Como conduzir parte de uma nação ao suicídio coletivo, por Ailton Andrade

Imprescindível que a sociedade organizada, que as instituições da República, no Judiciário, no Legislativo, nos executivos e legislativos estaduais e municipais tomem para si o protagonismo de barrar o descalabro que vivemos.

Como conduzir parte de uma nação ao suicídio coletivo

por Ailton Andrade

A escalada de mortes, no Brasil, provocada pela explosão da 2° onda da COVID-19, assusta e leva angústia, dor, perda de vidas e impactos sócio- econômicos que são sentidos de formas distintas, conforme os estratos sociais de nosso país. Há ainda um efeito que pode trazer consequências em escala mundial, pois a pandemia é ocasionada por um vírus que, por natureza, é expert em mutação. A explosão descontrolada de casos, no nosso país, tem o potencial de gerar novas e perigosas cepas do Sars-COV2, podendo ser, inclusive, uma ameaça ao planeta.

Nesse contexto, é impossível não trazer à luz a (ir)responsabilidade do Presidente da República e do Ministério da Saúde.

Após um ano de pandemia e mortes, no Brasil, é extremamente doloroso perceber uma ação deliberada, por parte do Presidente Bolsonaro, de atrair uma parcela da população para o acometimento de um suicídio coletivo, além do suicídio de uma parcela das empresas de nosso país, vide casos como a saída da Ford e da Sony.

A insistência em sabotar os esforços de controle de transmissão do vírus na pandemia: difamando o uso de máscaras, provocando aglomerações e disseminando o uso de medicamentos comprovadamente ineficazes ao tratamento da COVID-19; aliado ao processo de politização na compra e uso de vacinas, produz a imagem de um presidente mais preocupado com sua reeleição do que com o povo brasileiro.

Sobre o processo de vacinação, é preciso ressaltar que o governo federal tem uma responsabilidade adicional, pois teve a oportunidade de se preparar com antecedência tanto para a compra de vacinas, como com a preparação logística da vacinação – logística, aliás, propalada como uma das qualidades do Ministro da Saúde General Eduardo Pazuello, mas, na prática, percebemos que tal qualidade talvez seja apenas uma lenda urbana ou pior, suas ações logísticas podem apenas seguir a orientação do presidente, afinal, o próprio ministro da Saúde disse em 22 de outubro de 2020: “Um manda, o outro obedece”. (https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/10/um-manda-o-outro-obedece-diz-pazuello-ao-receber-bolsonaro-apos-crise-da-vacina.shtml)

Será que todo o movimento de sabotagem, de negacionismo e de palavras grotescas e insensíveis: “E daí”, “Chega de mimimi”, “Deixem de ser maricas” são parte de uma ação que pode ser contabilizada como gerada por alguém incompetente? Ou seriam ações planejadas, refletidas e intencionais?  Diria que tais ações possuem ambas as características.

É evidente que o presidente da República é uma pessoa limitada, que não possui características de estadista e, com certo grau de sinceridade, reconhece tal limitação, quando ainda em campanha dizia que não sabia nada de Economia e que isso ficaria a cargo do (futuro) atual Ministro da Economia – Paulo Guedes. Entretanto, há indícios que nos levam a supor que o Presidente adota ações diabolicamente intencionais.

O Presidente Bolsonaro tem sua formação no serviço militar, tendo sido reformado no Exército após sua eleição, em 1988, para a Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro; não sem antes ser absolvido de processo no STM, Superior tribunal Militar, por acusação de ser um dos mentores – juntamente com o Capitão Fábio Passos da Silva – de uma operação que visava explodir bombas em várias unidades militares como a Academia Militar das Agulhas Negras e em quartéis, operação “beco sem saída”. (http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/jair-messias-bolsonaro)

Apesar de ser inocentado no processo do STM – pois o tribunal acatou a alegação dos acusados de que o processo sofria vícios, tendo a defesa alegado que as provas documentais eram insuficientes com a argumentação de que o laudo pericial havia sido feito pela Polícia do Exército não permitiria comparações caligráficas, uma vez que o documento havia sido redigido em letra de imprensa -, cabe ressaltar que, posteriormente, esse laudo viria a ser desmentido pela Polícia Federal, que confirmou tratar-se da caligrafia de Bolsonaro. https://exame.com/brasil/o-julgamento-que-tirou-bolsonaro-do-anonimato/)

Considerando, portanto, sua formação militar, forjada no Exército brasileiro, não é impossível conjecturar que, em sendo o Exército uma instituição que prepara seu corpo de “soldados” para a guerra, e assim prepara-os para matar o inimigo, podemos fazer uma inferência de que o Presidente Bolsonaro usa as táticas de guerra para infligir a morte, infelizmente, não para atacar o inimigo  Sars-Cov-2.

Em sua sanha obstinada em desacreditar a ciência, em usar frases insensíveis e desprovidas de empatia e responsabilidade, há de se considerar a possibilidade de termos, na presidência, alguém que coloca as estratégias militares de eliminar, matar o inimigo, em prol de um projeto genocida.

Em tempos de pandemia, não por coincidência, as frases de absurdas  geralmente ocorrem quando algum de seus filhos estão sob forte investigação na mídia ou em órgãos judiciais (parece uma estratégia deliberada para tirar a atenção do clã) ou ainda quando se busca  politizar o uso de vacinas,  aliás, sobre vacina é estranho observar o movimento de adotar  sigilo no seu cartão de vacinas ( https://noticias.r7.com/prisma/r7-planalto/cartao-de-vacinacao-de-bolsonaro-tera-sigilo-por-ate-100-anos-11012021) ou de admitir que discutiu com seus irmãos e “votou sim” para que sua mãe fosse vacinada. 

Não é possível fazermos vista grossa a esse conjunto de ações, sejam deliberadas ou desprovidas de dolo, é imprescindível que a sociedade organizada, que as instituições da República, no Judiciário, no Legislativo, nos executivos e legislativos estaduais e municipais tomem para si o protagonismo de barrar o descalabro que vivemos.

É necessário reforçar as medidas duras de distanciamento, isolamento social e, paralelamente, atuar no sentido de que sejam adquiridas urgentemente vacinas para imunizar toda a população brasileira. Lamentavelmente, como há uma conjunção perniciosa e deletéria, a partir do poder central, é premente que outras estruturas do estado democrático de direito atuem em prol, não só do povo brasileiro, mas de toda uma coletividade mundial, pois, se mantivermos altos índices de contágio, estaremos correndo o risco de motivar mutações de novas cepas (https://www.bbc.com/portuguese/brasil-56255766) , as quais podem, inclusive,  inutilizar esforços de vacinação ao redor do mundo, tornar vacinas ineficazes frente as mutações que poderão surgir.

Redação

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