Candidaturas avulsas, o sonho dos oportunistas, por Luis Felipe Miguel

E é o sonho, sobretudo, das fundações empresariais de captura da política, das quais a própria Tabata é o produto mais reluzente.

Candidaturas avulsas, o sonho dos oportunistas

por Luis Felipe Miguel

À primeira vista, o desfazimento do PSL parece surpreendente.

Como é possível que um presidente da República, fresquinho no cargo, não consiga controlar sua própria legenda de aluguel?

Não é só a incapacidade do capitão para conviver com qualquer grupo – e, agora, sua vontade de se afastar de qualquer maneira de um escândalo de corrupção eleitoral que, num país mais sério, invalidaria sua eleição.

É também a natureza daqueles que o PSL colocou no parlamento, na eleição passada.

São quase todos franco-atiradores. Gente que se fez à base de promoção pessoal, que não tem noção do que é partido.

Pior: como eu escrevi ainda no ano passado, “como cada um deles se vê como um herói da cruzada antipetista, julgam que o Estado brasileiro é seu merecido butim”,

Por isso, seu apetite por cargos e vantagens é insaciável. Mais ainda do que o da elite política tradicional que eles vieram substituir.

No jornal, leio que a crise no PSL está, junto com o caso da deputada Tabata Amaral, “reacendendo” a proposta de candidaturas avulsas.

É o sonho dos oportunistas, dos milionários que querem entrar na política, dos messias de ocasião.

E é o sonho, sobretudo, das fundações empresariais de captura da política, das quais a própria Tabata é o produto mais reluzente.

Sem partido, a força do dinheiro agirá sem mediações na política.

Sem partido, a representação se torna exclusivamente personalista e se perde de vez qualquer vinculação com a ideia de um projeto coletivo.

Os casos dos franco-atiradores do PSL e da infiltrada de Guedes no PDT ensinam exatamente o contrário: é necessário reforçar o papel dos partidos como organizadores da disputa política.

Luis Felipe Miguel

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. As vezes é bom “tumultuar” , alguem de fora para quebrar a mesmisse dos partidos , nem que seja para ser destruído pelas besteiras que falar.
    Quanto mais livre um sistema for melhor, minha mui modesta opinião.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador