Bolsonaro, e agora? Não temos tempo de temer a morte!, por Ergon Cugler

Foto El País

Bolsonaro, e agora? Não temos tempo de temer a morte!, por Ergon Cugler

O crescimento da onda bolsonarista muito assustou aqueles que durante anos e décadas defenderam a democracia de diversas ameaças. É fato vencido, os mais diversos setores da sociedade reconhecem a ameaça que Jair Bolsonaro representa às instituições. Foi do PSDB de FHC à extrema-direita de Marine Le Pen, de figuras do judiciário como Joaquim Barbosa a investigadores renomados como o pai da Lava Jato, Rodrigo Janot. Com seu filho Eduardo defendendo fechar o STF, seu vice cogitando alterações bruscas na constituição para remover direitos básicos e o próprio Bolsonaro pregando extermínio e exílio de opositores, não houve democrata que tolerou sua postura e se isentou de denunciá-lo.

Muito mais do que a vitória nas eleições gerais, preocupa a legitimação do discurso de ódio que, sem qualquer vergonha, saiu do armário. Foram diversos casos de agressão, intimidação e perseguição daqueles que declararam apoio ao seu adversário. Houve morte, mestre Moa do Katendê presente! Chegou ao ponto do próprio STF barrar o processo de intimidação que passou a ocorrer nas universidades, quando exercendo a democracia, estudantes buscavam demarcar posição contra o crescimento do fascismo nas ruas.

No entanto, em meio a tantas mentiras espalhadas pela internet, as ditas fakenews foram as verdadeiras vencedoras desta eleição. Inventaram que seu opositor, Haddad, estuprou uma garota de 11 anos, que a vice, Manuela, era satanista e que os detidos em prisões seriam soltos para receber o “combo Kit Gay e Lei Rouanet”. Com a ausência de debate, vigorou a ignorância da desinformação, dando espaço para um candidato sem propostas concretas de saída da crise, para então vencer como o maior adversário de tudo aquilo que ele mesmo inventou.

Perdemos e é compreensível que fiquemos desamparados e preocupados, conosco, com o próximo, com todo povo brasileiro. Perceber que tanta desinformação pode literalmente nos matar nas ruas é desesperador, pois ninguém quer virar estatística. Aliás, “como alguém sabendo de todas estas atrocidades e ameaças, ainda vota em um cara desses?”, chega a nos dar desesperança, mas é exatamente isso que eles querem de nós, querem que a gente desacredite de nosso país e sinta apenas derrota. Mas como canta a baiana Gal Costa, “é preciso estar atento e forte; não temos tempo de temer a morte”.

Eles acham que basta uma derrota para entregarmos a toalha; mas saibam que jamais desistiremos de nosso país. Aguentamos eras de trevas, guerras e séculos de exploração. Na história mais recente, os que lutaram pela democracia nunca abriram mão nem mesmo perante à barbárie e à tortura. Nada de inocência, de achar que enfrentar Bolsonaro será ficha perto disto, mas pé no chão para brindar a resistência que sempre esteve em nosso sangue. Exceção foi ter anos de avanços sociais e que, incluso, temos a responsabilidade de defender o legado, mas nunca foi vitória dada da recente democracia que sangue e suor construiu.

A onda da virada foi um exemplo exponenciado do que deve ser nosso trabalho diariamente nos próximos anos. Não é momento de abrir mão de reconquistar a esperança do povo, precisamos nos reconectar com a realidade concreta de quem mais vai sofrer com a era Bolsonaro. Pois não se enganem, enquanto seu ódio atacará a população LGBT, as mulheres e os negros de forma institucionalizada, sua política econômica irá massacrar o povo pobre que mal tem o que comer em sua mesa. Paulo Guedes, seu guru, irá garantir a implementação das mais extensas políticas neoliberais enquanto nossa atenção se vira para as pautas ligadas a costumes que Bolsonaro sabe muito bem esbanjar.

Por nós, pela sobrevivência, mas principalmente pelo povo e pelo nosso país, temos a missão de reconquistar o sentido de ser patriota e exercer cidadania. Temos a responsabilidade de fazer oposição em alto nível, diariamente, cada vez mais enraizado com a base e formando pólos de resistência para, acima de tudo, garantir que nossa recente democracia não se fragmente.

É nossa missão e de mais ninguém, pois já somos 47 milhões que não caíram no discurso do ódio e da desinformação. Aos que se cegaram perante ao anti-petismo, é momento de acolher e denunciar diariamente as ações de Bolsonaro, mostrando que nosso fôlego e preocupação com o país vai para muito além do dia da eleição, pois democracia é feita diariamente.

Por fim, que o recado fique claro, pois ódio algum nos irá fazer desistir de um Brasil soberano e democrático. Ele é nosso, é do povo e não há manchete de fakenews que nos faça crer do oposto. Bolsonaro que se cuide com a oposição mais qualificada que ele terá de enfrentar, o povo.

Resistência pela nossa existência!

 
Redação

6 Comentários

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    1. EIS A QUESTÃO:

      Será que diante da inevitável catástrofe do governo do capetão e seus generais subordinados, os militares dirão que não tem nada a ver com isso ?

  1. Pergunta

    por ter dito que a Maria do Rosário “não merecia ser estuprada” o coiso é réu no stf por incitação ao estupro e injuria.

    Em novembro de 2016 o stf julgava se réus seriam PROIBIDOS de se candidatar a Presidencia

    A sessão estava 6 X 0 a favor da proibição, quando o ministro de recados do gilmar, o toffoli, pediu vistas

     

    até o momento o julgamento está suspenso

     

    O stf terá culhões para retomar e impugnar a candadatura do coiso, vai manter o processo dormindo, ou vai chantagear o novo presidente pedindo malas de dinheiro, através de novo aumento nos vencimentos ????

    1. Só se for antes do Coiso abofelar a faixa prisidencial

      O § 4º, do art. 86, da Constituição dispõe que o Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.

    1. Uma andorinha só tentando fazer verão é uma andorinha sozinha

      Um só time? O que acontecerá com o time dos iludidos?

      Se desiludirão? Ou haverá fusão?

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