso que ocupo este espaço para refutá-lo.
Em primeiro lugar, é preciso dizer que a fala do ex-juiz revela uma grave deficiência cognitiva em uma área do conhecimento que ele deveria dominar. A crítica feita por ele demonstra desconhecimento do que sejam a advocacia, os direitos e o Direito. Qualquer estudante de primeiro ano de Direito sabe que advogado nenhum defende corrupto ou bandido, defende os direitos da pessoa – veja, nem a conduta nem a pessoa, mas os direitos dela. Direitos que qualquer um, mesmo tendo cometido crime, possui, pelo simples fato de ser humano. Relacionar a advocacia à defesa de crimes revela uma interpretação anti-humanista do Direito, que Moro reproduziu enquanto juiz, atuando contra os direitos dos acusados que julgou.
Artigo publicado originalmente na Carta Capital.
Este texto não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.